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Produção industrial cai pelo quinto mês consecutivo

Dados do IBGE mostram queda de 0,6% na produção industrial brasileira em outubro, quinto resultado negativo seguido na pesquisa mensal

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Produção industrial acumula 3,7% de queda em cinco meses de retração | Foto: Getty Images

A produção industrial apresentou queda de 0,6% na passagem de setembro para outubro, quinto resultado negativo consecutivo, acumulando, nesse período, perda de 3,7%.

Os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo IBGE, apontam alta acumulada de 5,7% no ano e também de 5,7% em 12 meses. O recuo de outubro alcançou três das quatro das grandes categorias econômicas e 19 dos 26 ramos pesquisados.

“Chama atenção a sequência de resultados negativos, cinco meses de quedas consecutivas na produção, período em que acumula retração de 3,7%. A cada mês que a produção industrial vai recuando, se afasta mais do período pré-pandemia. Nesse momento, está 4,1% abaixo do patamar de fevereiro de 2020”, analisa André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

De acordo com Macedo, o resultado de outubro mantém uma característica que vem sendo observada ao longo do ano: predominância de taxas negativas e diretamente afetada pelos efeitos da pandemia da Covid-19.

“Para além da perda na margem, há um espalhamento dos resultados negativos: são três das quatro categorias econômicas e 19 das 26 atividades no campo negativo. O ano de 2021 está bem marcado por esse comportamento de menor intensidade” observa Macedo.

Pesquisa mostra efeitos da pandemia na produção industrial

Ele destaca que os efeitos da pandemia sobre o processo produtivo ficam muito evidentes em função da desarticulação da cadeia produtiva, o que leva ao encarecimento dos custos de produção e ao desabastecimento de matérias primas e insumos produtivos para a fabricação de bens finais.

Pelo lado da demanda doméstica, vários fatores explicam o resultado negativo: inflação elevada, que diminui a renda disponível das famílias, e um mercado de trabalho que está longe de mostrar uma recuperação consistente, uma vez que ainda existe um grande contingente de trabalhadores fora dele, com uma massa de rendimentos que não avança e marcado pela precarização do emprego.

Esses fatores também ajudam a explicar porque a produção vem mantendo um comportamento de menor intensidade. Tirando o mês de janeiro, que teve um avanço de 0,2%, e maio, com alta de 1,2%, os outros oito meses tiveram taxas negativas, segundo a pesquisa.

Indústria extrativa e de alimentos são destaques negativos

As influências negativas mais importantes da produção industrial de outubro foram de indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%).

As indústrias extrativas voltaram a recuar após avançar 2,2% no mês anterior, quando interrompeu três resultados negativos consecutivos e que acumularam perda de 2,5%. Já produtos alimentícios intensificaram a redução de 3,2% em setembro.

O setor extrativo vinha crescendo, mas foi afetado negativamente pelas quedas do minério de ferro e do petróleo, que representam aproximadamente 90% do setor.

A indpustria de alimentos foi influenciada especialmente pelo comportamento negativo do açúcar, em função de uma antecipação da safra da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do país, devido a condições climáticas adversas. Além disso, o grupamento de carnes, sobretudo bovinas, ainda sofre com as restrições das exportações para China, após os casos suspeitos do mal da vaca louca. A inflação em patamares mais elevados também afeta a produção no setor, segundo o IBGE.

Outras contribuições negativas vieram de máquinas e equipamentos (-4,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,6%), de produtos têxteis (-7,7%), de metalurgia (-1,9%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-21,6%), de produtos de madeira (-6,6%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,1%), de produtos de metal (-1,9%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-0,8%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-2,4%).

Em comparação com outubro de 2020, produção caiu 7,8%

Frente ao mesmo mês de 2020, a indústria recuou 7,8%, com resultados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, 19 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 60,7% dos 805 produtos pesquisados.

Foi o terceiro resultado negativo neste indicador e o mais intenso da sequência. Explicam esse comportamento o arrefecimento da produção da indústria ao longo de 2021, o efeito-calendário negativo, uma vez que outubro desse ano teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior e uma base de comparação mais elevada.

No indicador acumulado do ano, observa-se crescimento de 5,7%, mas houve perda de intensidade nos últimos meses, por causa da redução observada no ritmo de produção.

Entre as atividades, as principais influências positivas vieram de produtos alimentícios (-17,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-14,5%).

Entre as contribuições negativas estão equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-23,4%), indústrias extrativas (-4,7%), produtos de metal (-12,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-16,7%), bebidas (-9,2%), couro, artigos para viagem e calçados (-19,0%), produtos de borracha e de material plástico (-9,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-16,0%), produtos têxteis (-18,7%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,6%), móveis (-23,2%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-22,8%) e de produtos de minerais não-metálicos (-4,7%).

Frente a outubro de 2020, entre as sete atividades em alta, outros produtos químicos (4,2%) e máquinas e equipamentos (4,1%) exerceram as maiores influências sobre a indústria. Outros impactos positivos importantes foram os de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,4%) e de metalurgia (2,9%).

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