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Projeção do Focus para o PIB de 2022 sobe de 0,56% para 0,65%

Com atraso de três semananas, por causa da greve dos funcionários do Banco Central, relatório de mercado aponta inflação de 7,65% este ano

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

O Focus foi atualizado nesta terça após mais de três semanas devido à greve dos servidores do Banco Central | Foto: Agência Brasil

O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta terça-feira, 26, trouxe aumento da previsão mediana para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, que passou de 0,56% para 0,65% na última semana. Há um mês, a estimativa era de 0,50%. Considerando apenas as 61 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 passou de 0,69% para 0,70%.

O Focus foi atualizado após mais de três semanas sem divulgação devido à greve dos servidores do Banco Central, que foi suspensa até o dia 2 de maio. No documento com a data de referência de 1º de abril, a mediana para o PIB deste ano estava em 0,52%, passando a 0,53% no relatório de 8 de abril e a 0,56% no do dia 14.

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Para 2023, a mediana cedeu de 1,12% para 1,00% na última semana, de 1,30% há quatro semanas. A projeção para o PIB de 2023 vem diminuindo nas últimas pesquisas: era de 1,30% em 1º de abril, 1,25% em 8 de abril e 1,12% em 14 de abril.

O Relatório Focus ainda trouxe as medianas para o PIB de 2024 e 2025, que continuaram em 2,00%. As estimativas são mantidas há 19 semanas e 24 semanas, respectivamente.

Na pesquisa Focus, relação da dívida com o PIB se manteve em 60,50%

O Relatório de Mercado Focus mostrou também hoje que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022 se manteve em 60,50% na última semana, ante 60,30% de um mês atrás.

O documento trouxe ainda alteração na relação entre o déficit primário e o PIB deste ano, de 0,50% para 0,45%. Há um mês, o percentual estava em 0,50%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 variou de 7,55% para 7,50%, ante 7,50% de quatro semanas antes.

Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB passou de 63,78% para 64,10%, de 63,50% há um mês. A mediana para o déficit primário continuou em 0,50% do PIB e para o rombo nominal passou de 7,50% para 7,30%. Os porcentuais eram de 0,50% e 7,20%, respectivamente, há quatro semanas.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

O superávit comercial na pesquisa Focus está estimado em US$ 69,75 bilhões

Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 em US$ 69,75 bilhões na última semana, de US$ 65,00 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus. Para 2023, passou de US$ 58,00 bilhões para R$ 60,00 bilhões, ante US$ 51,00 bilhões de quatro semanas antes.

No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, variou de US$ 13,20 bilhões para US$ 12,00 bilhões. Estava em US$ 20,60 bilhões um mês atrás. Em 2023, a expectativa para o rombo em conta corrente passou de US$ 29,60 bilhões para US$ 29,20 bilhões. Há um mês, era de US$ 33,70 bilhões.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 continuou em US$ 59,00 bilhões na semana passada, ante US$ 59,00 bilhões de um mês atrás. Para 2023, passou de US$ 69,00 bilhões para US$ 67,30 bilhões, frente a US$ 69,00 bilhões de quatro semanas antes.

A mediana do IPCA, nesta pesquisa Focus, chegou a 7,65%   

A mediana para o IPCA, o índice de inflação oficial, de 2022 saltou de 7,46% para 7,65% na última semana, conforme o Relatório de Mercado Focus, já muito longe do teto da meta deste ano (5,0%), indicando novo descumprimento do mandato principal do Banco Central (BC). Há um mês, a mediana para o IPCA era de 6,86%.

Para 2023, foco principal da política monetária, a alta na última semana foi de 3,91% para 4,00%, se afastando cada vez mais do objetivo do BC para o ano que vem, de 3,25%, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. Há quatro semanas, a projeção era de 3,80%.

Considerando as 96 alterações nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 também subiu, de 7,51% para 7,72%. Para 2023, as 94 alterações feitas nos últimos cinco dias úteis reduziram a estimativa mediana de 4,05 para 4,00%.

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023. Diante da volatilidade no mercado de petróleo causado pela guerra na Ucrânia, o colegiado ainda criou um cenário alternativo, com maior probabilidade, em que as previsões estariam em 6,3% e 3,1%, respectivamente. O colegiado elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 11,75% ao ano.

Para Selic, o Boletim estima que a taxa de juros chegue a 13,25%

A projeção para a Selic – a taxa básica de juros – no fim deste ano continuou subindo na pesquisa. Na última semana, a mediana passou de 13,05% para 13,25% ao ano, ante 13,00% há um mês. Considerando apenas as 79 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano continuou em 13,25%.

No Copom de março, o colegiado indicou a intenção de novamente elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, de 11,75% para 12,75% ao ano%, e, em comunicações posteriores, o colegiado sinalizou tendência de encerrar o ciclo no mês que vem.

Depois da surpresa com o IPCA de março (1,62%), contudo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, apontou que o comitê iria analisar se houve mudança de tendência e que poderia reavaliar as estratégias.

No Boletim Focus, os economistas do mercado financeiro mantiveram a mediana para a Selic no fim de 2023. Na última semana, a estimativa seguiu em 9,00%, de 9,00% um mês antes. A previsão para o fim de 2024 continuou em 7,50%, ante 7,50% de um mês atrás.

No relatório do dia 1º de abril, a projeção para 2023 já era de 9,00%, se mantendo inalterada nos últimos relatórios. Para 2024, da mesma forma, a estimativa se manteve em 7,50% durante todo o período. A previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, mesmo porcentual das últimas semanas e também de um mês atrás.

O dólar pode ficar em R$ 5, segundo a Focus

Ja a projeção para o dólar trouxe alteração no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023. A estimativa para o câmbio este ano passou de R$ 5,10 para R$ 5,00 na última semana, ante R$ 5,25 um mês antes. Para 2023, passou de R$ 5,15 para R$ 5,00, ante R$ 5,20 há quatro semanas.

Nas semanas anteriores, a mediana para o câmbio no fim de 2022 era de R$ 5,20 (1º de abril), R$ 5,16 (8/4) e R$ 5,10 (15/4). Já a trajetória de estimativas para o fim de 2023 foi de R$ 5,20 (1º de abril), R$ 5,20 (8/4) e R$ 5,15 (15/4).

A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro. (AE)

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