Especialista recomenda fundos multimercados para esperar passar o ‘vendaval’
Especialistas debatem no Safra Invest Day as melhores alternativas para investir após quebra de bancos nos Estados Unidos
15/03/2023Os rumos da condução da política monetária nos Estados Unidos ficaram incertos após a quebra dos bancos americanos nos últimos dias. Segundo Ricardo Negreiros, Head da Safra Asset, a preocupação com a inflação alta deu lugar ao temor de uma crise no setor financeiro. Ele falou sobre o cenário para investimentos durante o painel “Desafios de 2023, na visão da Safra Asset”, no Safra Invest Day. O evento reúne mais de 700 assessores de investimento de todo o País no Pavilhão Pacaembu, em São Paulo.
Sobre os investimentos mais indicados para o momento, Negreiros afirmou que as melhores opções são os fundos multimercados e ativos em renda fixa. “Com juros a 13,75% ao ano, o aumento da migração para a renda fixa é natural, e a Safra Asset também está lançando produtos voltados para esta modalidade, mas a classe de multimercados também é muito boa”, disse.
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Segundo Bruno Bonini, Head de Distribuição e Produtos da Safra Asset, os fundos multimercados foram ofuscados no ano possado pela renda fixa, sendo que foi o melhor ano para este tipo de fundo.
Já sobre os investimentos na Bolsa brasileira, Negreiros é mais cauteloso. Segundo ele, apesar de a Bolsa estar barata, o ideal é esperar o vendaval passar nos Estados Unidos.
“A Bolsa está em níveis atraentes, mas é o momento de comprar? Ainda não. Espera um pouco. É importante ter mais clareza sobre o mercado. O ideal nestes momentos são os fundos multimercados. O Ibovespa está em um valor atraente, mas na hora errada de entrar.”
Crise nos Estados Unidos causa dúvidas sobre rumos dos juros
“O modelo mental do mercado mudou desde a crise financeira em 2008, e depois com a covid-19. Ocorreu transferência muito grande de recursos do privado para o público, aumentando a inflação”, disse Negreiros.
Segundo Negreiros, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) percebeu rápido que inflação alta era persistente e que o remédio seria amago. “O remédio era o aumento dos juros, mas isso tudo se quebra quando se coloca a variável da estabilidade financeira. Diante da crise dos bancos, a inflação vira um problema secundário. Primeiro é preciso não deixar o sistema entrar em colapso”, comentou. No Brasil, ele considera difícil saber se o Banco Central irá afrouxar ou não as taxas de juros.
“Os juros no Brasil são altos porque o risco Brasil é alto. Mas, há espaço para corte dos juros, pois é difícil haver crescimento econômico com os juros atuais, mas no fim do dia, a prova dos 9 é a inflação, que ainda continua alta”, afirmou.
Segundo ele, caso o Fed decida afrouxar os juros americanos, isso irá facilitar o trabalho do Banco Central brasileiro. “O PIB deve crescer 1%, e se o Fed parar de subir a taxa de juros, haverá algum espaço para a queda dos juros no Brasil, mas não tanto.”