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Coelho do filme ‘Save Ralph’ foi parar na CPI

Campanha de uma ONG para defender os direitos dos animais provocou uma grande confusão em Brasília e virou caso de polícia

Coelho dublado pelo ator Rodrigo Santoro defende os direitos dos animais | Foto: Reprodução

Uma ação de marketing idealizada para promover a defesa dos direitos dos animais acabou se transformando em debate no Congresso. O caso foi parar na Polícia Legislativa e causou temores de atentado com arma química no Congresso.

A campanha é de uma organização não governamental internacional, a Humane Society International (HSI), que tem como garoto-propaganda o ator brasileiro Rodrigo Santoro e luta contra testes da indústria de cosméticos em animais.

Senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia relataram ter recebido o material. “Não sei se meu gabinete foi o primeiro a receber, mas me parece que outros senadores também receberam o mesmo pacote”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO), líder do Democratas no Senado.

Caixa com boneco do coelho

Tudo começou quando alguns gabinetes de senadores receberam uma caixa com um boneco de coelho que, segundo relatos, “soltava um pó”. O material provocou coceira e alergia em pelo menos uma funcionária e logo a notícia se espalhou.

A correspondência, segundo a mensagem que se espalhou imediatamente, “contém duas bombas de espuma ‘bath bomb’ que são usadas em banheiras”.

A ONG se define como“uma organização internacional que trabalha mundialmente para proteger animais em laboratório, de produção, domésticos e silvestres”.

A entidade explica que o objetivo da ação era “chamar atenção para o sofrimento vivenciando diariamente pelos milhares de animais explorados pela indústria de cosméticos e envolver consumidores e políticos na missão e banir a terrível prática”.

A Secretaria de Polícia do Senado está apurando se o produto enviado aos parlamentares pode ter provocado uma reação alérgica em ao menos uma servidora da Casa.

Em nota, o Departamento de Comunicação do Senado explicou que o material ao qual o senador se referiu é semelhante a uma bomba de sais de banho (bath bombs) no formato de um coelho. Em geral, as bath bombs são produtos artesanais, utilizados como cosméticos que se dissolvem e efervescem quando em contato com a água.

Assessora teve reação alérgica

“Parece-me ser, realmente, uma campanha legítima, mas minha assessora teve contato com o material e desenvolveu uma reação alérgica”, disse Marcos Rogério, aconselhando os senadores e servidores que receberem o material a não manuseá-lo até que peritos verifiquem se o produto oferece ou não algum risco à saúde.

Peritos foram chamados para avaliar a toxicidade do material, ainda que, oficialmente, nenhum servidor tenha comunicado à diretoria da Casa ter sofrido reação alérgica.

Responsável pela campanha, a Humane Society International (HSI) confirmou o envio do material. E informou que os sais de banho foram doados pela empresa britânica de cosméticos naturais Lush.

Segundo o diretor de Políticas Científicas da ONG, Helder Constantino, das 2 mil unidades que a Lush doou à sede da HSI, 150 foram destinadas ao escritório brasileiro. Dessas, apenas 18 foram redistribuídas a parlamentares e parceiros antes do senador Marcos Rogério comentar o caso de sua servidora.

ONG divulga nota para se explicar

“Ficamos surpresos com estes relatos, mas tão logo soubemos, por precaução, suspendemos a distribuição”, disse Constantino à Agência Brasil. “[No Brasil] A ideia era enviar os sais de banho para alguns parceiros da nossa campanha [#SaveRalph] contra o uso de animais em testes de cosméticos, incluindo alguns senadores, já que há, [tramitando] no Senado, um projeto de lei sobre o assunto. Era uma delicadeza. Não queríamos, de forma alguma, chamar a atenção desta forma”, acrescentou Constantino, garantindo que, segundo a fabricante do produto, ele é feito basicamente com bicarbonato de sódio e vendido em vários países.

“São ingredientes super seguros. Eu mesmo tenho um em casa. Meus próprios filhos o estão usando sem qualquer problema. De qualquer forma, temos conosco parte do material que recebemos e o colocamos à disposição do Senado”, disse o diretor da HSI. (Com Agência Brasil)

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