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Morre Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator

Ator de 94 anos teve atuações marcantes e deu voz à luta pelos direitos civis nos anos 1960

ao mestre

Ator interpretou o professor no filme ‘Ao Mestre, com Carinho’, de 1967 | Foto: Reprodução

O ator Sidney Poitier, primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator por sua atuação em Uma Vez nas Sombras (1963), morreu nesta sexta-feira, 7, aos 94 anos. O ator também é conhecido pelos filmes “Ao Mestre, com Carinho”, “Adivinhe Quem vem para Jantar” e “No Calor da Noite”, todos lançados em 1967.

A notícia foi divulgada pela imprensa britânica, citando o ministro das Relações Exteriores das Bahamas, Fred Mitchell. Não foi divulgada a causa da morte

Poitier ficou conhecido por papéis marcantes, e especialmente por dar voz aos direitos civis na década de 1960.

Apesar do reconhecimento, o início de carreira não foi fácil. Natural das Bahamas, ele nasceu prematuramente dois meses antes do previsto, em Miami, durante uma visita de seus pais, no dia 20 de fevereiro de 1927.

Vidente previu sucesso de Sidney Poitier, nascido na miséria

Nasceu longe de um hospital, por causa do preconceito contra os negros. Sua mãe correu para pedir socorro, quando o pai jpa procurava uma caixa de sapatos para enterrar o filho. Sem esperanças médicas, a mãe visitou uma vidente para saber o que aconteceria ao bebê. Ela previu: “Ele crescerá e viajará por quase todos os cantos do mundo. Caminhará ao lado de reis. Será rico e famoso”.

A vidente acertou, mas o sucesso demorou para chegar. Aos 16 anos, se mudou para a cidade de Nova York, onde trabalhou como lavador de pratos.

Em novembro de 1943, Poitier mentiu sobre sua idade e se alistou no Exército para lutar na Segunda Guerra Mundial. Após de deixar o Exército um ano depois, conseguiu uma vaga no American Negro Theatre – lá ele conhece o futuro ator Harry Belafonte, de quem tornou-se amigo.

Um de seus primeiros desafios foi se desvencilhar de seu sotaque, marcado pela presença nas Bahamas. Depois conseguiu os primeiros papéis na Broadway. Logo chegou ao cinema, estreando com O Ódio é Cego (1950), sob a direção de Joseph L. Mankiewicz, mas chamou atenção pela primeira vez em Sementes de Violência (1955), dirigido por Richard Brooks, em que viveu um dos jovens rebeldes.

Três anos depois, Poitier ofereceu outra grande atuação em Acorrentados (1958), em que dividiu o protagonismo com Tony Curtis como prisioneiros fugitivos acorrentados, em longa dirigido por Stanley Kramer. Foi uma oportunidade para Poitier mostrar seu talento no papel de um homem bruto.

Primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator

Recebeu uma indicação ao Oscar, tornando-se o primeiro ator negro a entrar na disputa do famoso prêmio. A estatueta foi conquistada de fato com Uma Voz nas Sombras, em 1963, quando Poitier surpreendeu o público com a atuação de um homem que faz de tudo um pouco e que, ao encontrar um grupo de freiras, é tido por elas como um enviado por Deus para construir uma nova capela.

Com uma reputação estabelecida, Sidney Poitier passou a usar sua fama na luta pelos direitos civis dos negros, tendo Belafonte como companheiro de luta. No início dos anos 1960, Belafonte o convenceu a fazer uma doação aos voluntários do Freedom Summer, entidade que atuava no sul dos Estados Unidos. Segundo relatou o jornal The New York Times, os dois atores foram perseguidos por integrantes da seita racista Ku Klux Klan, que atiraram contra eles.

Sem desistir, a dupla ajudou a organizar a famosa marcha em Washington, em 1964, quando Martin Luther King Jr. fez o discurso que eternizou a frase: “Eu tenho um sonho”.

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