Trabalho híbrido pode afetar o sono e causar cansaço e sonolência
Especialistas advertem sobre riscos da falta de rotina no período de transição do trabalho remoto para o modelo híbrido; confira as recomendações
25/10/2021A tendência de adoção do modelo híbrido de trabalho, que alterna atividades presenciais com home office, pode ser prejudicial ao sono nos trabalhadores, que pode ter como consequências cansaço, sonolência e prejuízos à memória, alerta o Instituto do Sono. A mudança também pode afetar o aprendizado e causar déficit de atenção, alterações do humor, queda da produtividade e da qualidade de vida.
“Essa alternância pode ser um problema porque para ter qualidade de sono a pessoa precisa seguir uma rotina, com horários determinados para lazer, trabalho, alimentação e descanso”, esclarece o biomédico Gabriel Natan Pires, pesquisador do Instituto do Sono.
A falta de rotina sobre o sono em trabalhadores de turnos rotativos ou plantões já foi tema de vários estudos. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que o problema tem reflexo negativo até sobre o sistema imunológico. Gabriel Natan Pires afirma que a regularidade é essencial para o sono.
“É como se o nosso cérebro precisasse de pistas para entender quando chega hora de dormir e a hora de acordar”, argumenta.
Caso não consiga conciliar o trabalho híbrido com o sono, o profissional poderá apresentar cansaço, sonolência, prejuízos à memória e aprendizado, déficit de atenção, alterações do humor, queda da produtividade e da qualidade de vida.
A falta de rotina sobre o sono em trabalhadores de turnos rotativos ou plantões já foi tema de vários estudos. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que o problema tem reflexo negativo até sobre o sistema imunológico. Gabriel Natan Pires afirma que a regularidade é essencial para o sono.
“É como se o nosso cérebro precisasse de pistas para entender quando chega hora de dormir e a hora de acordar”, argumenta.
Mas, a pandemia virou a rotina profissional de cabeça para baixo. As pessoas passaram a trabalhar de forma remota, dividindo a casa com os estudos dos filhos e os afazeres da família.
A jornada de oito horas foi subdividida ao longo do dia, para que pudessem dar conta de outras tarefas. “Por outro lado, as empresas flexibilizaram tanto o trabalho que não tiveram mais receio de mandar um e-mail à meia-noite, esperando resposta”, comenta o biomédico.
Não por acaso uma pesquisa do Instituto do Sono revelou que 55,1% apresentaram piora do padrão de sono durante a crise sanitária. Além do aumento das preocupações, a mudança de rotina foi um dos motivos mencionados pelos mais de 1.600 participantes do levantamento, que citaram ainda o medo de adoecer, a insegurança financeira e a distância da família e amigos.
Agora o trabalho híbrido traz um desafio adicional, que consiste na mudança de horário entre os dias de atividades presenciais com os de home office. Mesmo porque, para chegar à empresa o trabalhador precisa de tempo para fazer a higiene pessoal, colocar a vestimenta, tomar o café da manhã, preparar a marmita e se deslocar até o escritório.
Para enfrentar essa realidade, o pesquisador do Instituto do Sono aconselha o profissional a manter uma rotina. Nos dias de home office, pode até dormir um pouco mais porque não precisará enfrentar o trânsito para chegar ao trabalho. Mas é importante que inicie e encerre o expediente nos mesmos horários.
“Esse esquema dará certo se a corporação zelar pela saúde mental do colaborador e o profissional não abrir mão do seu sono para aumentar a produtividade. Mesmo porque é uma utopia trabalhar até as 23 horas e achar que às 23h05 estará dormindo”, comenta.
Regras para garantir uma boa noite de sono
O biomédico Gabriel Natan Pires dá algumas orientações que podem ajudar a assegurar uma boa noite de sono para quem trabalha no modelo híbrido. Confira:
- Mantenha uma rotina – estabeleça horários para o sono, alimentação, exercícios físicos, lazer, trabalho e atividades com a família.
- Arranje um lugar específico para trabalhar – procure um local da casa para desempenhar suas funções profissionais. Se possível, evite escolher o quarto. É importante que o cérebro associe o quarto como um ambiente ao descanso e tranquilidade, não a uma atividade estressante.
- Não leve o notebook ou celular para cama – O excesso de interatividade e a luz das telas desses aparelhos atrapalham o sono.
- Desacelere antes de dormir – pelo menos uma hora antes de se deitar faça uma atividade relaxante: tome banho, leia, ouça música, faça meditação ou qualquer outra atividade que ajude a desacelerar.
- Evite alimentos pesados e bebidas com cafeína – faça refeições leves até duas horas antes de deitar. Não tome café, energéticos e chá preto e outras infusões que contêm cafeína à noite.
- Exponha seu corpo à luz pela manhã – abra as janelas, caminhe pelo jardim ou pelo quintal. Assim você mostra ao seu cérebro que é dia e, portanto, hora de trabalhar.
- Conheça seu cronotipo – o ciclo circadiano, que compreende vigília e sono, dura cerca de 24 horas. Cada pessoa tem seus horários de preferência para dormir e acordar. O cronotipo é o nosso perfil de preferência circadiana. Faça o teste que definirá o seu cronotipo.
Sobre o Instituto
O Instituto do Sono é um centro de referência mundial em pesquisa, diagnóstico e tratamento em distúrbios de sono. Fundado em 1992 pelo Professor Sergio Tufik, é formado atualmente por mais de 100 colaboradores, entre eles médicos de diversas especialidades, técnicos, psicólogos, biólogos, biomédicos, dentistas, assistentes sociais, enfermeiras, fisioterapeutas, educadores físicos e pesquisadores.
Além do atendimento à população, conta com uma área de educação continuada que já capacitou mais de 4.000 médicos e outros profissionais de saúde. www.institutodosono.com
O Instituto do Sono faz parte da AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa), uma instituição privada, sem fins lucrativos e filantrópica, fundada por profissionais da área da saúde, professores universitários e pesquisadores há mais de 40 anos. Seu objetivo é fornecer suporte financeiro para atividades de docência, pesquisa científica e atendimento médico à população.