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Vale vende 13% da unidade de metais básicos para energia limpa por R$ 16 bilhões

Venda deve destravar valor da unidade que produz cobre e níquel, metais essenciais na transição energética; lucro da empresa cai 77% no 2º trimestre

Vale

Unidade produz cobre e níquel, usados na fabricação de equipamentos para energia solar e eólica | Foto: Getty Images

A Vale anunciou ontem a venda de 13% da sua unidade de metais básicos – Vale Base Metals Limited (VBM) – por US$ 3,4 bilhões (por volta de R$ 16,1 bilhões). Pelos acordos fechados, a Manara Minerais, uma joint venture entre a Ma’aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (FIP), ficará com 10% da nova companhia e a empresa de investimento Engine No. 1 deterá uma participação de 3%.

No comunicado, a Vale informou que a parceria estratégica irá acelerar o programa de investimento da VBM, que deverá atingir entre US$ 25 bilhões (R$ 118,5 bilhões) e US$ 30 bilhões (R$ 142,3 bilhões) na próxima década. O negócio representa um importante passo da mineradora brasileira para destravar valor da unidade, que produz cobre e níquel, metais cobiçados atualmente por serem essenciais na transição energética, como equipamentos para energia solar e eólica.

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No ano passado, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, declarou que a nova companhia pode se igualar à Vale em tamanho. O executivo aventou ainda a possibilidade de a unidade de metais básicos abrir seu capital. “Consideramos esses investimentos estratégicos como um marco importante na jornada para acelerar o crescimento da nossa plataforma de negócios de Metais para Transição Energética, criando expressivo valor a longo prazo para todos os nossos stakeholders”, disse Eduardo Bartolomeo no comunicado.

“Com nosso portfólio de alta qualidade, estamos posicionados de maneira única para atender à crescente demanda por minerais críticos e para beneficiar a transição energética global, ao passo que continuamos comprometidos com práticas socioambientais robustas e com a mineração sustentável.”

Vale tem queda de 77,4% no lucro no segundo trimestre

A Vale amargou um tombo de 77,4% no balanço financeiro do segundo trimestre, influenciado pela queda nos preços do minério de ferro e níquel e pela valorização do real no período. Com isso, a empresa fechou com um lucro de R$ 4,573 bilhões, contra R$ 20,221 bilhões apurados no mesmo período passado.

O fraco resultado da mineradora entre maio e junho surpreendeu os analistas financeiros, que não esperavam um lucro nesse patamar. No comunicado, a Vale explica que o resultado foi influenciado também pela menor marcação a mercado das debêntures participativas e pelo impacto da baixa de R$ 5,5 milhões de tributos diferidos de ativos relacionados às provisões da Fundação Renova, após o plano de recuperação judicial.

O conselho de administração da Vale aprovou a distribuição de R$ 8,27 bilhões em juros sobre o capital próprio (JCP). O montante corresponde a cerca de R$ 1,92 por ação. O pagamento ocorrerá em 1º de setembro deste ano.

Já a dívida líquida da companhia ficou em US$ 8,908 bilhões (R$ 42 bilhões) no segundo trimestre, valor 65,7% acima do apurado no mesmo período do ano anterior, mostra o relatório de resultados da companhia, divulgado nesta quinta-feira, 27.

No documento, a Vale informa que a dívida líquida expandida atingiu US$ 14,7 bilhões (R$ 69,4 bilhões), um valor US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão) superior ao primeiro trimestre de 2023. O movimento também é explicado pelo desembolso de US$ 1,4 bilhão (R$ 6,6 bilhões) para o programa de recompra de ações. A dívida bruta e os arrendamentos totalizaram US$ 13,9 bilhões (R$ 65,6 bilhões) em 31 de junho.

Desde março, quando o minério atingiu o pico de US$ 130 por tonelada, a cotação do insumo segue em queda livre e atualmente é negociada na cada dos US$110, com perspectiva de recuo nos próximos meses. O Banco Goldman Sachs estima que a commodity pode cair a US$ 90 já no segundo trimestre, devido à contração do setor imobiliário na China e dos ventos contrários à indústria globalmente. (AE)

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