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7 propostas para recompensar a força da natureza na economia

Força-tarefa sobre Mercados de Natureza presentou documento com sugestões durante a Cúpula da Amazônia; confira as propostas

Amazônia e economia

Há espaço para os mercados transformarem a maneira como recompensamos a contribuição da natureza para a economia, afirma Joaquim Levy | Foto: Getty Images

Lideranças empresariais, financeiras, políticas e indígenas apresentaram um documento na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), com sete sugestões para o Brasil. Entre elas está a proposta de dar valor à natureza e redesenhar os mercados globais para garantir impacto positivo no clima e na biodiversidade.

A preocupação apresentada no documento é a de que o Brasil procure incluir a perspectiva da economia da natureza ao presidir o grupo dos vinte países mais ricos do mundo, o G 20, em 2024. O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, diretor de estratégia econômica e relações com o mercado do Banco Safra, e Almir Suruí, cacique-geral do povo Paiter Suruí, integram o grupo formado por personalidades de diversos países do mundo.

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Uma parte da solução proposta é começar a precificar de forma precisa e consistente o valor da natureza na tomada de decisões econômicas em toda a economia global. Isso poderia incentivar o mercado a conservar a natureza, ajudar a mobilizar bilhões de dólares para protegê-la e restaurá-la, além de recompensar de maneira justa quem está na linha de frente, incluindo povos indígenas e outras comunidades locais.

“Há espaço para os mercados transformarem a maneira como recompensamos a contribuição da natureza para a economia e os guardiões da natureza, incluindo maneiras de limpar as cadeias de valor da natureza, envolvendo consumidores e garantindo maior divulgação de produtores, traders e investidores”, afirma Joaquim Levy.

“100% da economia global depende 100% da natureza”, afirma Simon Zadek, co-líder do secretariado da Força Tarefa sobre Mercados de Natureza. Criada em 2022 pela Nature Finance, organização com sede em Genebra, a iniciativa reuniu 15 especialistas que produziram o documento “Colocando os mercados da natureza para funcionar: como moldar uma economia global da natureza no século 21”.

Biodiversidade global diminuiu 70% em meio Século

Especialista em finanças verdes, Zadek afirma que a biodiversidade está sendo destruída mais rapidamente agora do que em qualquer outro momento da história humana”. Segundo ele, a biodiversidade global diminuiu 70% desde 1970.

A Força-Tarefa sobre Mercados de Natureza foi criada em abril de 2022 com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de uma nova geração de mercados de natureza significativos, que produzam resultados positivos e equitativos para a natureza e, ao fazê-lo, contribuam para atingir as metas climáticas.

O esforço se concentrou nos aspectos de governança dos mercados de natureza como a peça central de sua análise e recomendações, que incluem o desenvolvimento de uma estrutura comum para avaliar e progredir na governança de mercados de natureza específicos, além de uma consideração aprofundada de instrumentos de governança específicos, incluindo inovações legais, como os Direitos da Natureza, e a aplicação da tecnologia digital para melhorar rastreabilidade e responsabilização.

As descobertas e as recomendações da Força-Tarefa destacam a relevância para a natureza tanto da mudança geopolítica quanto da crescente percepção de que estamos à beira de um aumento da temperatura global bem acima da meta, relativamente segura, de 1,5 grau centígrado.

Com o mundo à beira da emergência climática e de perda drástica de biodiversidade, a humanidade está finalmente acordando para as consequências desastrosas do uso não sustentável da natureza como motor da prosperidade econômica (ainda que desigual e temporária).

Esse caminho pode e deve ser revertido a partir de diferentes formas das sociedades conservarem a natureza, incluindo cultura e normas, políticas e regulamentos, incentivos e tecnologias.

Sete recomendações para fazer os mercados de natureza funcionarem

  • 1. Alinhar a arquitetura econômica e financeira a uma economia global da natureza que seja equitativa. Ação para alinhar a arquitetura econômica e financeira internacional com o imperativo de promover uma economia global da natureza que seja equitativa.
  • 2. Alinhamento de políticas de bancos centrais e instituições reguladoras. Ação para ampliar os mandatos dos bancos centrais e instituições reguladoras para exigir que eles assegurem um alinhamento entre as ações dos atores financeiros, mercados e sistemas com os compromissos do governo e da política internacional para as agendas de natureza e clima.
  • 3. Alinhar as finanças públicas com as necessidades de uma economia global e equitativa da natureza. Ação para alinhar a gestão financeira do setor público aos compromissos ambientais internacionais fixados pelo Marco Global de Kunming-Montreal para a Biodiversidade.
  • 4. Responsabilizar legalmente os mercados de commodities alimentares em relação às pessoas e o planeta. Promover o comércio global de alimentos – maior e mais impactante mercado de natureza do mundo – cobrando ações para maior responsabilidade dos mercados de commodities agrícolas frente as pessoas e o planeta.
  • 5. Garantir melhores benefícios econômicos para os guardiões da natureza. Ação para formar um ou mais “clubes de vendedores” de natureza, compreendendo tanto nações soberanas ricas em natureza quanto grupos indígenas e comunidades locais, promovendo mercados de natureza de alta integridade com preços acordados ou se necessário, impostos.
  • 6. Endereçar os impactos perversos dos crimes contra a natureza. Ação para reduzir a frequência e o impacto dos crimes contra a natureza, estabelecendo uma exigência para que investidores e financiadores demonstrem que as cadeias de valor de seus financiamentos são livres de crimes contra a natureza.
  • 7. Medidas convergentes sobre o estado da natureza. Ação para estabelecer uma abordagem comum para medir e tornar publicamente disponível o estado da natureza em qualquer lugar do planeta.

Íntegra do documento: “Colocando os mercados da natureza para funcionar: como moldar uma economia global da natureza no século 21”.

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