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Produção industrial cai 0,7% em agosto e tem terceira queda mensal seguida

Pressionada por áreas que envolvem químicos, indústria acumula perda de 2,3% entre junho e agosto. No ano, porém, alta é de 9,2%

Trabalhador com laptop nas mãos, capacete e colete, alusivo à produção industrial

Indústria fica 2,9% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado, no cenário pré-pandemia, e 19,1% abaixo do nível recorde, de maio de 2011 | Foto: Getty Images

A produção industrial registrou queda de 0,7% entre julho e agosto e chegou ao terceiro mês seguido de retração. Nesse período de três meses, a perda acumulada é de 2,3%.

Com o resultado de agosto, a indústria fica 2,9% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado, no cenário pré-pandemia, e 19,1% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011. Por outro lado, o setor acumula ganho de 9,2% no ano e de 7,2% nos últimos 12 meses.

Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta terça-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em comparação a agosto do ano passado, a produção industrial também recuou 0,7%.

O resultado interrompeu 11 meses de crescimento.

Precarização do emprego

A queda registrada em agosto foi disseminada por três das quatro grandes categorias econômicas e pela maioria (15) dos 26 ramos investigados pela PIM.

Em nota, o gerente da pesquisa, André Macedo, ressalta que os resultados seguem refletindo os efeitos da pandemia de covid-19.

“Há um desarranjo da cadeia produtiva, que faz com que haja encarecimento dos custos de produção e desabastecimento de matérias-primas para produção do bem final. Isso vem trazendo, pelo lado da oferta, maior dificuldade para o avanço do setor”.

O pesquisador complementa que outros aspectos ligados à demanda doméstica são somados a essas dificuldades enfrentadas pela indústria.

“Há um contingente importante de trabalhadores fora do mercado de trabalho e os postos que são gerados têm salários menores, ou seja, há uma precarização das condições de emprego. Também há retração da massa de rendimento e uma renda disponível menor para as famílias, por conta da inflação mais alta. Esses fatores afetam as condições de compra por parte das famílias”, afirma André.

Setores que impactaram a produção industrial

A queda de agosto foi puxada, principalmente, por:

  • Outros produtos químicos (-6,4%)

  • Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%)

  • Veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%)

  • Produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,3%)

“O setor de outros produtos químicos já vinha com queda nos dois meses anteriores, ligada a paralisações em unidades produtivas. Já no setor de derivados de petróleo, houve crescimento nos três meses anteriores, muito relacionado à flexibilização das restrições sanitárias, que permitiu que as pessoas tivessem maior mobilidade. Então a queda dessa atividade em agosto representa mais uma acomodação, algo pontual, do que uma reversão de tendência do comportamento positivo”, analisa.

Outras atividades que impactaram negativamente o índice geral foram:

  • Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,2%)

  • Bens de consumo duráveis (3,4%)

  • Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,0%)

  • Produtos de borracha e de material plástico (-1,1%)

  • Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,6%)

  • Celulose, papel e produtos de papel (-0,8%)

  • Bens de capital (0,8%)

  • Bens intermediários (0,6%)

Já entre as que tiveram crescimento na produção, destacaram-se:

  • Produtos alimentícios (2,1%)

  • Bebidas (7,6%)

  • Indústrias extrativas (1,3%)

  • Metalurgia (1,1%)

  • Produtos de madeira (3%)

  • Produtos têxteis (2,1%)

  • bens de consumo semi e não duráveis (0,7%)

Com o recuo de 3,4%, a categoria bens de consumo duráveis marcou o oitavo mês consecutivo de redução, acumulando, no período, queda de 25,5%.

Já a única grande categoria econômica a registrar aumento nessa comparação foi o setor de bens de consumo semi e não duráveis, que intensificou o crescimento de julho (0,5%).

Produção industrial frente a agosto de 2020

A produção industrial também recuou 0,7% na comparação com agosto do ano passado.

“As bases de comparação dos meses anteriores estavam muito depreciadas. Isso justificava, inclusive, taxas de crescimento de dois dígitos. Mas, à medida que os meses avançam, a base de comparação vai aumentando. E, combinada a isso, há uma produção no ano de 2021 em um ritmo menor, mostrando menor intensidade. Então chegamos a esse primeiro resultado negativo depois de onze meses de crescimento na produção”, diz o gerente da pesquisa.

Entre os principais impactos para o resultado negativo estão produtos alimentícios (-7,4%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,2%).

Outras atividades que tiveram queda foram:

  • Produtos de borracha e de material plástico (-6,6%)

  • Bebidas (-6,4%)

  • Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,1%)

  • Outros produtos químicos (-3,4%)

  • Indústrias extrativas (-1,6%)

  • Produtos do fumo (-23,3%)

  • Móveis (-12,9%)

  • Produtos de metal (-3,4%)

Já entre as atividades que tiveram resultados positivos nesse indicador, máquinas e equipamentos (23,7%) e metalurgia (20,0%) foram as que mais impactaram o índice geral.

Outros resultados positivos vieram dos seguintes ramos:

  • Veículos automotores, reboques e carrocerias (3,6%)

  • Produtos de minerais não metálicos (5,6%)

  • Confecção de artigos do vestuário e acessórios (8,5%)

  • Impressão e reprodução de gravações (39,1%)

  • Couro, artigos para viagem e calçados (8,5%)

  • Produtos de madeira (9,8%)

  • Outros equipamentos de transporte (13,7%)

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