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Entenda como funciona o antiviral contra covid que deve ser fabricado no Brasil

O molnupiravir foi testado com sucesso e já está em produção pela Merck, mas ele não substitui as vacinas. Veja por quê

Fórmula do remédio contra covid

Fórmula do molnupiravir, da Merck: Fiocruz estuda tecnologia de produção para fabricação do antiviral no Brasil | Foto: Getty Images

O molnupiravir está em fase de aprovação de uso emergencial, mas sua fabricante, a Merck, está tão certa da autorização que já trabalha na produção de 10 milhões de tratamentos com o medicamento. E negocia com muitos países a tecnologia para a fabricação local. No Brasil, a conversa é com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Um dos motivos das boas expectativas está no efeito imediato da fórmula, testada com sucesso em pacientes com sintomas leves e moderados da doença, no início do contágio. O acompanhamento em laboratório mostrou que o molnupiravir cessa a replicação viral dentro do organismo contaminado, evitando agravamento do quadro e a possibilidade de morte.

Com ação sobre a enzima que viabiliza a multiplicação do vírus no organismo, o medicamento interrompe o processo inflamatório danoso causado justamente pelo aumento da concentração viral nos órgãos humanos. Por isso, o chamado primeiro remédio contra a covid-19, é considerado altamente efetivo no combate à doença em seus primeiros dias pós-contágio pelos pesquisadores.

O molnupiravir interrompe a replicação do vírus, disse Sanjaya Senanayake, médico de doenças infecciosas e professor associado de medicina da Escola de Medicina da Universidade Nacional da Austrália ao canal de TV americano CNN “Em certo sentido, evita com que o vírus produza ‘filhotes’ prejudiciais à saúde”, disse ele.

Antiviral deve ser produzido no Brasil assim que aprovado pela Anvisa

Os resultados apresentados pela Merck, ainda não publicados em revista científica, provocaram uma corrida no mundo pela produção local da fórmula. Em metade dos doentes sintomáticos que receberam a medicação, o agravamento e morte foram impedidos.

Os dados demonstraram que 7,3% dos pacientes medicados foram hospitalizados ou morreram, em comparação com 14,1% dos pacientes tratados com placebo. Com base nos dados de sequenciamento viral disponíveis (de aproximadamente 40% dos participantes), molnupiravir se mostrou eficaz contra as variantes delta, gama e mu.

“A Fiocruz tem acompanhado diversos projetos candidatos para o tratamento da covid-19. Os projetos enviados à Fundação passam por avaliação de uma comissão técnica criada para essa finalidade, com o objetivo de avaliar os resultados preliminares e a tecnologia de produção”, informou a fundação em nota.

Antes de iniciar a produção, porém, será necessário obter registro sanitário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o registro de preço estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A Anvisa diz que não recebeu o pedido.

A solicitação da Merck foi feita à Administração de Comidas e Remédios (FDA, a Anvisa americana) no início de outubro. A empresa diz que realiza um trabalho em várias agências pelo mundo para garantir o uso do remédio nos próximos meses.

Remédio não substitui as vacinas

A ação do molnupiravir não tem efeito sobre o sistema imunológico, como as vacinas aprovadas para a prevenção da doença. Deixar de se vacinar pela possibilidade de ser medicado pode ser uma escolha fatal, pois o remédio só funciona em estágios leves da doença.

As estatísticas mundiais mostram que casos mais graves de hospitalização e morte ocorrem hoje quase sempre com indivíduos não vacinados ou com a vacinação incompleta.

O medicamento foi, por isso, desenvolvido para ser ministrado em casa, até o quinto dia da manifestação dos primeiros sintomas da doença.

O Brasil foi um dos países onde o remédio foi testado – nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Brasília, Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Bento Gonçalves (RS).

No mundo, os testes foram realizados em mais de 170 países, entre eles, a Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Egito, França, Alemanha, Guatemala, Israel, Itália, Japão, México, Filipinas, Polônia, Rússia, Sul África, Espanha, Suécia, Taiwan, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos. (Com agências)

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