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Chloé se torna primeira grife de alta costura a obter certificação ESG

A empresa obteve o selo após um trabalho que ampliou a diversidade de colaboradores e reviu toda a cadeia, desde o fornecimento de matéria prima

Gabriela Hearst, estilista uruguaia

Gabriela Hearst, a estilista uruguaia que colocou na prática os conceitos de sustentabilidade defendidos pela maison francesa | Foto: Divulgação

A grife francesa Chloé é a primeira marca de alta costura a receber o selo de B Corp no mundo. Com isso, a casa prova que atende os mais de 300 requisitos de transparência (governança), atuação social (colaboradores, sociedade e clientes) e compromisso com o meio ambiente (sustentabilidade).

A marca se coloca assim ao lado de apenas pouco mais de 200 empresas de outros setores no mundo, eleitas pelo crivo concorrido e apertado da certificação criada em 2006 pelas B-Labs.

Para alcançar o selo, a Chloé colocou à frente de suas coleções a uruguaia Gabriela Hearst, estilista conhecida no mundo fashion pelo trabalho de impacto social e alto engajamento ambiental. As tansformações tiveram início internamente na companhia francesa depois da chegada da criadora sul-americana, com um importante incremento de profissionais de gêneros e etnias diversos.

Os grupos de trabalho, formados na maioria por mulheres, substituiu todos os fornecedoes não alinhados com com as premissas de ESG – sigla em inglês para ambiental, social e governança. E passou a incluir e assumir pesquisas dentro de comunidades de países pobres para a troca criativa, além de substituir matéria prima antes impensável para alta costura, como o uso calçados descartados (recolhidos do mar) para a fabricação dos novos.

O resultado de um ano e meio de trabalho foi aprovado pela crítica e pelos clientes no desfile, realizado em setembro na Itália, que apresentou a coleção para o verão de 2022 da marca. Agora, a Chloé divulga a obtenção do certificado de B Corp, que é também um compromisso com as ações iniciadas, revisado publicamente a cada três anos.

“Temos orgulho de ser a primeira maison de luxo a se juntar a esta comunidade de líderes, conduzindo um movimento global de pessoas usando os negócios como uma força para o bem. Ao nos tornarmos certificados como B Corp, reforçamos nosso compromisso contínuo de assumir responsabilidade por nosso impacto nas pessoas e no planeta”, disse a Chloé, em comunicado.

“Em vez de um objetivo final, esta certificação marca um novo estágio em nossa transformação em um modelo voltado para o propósito, reinventando a forma como fazemos negócios.”, continua a comunicação. “Esta certificação é o resultado de mais de 18 meses de trabalho coletivo de nossas equipes em todo o mundo, mantendo-nos fiéis à nossa missão: ‘Mulheres para a Frente, por um futuro mais justo”.

Chloé deve desenvolver ainda mais a atuação em ESG

Nascida no Uruguai, a estilista Gabriela Hearst, de 45 anos, lançou marca com seu nome em 2015, com sede nos Estados Unidos. Desde então, vem chamando atenção pelas ações em prol do meio ambiente e de comunidades criativas pobres ou “invisibilizadas”, como se convencionou chamar os profissionais que não têm o trabalho conhecido e com o devido crédito.

Na Chloé, que ainda vende criações em couro, ela ajudou a transformar toda a cadeia das peças. Nas criações para o verão de 2022, a estilista ultrapassou a primeira meta de metade de peças feitas exclusivamente com materiais de impacto natural reduzido ou nulo. Os vestidos da marca custam uma média de US$ 7 mil (cerca de R$39 mil) cada.

Os metais amarrados das franjas que fazem o acabamento dos vestidos das principais peças foram reaproveitados do estoque morto da grife. Em vez de algodão, Hearst usou para os forros das bolsas linho, cujo cultivo emite menos gases de efeito estufa e consome menos água na fase têxtil da produção.

Algumas das séries foram realizadas em parceria com a organização de fair trade Mifuko, que trabalha pela garantia de pagamento justo e em prol da independência financeira de artesãs no Quênia. Nos sapatos, os modelos da linha Chloé Lou têm suas solas feitas a partir do upcycling de sandálias retiradas dos oceanos.

De novidades, neste verão 2022, se destaca a atenção e valorização aos trabalhos manuais. Quase toda peça é finalizada com criação artesanal como tranças, bordado de conchas e macramê.

A Chloé se diz preocupada com a alta industrialização da moda e como isso prejudica produtores menores, principalmente aqueles que dependem de ofícios manuais. “Decidimos transformar nossas operações e mudar nossa mentalidade por meio de esforços nas práticas cotidianas.”

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