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Prévia da inflação desacelera, mas acumula maior alta em seis anos

Apesar da desaceleração, pressão de alimentos, combustíveis e alta nas contas de luz leva inflação para 10,42% no IPCA-15 de dezembro

Close de carro sendo abastecido, alusivo à prévia da inflação de dezembro que teve alta com elevação do preço dos combustíveis

Grupo Transportes, pressionado pela alta dos combustíveis, foi o que mais pesou ao longo do ano no indicador de prévia da inflação do IBGE | Foto: Getty Images

O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação no mês corrente, fechou em alta de 0,78% em dezembro. O resultado ficou 0,39 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de novembro (1,17%).

Com isso, o IPCA-15 fechou 2021 em 10,42%, maior acumulado no ano (em dezembro) desde 2015 (10,71%). Em dezembro de 2020, o IPCA-15 foi de 1,06%.

Os dados forma divulgados nesta quinta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em dezembro.

Apenas Saúde e cuidados pessoais (-0,73%) e Educação (0%) não registraram aumento no mês.

O maior impacto (0,50 p.p.) e a maior variação (2,31%) vieram mais uma vez dos Transportes, que encerraram o ano com alta acumulada de 21,35%.

Na sequência, vieram Habitação (0,90%) e Alimentação e bebidas (0,35%), que contribuíram com 0,15 p.p. e 0,07 p.p., respectivamente.

O resultado do grupo Transportes (2,31%) foi influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis (3,40%) e, em particular, da gasolina (3,28%), que contribuiu com o maior impacto individual (0,21 p.p.) no índice do mês.

Além disso, os preços do etanol (4,54%) e do óleo diesel (2,22%) também subiram, embora as variações tenham sido menores que as do mês anterior (7,08% e 8,23%, respectivamente).

Os preços dos automóveis novos (2,11%) e usados (1,28%) seguiram em alta, contribuindo com um impacto conjunto de cerca de 0,09 p.p. no IPCA-15 de dezembro.

Outro destaque foram as passagens aéreas (10,07%), que voltaram a subir após o recuo de -6,34% observado em novembro.

Impacto da energia elétrica no IPCA-15

No grupo Habitação (0,90%), a maior contribuição veio da energia elétrica (0,96%), cujo resultado ficou próximo ao do mês anterior (0,93%).

Desde setembro, está em vigor a bandeira escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

Além disso, foram aplicados reajustes tarifários em: 

  • Brasília (3,81%), com reajuste de 11,69%, em vigor desde 22 de outubro; 
  • Porto Alegre (3,15%), com reajuste de 14,70% em uma das concessionárias, a partir de 22 de novembro; 
  • Goiânia (2,63%), com reajuste de 16,37%, vigente desde 22 de outubro;
  • São Paulo (0,27%), com reajuste de 16,44% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro.

Ainda em Habitação, a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,89%) é consequência dos reajustes de 9,86% no Rio de Janeiro (8,09%), em vigor desde 8 de novembro, e de 9,05% em Salvador (4,41%), vigente desde 29 de novembro.

O gás encanado (2,58%) também subiu, decorrente dos reajustes de 6,90% no Rio de Janeiro (4,06%), aplicado a partir de 1º de novembro, e de 17,64% em São Paulo (2,28%), a partir de 10 de dezembro.

Por fim, cabe ressaltar o resultado do gás de botijão (0,51%), cujos preços subiram pelo 19º mês consecutivo, acumulando, em 2021, alta de 38,07%.

Preço dos alimentos e a prévia da inflação

A alta de 0,35% em Alimentação e bebidas se deve principalmente à alimentação no domicílio (0,46%). A maior contribuição individual veio do café moído (9,10%), que acelerou em relação a novembro (4,91%).

Além disso, os preços das frutas (4,10%) e das carnes (0,90%) subiram em dezembro, após os recuos do mês anterior (de -1,92% e -1,15%, respectivamente).

Ressalta-se, ainda, a alta da cebola (19,40%), que já havia subido 7,00% em novembro.

No lado das quedas, os destaques foram o tomate (-11,23%), o leite longa vida (-3,75%) e o arroz (-2,46%).

A alimentação fora de casa, por sua vez, variou 0,08%. Por um lado, houve alta de 1,62% no subitem refeição. Por outro, recuo de 3,47% nos preços do subitem lanche, que contribuiu com o segundo maior impacto negativo (-0,06 p.p.) no IPCA-15 de dezembro.

O único grupo com queda em dezembro foi Saúde e cuidados pessoais (-0,73%). A variação negativa ocorreu por conta dos itens de higiene pessoal (-3,34%), em particular o perfume (-9,82%), os produtos para pele (-8,70%) e os artigos de maquiagem (-4,71%).

No que concerne aos índices regionais, todas as áreas pesquisadas apresentaram alta em dezembro.

A maior variação foi registrada na região metropolitana de Salvador (1,13%), enquanto o menor resultado ocorreu na região metropolitana de Belém (0,32%).

Metodologia da prévia da inflação

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de novembro a 13 de dezembro de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de outubro a 12 de novembro de 2021 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

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