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Brasil pode se beneficiar com a nova ordem da economia global, diz BID

Banco Interamericano de Desenvolvimento identifica quase 100 atividades nas quais o País pode investir para atrair produção que foi para outras partes do mundo

Vista de trás do porto de Niterói, no Rio de Janeiro, que tem relação com as exportações do Brasil analisadas pelo BID

Conforme o BID, o Brasil poderia tem potencial para exportar para os EUA 50% do que a China vende atualmente para a maior potência econômica do globo | Foto: Getty Images

O Brasil reúne todas as condições para deixar ampliar sua capacidade como país exportador. O diagnóstico é do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, antes da Reunião Anual 2022 da instituição, que começa nesta segunda-feira, 28.

Para ele, por ser a maior economia da América Latina, o Brasil pode ser um dos principais beneficiários do que ele chama de nearshoring – produção nas proximidades, em tradução livre. O conceito ganhou força após os problemas logísticos decorrentes da pandemia e da guerra da Ucrânia, que abalaram a cadeia de produção da indústria mundial.

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A ideia é trazer de volta para a região a produção que nas últimas décadas – em busca de mão de obra e ambiente de negócios mais baratos – foi para outras partes do mundo, em especial a Ásia.

O Banco fez um trabalho para identificar oportunidades nesse sentido na América Latina e Caribe. No Brasil, são 98 possibilidades, conforme o presidente do BID, que vão de aparelhos médicos a desenvolvimento de software e turbinas eólicas. “É uma grande oportunidade”, garante Carone.

Para ele, o Brasil poderia, por exemplo, passar a exportar para os EUA 50% do que a China vende atualmente para a maior potência econômica do globo.

“Estamos falando em um incremento de US$ 10 bilhões (mais de R$ 47 bilhões) por ano do Brasil apenas para os EUA.”

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Lugar único

A maior economia da América Latina tem tudo para receber a produção local desses itens, segundo o primeiro norte-americano a liderar o BID em 61 anos.

Além do tamanho e da competitividade de custo, ele reforça que o País dispõe de ampla gama de recursos naturais. Conta ainda com a vantagem de fuso horário, distâncias mais curtas e cultura similar.

"O Brasil é um lugar único e deve estar preparado. Também podemos fazer isso na área de commodities, podendo preencher o gap que a Rússia deixou."

Ao lado das commodities minerais, a área de alimentos é outro destaque, ressalta Carone.

Ele disse estar ciente do problema pelo qual o Brasil passa com fertilizantes e garantiu que está trabalhando junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em alternativas.

"A comida do Brasil é a chave para lidar com a crise atual, mas tem a questão com os fertilizantes. O Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes e compra muito da Rússia. Estamos buscando novos instrumentos financeiros e preços competitivos com o Canadá para trazer a produção até setembro."

O norte-americano admite que esta transferência de produção vem sendo sua "obsessão" desde que assumiu o comando do banco, em outubro de 2020.

A mudança de parte da produção para lugares distantes, segundo ele, foi um erro evidenciado durante a pandemia e, agora, com a guerra na Ucrânia.

Mas Carone admite que o nearshoring não é apenas uma questão de querer. No ano passado, segundo ele, o BID destinou quase US$ 4 bilhões (mais de R$ 19 bilhões) para financiar o processo. Metade dos recursos foi aplicada em melhoria da logística e diminuição da burocracia dos países. (AE)

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