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Com guerra na Ucrânia, preço do petróleo dispara 11% em maio

Barril de petróleo tipo Brent sobe 53% no ano, pressionado pela guerra e pela desaceleração da economia mundial

Extração de petróleo

O barril do Brent segue acima de US$ 115 e deve se manter nesse patamar até março do próximo ano| Foto: Getty Images

A abertura da China depois dos lockdowns e a guerra na Ucrânia continuam pressionando os preços do petróleo.

O barril do Brent, o tipo referência mundial, segue acima de US$ 115 e deve se manter nesse patamar até o primeiro trimestre do próximo ano, pelo menos é o que o mercado acredita.

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Na última sessão de maio, a commodity caiu 1,70% e fechou em US$ 115,60. No mês, a alta foi de 11% e no ano, o Brent acumula ganhos de 53%.

Para Marcelo de Assis, da Wood Mackenzie, o preço do barril deve permanecer neste patamar entre US$ 110 e US$ 120 até março do próximo ano.

Segundo ele, o embargo da União Europeia ao petróleo russo já estava precificado pelo mercado e não deve haver uma explosão da cotação do barril no curto prazo.

“Esta situação já estava sendo discutida e o fim do lockdown na China, que deprimiu um pouco os preços, também era esperado pelo mercado”, disse Assis. “Explodir de uma hora para outra o preço do barril, somente se ocorrer uma crise entre os principais produtores e afetar a oferta.”

Segundo ele, as medidas dos bancos centrais para conter a alta da inflação deve afetar o crescimento econômico e com isso a demanda por petróleo. “Talvez isso faça cair um pouco a pressão nos preços”, disse Assis. “Mas a alta dos juros é um remédio que demora uns meses para fazer efeito.”

Alta do petróleo não garante valorização da Petrobras, abalada por questão de governança

Esta valorização do barril do petróleo, no entanto, não deve surtir efeito nos papéis da Petrobras, segundo Assis. Segundo ele, as ações da estatal são mais afetadas pelos problemas de governança do que pelo mercado externo.

O presidente Jair Bolsonaro indicou Caio Mário Paes de Andrade para assumir a presidência da empresa, mas o Conselho de Administração não deliberou a troca imediata no comando da estatal.

“A troca de presidente deve se estender por 60 a 90 dias e, além disso, temos uma eleição com as pesquisas apontando a vitória de outro candidato”, afirmou o analista. “Os investidores estão olhando isso e a sinalização de que empresa poderá ser privatizada é mais uma jogada política”, ressaltou Assis acrescentando que não há tempo hábil para a venda de participação do governo ainda neste mandato.

Para ele, nem mesmo a desestatização das grandes refinarias, como a de Pernambuco, deve sair neste governo. Isso porque, de acordo com Assis, se a Petrobras não seguir a sua política de preços, que é a paridade internacional, não será atrativo para os investidores entrarem no refino de petróleo.

“Ninguém vai comprar uma refinaria e vender o produto a preço de mercado enquanto a Petrobras vende o combustível subsidiado”, afirmou. “Subsídio ajuda no primeiro momento, mas a conta chega para todos.”

Segundo ele, a intensão do governo é segurar o reajuste dos combustíveis para após a eleição e isso pode impactar “fortemente” o caixa da Petrobras, que terá de importar o óleo a preço de mercado.

“O grande problema é a sinalização de preços, se não reajustar a Petrobras vai perder valor”, disse. “A paridade de preços não está sendo executada.”

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