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Banco Central busca inflação abaixo de 4% no fim de 2023, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central afirmou que o órgão vai reavaliar sua atuação para o combate à inflação se a retração na economia mundial for maior

Campos Neto

Presidente do Banco Central destacou processo de convergência da inflação e impacto ameno na economia | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, enfatizou que a autoridade monetária persegue uma inflação abaixo de 4% no fim de 2023 e que é este o recado que quis dar ao incluir a expressão “ao redor” da meta no comunicado e na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“O Comitê avalia, com base nas projeções utilizadas e seu balanço de riscos, que a estratégia requerida para trazer a inflação projetada em 4% para o redor da meta no horizonte relevante conjuga, de um lado, taxa de juros terminal acima da utilizada no cenário de referência e, de outro, manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”, afirmou a ata, divulgada na terça-feira.

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Nesta quinta-feira, Campos Neto disse que o BC tem comunicado que juros podem ficar mais altos no horizonte relevante e que a estratégia é atingir um número “ao redor da meta em 2023. “Ao redor é menos de 4%”, disse Campos Neto. “Entendemos que precisamos atuar para que inflação seja abaixo de 4% em 2023.”

O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen acrescentou que a expressão “ao redor” foi utilizada porque há incertezas em relação ao comportamento da inflação até o próximo ano e, por isso, o BC optou por não estipular um número a ser perseguido. “Determinar se é 0,1 p.p ou 0,2 p.p vai contra isso”, completou.

Campos Neto disse ainda que a estratégia do BC será reavaliada a cada reunião do Copom e que o que foi comunicado não é um “foward guidance“. “Não é um compromisso, é uma transparência de estratégia”, completou Guillen.

O presidente do Banco Central afirmou que o órgão vai reavaliar sua atuação para o combate à inflação se houver novos choques muito grandes, ao ser perguntado sobre se é possível estender o ciclo de alta de juros para além de agosto se a evolução do cenário for negativa. Ele indicou que o BC não decide sua política de véspera.

Guillen acrescentou que a sinalização dada na última reunião do Copom é referente à próxima reunião e que o BC vai avaliando encontro a encontro. “Manutenção de Selic mais alta em 2023 ainda tem impacto no horizonte relevante”, completou.

Campos Neto disse também que a autoridade monetária seguirá a meta que for determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para os próximos anos. O colegiado tem reunião nesta quinta-feira e deve anunciar a meta de inflação de 2025, além de ratificar as metas de 2023 e 2024.

Questionado sobre discussões acerca de modificar as metas, Campos Neto disse que isso não aumenta a credibilidade do Banco Central. “Modificar meta muito longa que está perto de ser cumprida não ganha credibilidade”, afirmou. “Entendo debate, mas é decisão do CMN e vamos seguir estratégia com meta que é dada.”

Aperto monetário nos EUA e efeitos no dólar

Campos Neto reconheceu que o aperto monetário nos Estados Unidos pode valorizar o dólar, quando questionado sobre o cenário de commodities e os impactos sobre a inflação brasileira, mas avaliou que a moeda brasileira ainda tem desempenho muito bom. “Mercado se adapta a mudança de postura do BC norte-americano.”

Mas o presidente do BC destacou que a principal preocupação do banco central é a janela de expectativa de crescimento pra baixo e inflação no mundo.

Diogo Guillen disse ainda que há sincronia global de aperto monetária que adiciona riscos para os mercados.

Em relação às criptomoedas, Compos Neto afirmou que o órgão “está preparado” para a regulação do mercado de criptomoedas. Segundo ele, o BC tem participado muito da discussão sobre o projeto de lei que trata do assunto, que atualmente aguarda votação final na Câmara.

“Temos conversado com a CVM sobre o tema e o projeto é o primeiro passo para a regulação do mercado”, ressaltou Campos Neto. “Nós estamos preparados.” (AE)

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