Neoenergia e ISA Cteep se destacam em leilão de transmissão

O último leilão de transmissão foi mais competitivo do que esperávamos. Os participantes fizeram lances agressivos, apesar do aumento do custo de financiamento proveniente dos recentes aumentos de juros.

Os maiores lances vieram da Neoenergia, que licitou o bloco 2 (R$ 4,9 bilhões de capex), e da ISA Cteep, que licitou o bloco 3 (R$ 3,7 bilhões de capex). Já a Engie e a Taesa levaram blocos menores (capex de R$ 110 milhões e R$ 243 milhões, respectivamente), sem grandes mudanças para seus negócios.

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Em nossa visão, o movimento da Neoenergia foi inesperado, o que explica o recente recuo das ações. O resultado do leilão renova o ciclo de investimentos para a empresa, adiando a potencial distribuição de dividendos. As premissas da empresa para descontos de capex também podem ser um desafio.

Observamos, no entanto, que a Neoenergia tem um bom histórico operacional e nosso cenário-base de custo financeiro pode ser potencialmente reduzido ao longo do tempo, se as condições macro melhorarem, o que vemos como um risco positivo.

Embora o capex deva ser relevante nos próximos anos, as receitas adicionais não representam uma grande mudança para a empresa.

Sobre ISA Cteep, o retorno atingiu patamares justos, após incluirmos as premissas da empresa em nosso modelo. Acreditamos que a redução do capex pode ser um desafio se o cenário macro não melhorar, mas a localização dos blocos pode se beneficiar de sinergias operacionais.

O próximo leilão deve ocorrer no dia 16 de dezembro, com R$ 2,7 bilhões de capex esperados divididos em 6 blocos.

Destaques do leilão

O leilão obteve investidores para todos os 13 lotes apregoados. O deságio médio foi de 46,16% em relação às Receitas Anuais Permitidas iniciais estabelecidas pela Aneel.

A Neoenergia conquistou o 2º e 11º blocos somando uma receita de R$ 398,2 milhões (1% da sua receita líquida para 2022).

Para o 2º bloco, a empresa espera 28 meses de antecipação do start up comercial, desconto de capex de 30%, a ser distribuído ao longo dos próximos anos, 10% do benefício fiscal da Sudene, margem EBITDA de 91%, e alavancagem de capex de 65%, ao custo de IPCA+5,5%.

Para o 11º bloco, assumem 20 meses de antecipação da entrada em operação comercial; desconto de capex de 25%, regime tributário presumido; margem EBITDA de 91%, e alavancagem de capex de 65%, ao custo de IPCA+5,5%.

Já a ISA CTEEP conquistou o 3º e 6º blocos, somando receitas de R$ 299,2 milhões (9,3% da receita líquida para 2022).

Para o 3º bloco, assumem maior antecipação, enquanto para o 6º bloco o desconto de capex é mais relevante. A margem EBITDA varia de 90% a 95%, a alavancagem de capex deve chegar a 80%, em média, com custo alinhado às taxas de mercado.