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Hepatite: como evitar essa doença silenciosa

A hepatite do tipo C é considerada a uma das maiores epidemias da humanidade. Com a B, atinge 325 milhões de pessoas no mundo

Hepatite

No Brasil é possível fazer o diagnóstico e tratar a doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS)| Foto: Getty Images

As hepatites crônicas são doenças silenciosas, que costumam ser detectadas já em estágio avançado e com complicações, alerta Mario Peribanez Gonzalez, infectologista do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

“No meio de uma pandemia, as formas virais da doença continuam a adoecer e matar milhares de pessoas”, afirma Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

O Julho Amarelo é campanha criada para lembrar da prevenção e diagnóstico precoce podem fazer toda a diferença no combate à doença, segundo o Ministério da Saúde, maior epidemia do mundo.

No Brasil, o sistema público de saúde oferece diagnóstico, tratamento e vacinas contra a doença. “A OMS lançou a meta de eliminação global das hepatites virais como problema de saúde pública. O Brasil é signatário dessas metas e a campanha do Julho Amarelo serve para conscientizar a população”, acrescenta Gonzalez, doutor em Ciência em Gastroenterologia pela Universidade de São Paulo (USP).

“Esses serviços, incluindo a vacinação contra a hepatite B, são essenciais e não podem ser interrompidos. Os cuidados devem continuar em segurança para todos aqueles que precisam”, complementou a diretora da OPAS, braço da Organização Mundial da Saúde que companha países americanos.

O que é e como identificar um quadro de hepatite

Hepatite é, de uma forma geral, uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas, quando aparecem, se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes clara. “As pessoas com mais de 45 anos de idade devem se testar pelo menos uma vez para as hepatites virais, devido ao maior risco de exposição ao longo da vida” explica o especialista. “Essa faixa etária é prioritária na testagem, pois antigamente era comum o uso de seringas de vidro mal esterilizadas e, pelo menos até 1994, os bancos de sangue ainda não dispunham de testes para triagem de hepatite C”.

No caso específico das hepatites virais, que são o objeto da campanha Julho Amarelo, as inflamações são causadas por vírus e classificadas pelas primeira letras do alfabeto: A, B, C, D (Delta) e E.

Tipos virais da doença

  • Tipo A: tem o maior número de casos no Brasil e se relaciona às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção geralmente leve, mas pode evoluir para quadros muito graves. Existe vacina para crianças no SUS. Para adultos, em geral, apenas em clínicas particulares de imunização. Profissionais do sexo e homens que declararem manter relações sexuais com outros homens também podem se vacinar pelo sistema público, nos Centros de Referência de Imunização.
  • Tipo B: é o segundo tipo com maior incidência: atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo. Essa forma da doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte. Desde 2015 a vacina é universal para todos os grupos no sistema público. Ela é completada com três doses. “Um calendário que precisa ser cumprido para que o imunizante alcance efetividade”, diz o infectologista.
  • Tipo C: também tem tem como principal forma de transmissão o contato com sangue e uma das principais causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer no órgão e morte. Não existe vacina para essa forma da doença, mas tratamentos seguros e eficazes estão disponíveis na rede pública.
  • Tipo D: causada pelo vírus da hepatite D (VHD) ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D. No Brasil, é mais comum na região da Bacia Amazônica
  • Tipo E: causada pelo vírus da hepatite E (VHE) e transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral e também pela ingestão de carnes contaminadas, no Brasil, principalmente a suína), provocando grandes epidemias em certas regiões. A hepatite E pode se tornar crônica e, em mulheres grávidas, pode evoluir para as formas mais graves da doença. A vacina está em desenvolvimento.

Fontes: Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Ministério da Saúde do Brasil

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