Compra de parques eólicos agregam valor às ações da AES Brasil
Também conhecida como AES Tietê, a AES Brasil é uma geradora de energia com recomendação de compra pelo Safra e preço-alvo de R$ 15,50
09/08/2022A AES Brasil (AESB3) anunciou a aquisição do Complexo Eólico Ventos do Araripe, Caetés e Cassino da Cubico Brasil S.A. por R$ 2,033 bilhões, que corresponde ao valor patrimonial de R$ 1,105 bilhão e dívida líquida de R$ 928 milhões. O conselho de administração da empresa aprovou um aumento de capital para a integralização de parte da aquisição.
O Complexo Eólico Ventos do Araripe (PI), Caetés (PE) e Cassino (RS) somam 456MW de capacidade instalada e tem capacidade comercial de 229MW totalmente contratada no Mercado Regulado até 2034/2035, ao preço médio de R$188 /MWh. A autorização de concessão expira em 2046/2049.
Saiba mais
- Neoenergia investe em geração renovável e planeja vender ativos
- Invista com segurança e baixo valor de aplicação
- A estratégia do fundo Safra Galileo diante do risco de recessão nos EUA
Segundo o Banco Safra, o projeto tem uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real alavancada de 13,1%, implicando um valor presente líquido (VPL) de R$ 722 milhões e 7,1x EV/EBITDA 2023.
Com isso, para o Banco, a margem EBITDA de longo prazo pode ser de 75%, taxa nominal de desconto de 9,5%, preços de energia no longo prazo de R$ 178/MWh (no ano de 2022) e regime tributário presumido.
O aumento de capital contempla a emissão de no mínimo 52,0 milhões de ações ordinárias (diluição potencial de 9,56%), e no máximo 116,2 milhões de ações ordinárias (diluição potencial de 19,10%), ao preço de R$ 9,61 /ação (10% abaixo do preço de fechamento do dia 5 de agosto).
O preço por ação foi fixado em 10% de desconto sobre o preço médio ponderado negociado nos 60 pregões de 13 de maio a 5 de agosto de 2022.
Segundo o Safra, os acionistas controladores se comprometeram a exercer seus direitos de preferência no mínimo de US$ 100 milhões (R$ 512 milhões com base na cotação de hoje de 5.124 BRL/USD), que ancora 1,0x o book da oferta primária mínima.
Todos os atuais acionistas terão direitos de subscrição prioritários de 23,62%. Datas-chave da oferta: 11 de agosto: data limite; 12 de agosto a 12 de setembro: período para assinaturas preferenciais.
Para o Safra, essa foi uma jogada ousada para a AES Brasil. Esta é uma aquisição relevante para a empresa, pois aumenta a capacidade comercial em 13% e agrega um bom valor líquido. Além disso, a TIR implícita de 13,1% é atrativa em comparação com AESB3 em 12,0% e a média do setor em 9,3%.
No entanto, este é o segundo Follow-on da empresa em menos de um ano, que concluiu uma oferta primária em setembro/2021 a R$ 12,0/ação, o que pode gerar dúvidas entre os atuais acionistas quanto à estratégia de alocação de capital da empresa.
Considerando as novas plantas, o preço-alvo de R$ 13,8/ação e um retorno total máximo de 43,8% (considerando a emissão mínima de ações e um preço-alvo de R$ 15,4/ação), o banco mantém a classificação de Compra principalmente por conta do valuation (valor de mercado).
Vale a pena investir em AESB3?
- Boa pagadora de dividendos para AESB3;
- História de crescimento pode trazer resultados sólidos (Alto Sertão foi adquirido a um bom preço);
- Acordo da GSF sobre Mercado Livre favorece a empresa.
Quais os riscos ao investir em AESB3?
- Déficit hídrico maior do que o esperado;
- Capex excedente de projetos em construção;
- Preços de energia de longo prazo abaixo do esperado;
- Forte concorrência e decisões de alocação de capital desfavoráveis;
- Aumento da inflação e das taxas de juros que podem levar a maiores despesas financeiras, prejudicando o resultado final e o pagamento de dividendos.
Sobre a AES Brasil (AESB3)
A AES Brasil é uma geradora de energia elétrica 100% renovável, atuando no país há mais de 20 anos. O parque gerador hídrico é composto por nove usinas hidrelétricas, três pequenas centrais hidrelétricas, 5 complexos eólicos e dois complexos solares.
Em dezembro de 2020, a empresa divulgou o processo de reorganização societária, com a criação e listagem de uma nova holding, AES Brasil Energia S.A.. A reestruturação foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária realizada em 29 de janeiro de 2021 e, após a conclusão do processo, prevista para março de 2021, todos os atuais acionistas da AES Tietê Energia passarão a ser acionistas da AES Brasil Energia S.A., com manutenção do percentual de participação.
A AES Brasil Energia S.A. será listada no segmento Novo Mercado, mais alto nível de governança corporativa da B3.