close

Alta de custos pode retardar recuperação das companhias aéreas

Apesar da proximidade das festas de fim de ano e do avanço da vacinação, alta do dólar e dos combustíveis desacelera retomada

aviao

Companhias esperam plena recuperação do mercado doméstico em meados de fevereiro de 2022 | Foto: Getty Images

As festas de fim de ano e o aumento dos índices de vacinação contra covid-19 na população, associados à demanda reprimida, apontam para um cenário mais otimista para as companhias aéreas e o setor de turismo nos próximos meses, mas de maneira mais lenta do que o esperado.

Após serem duramente golpeadas pela pandemia de covid-19, em razão das restrições de mobilidade, as companhias estão vendo os clientes voltarem, e, as aéreas, registram vendas próximas ao período anterior à crise sanitária.

Entretanto, na opinião de analistas, alguns fatores irão limitar essa recuperação. O principal é o aumento dos preços do querosene de aviação, que tem um peso relevante nos custos das empresas, reduzindo as margens.

O analista Vitor Suzaki, do Banco Daycoval, ressalta que o baixo poder de compra do consumidor, causado pelas altas taxas de desemprego, e o endividamento das famílias não dão espaço para que aumentos de preços das passagens sejam absorvidos, inibindo portanto a retomada.

Alta do dólar reprime viagens aéreas internacionais

Adicionalmente, há a valorização do dólar em relação ao real, que desestimula viagens para o exterior.

Para o especialista de mercado da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, nesse contexto, as empresas de turismo, mais especificamente as agências de viagem, têm expectativas mais positivas, especialmente para o fim do ano, pela menor dependência do câmbio e porque podem recorrer a destinos nacionais que, muitas vezes, dispensam a necessidade de avião.

A Santander Corretora também tem uma visão mais otimista para as agências de viagens em detrimento das companhias aéreas, com relação ao potencial de valorização das ações.

Essas últimas, mais especificamente Gol e Azul, segundo Ricardo Peretti, parecem estar precificadas em patamares próximos aos níveis atuais de preço, ou seja, com menos desconto, contrariamente à CVC, que está abaixo do nível histórico.

Turismo doméstico vive expansão

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, efirmou que a demanda reprimida no setor tende a reforçar o mercado doméstico. Para o dirigente, a referência de viagem dentro do País veio para ficar.

“Nossa expectativa é de uma volta integral da malha doméstica até fevereiro, março de 2022. Já a malha internacional vai ser um pouco mais complicada”, disse durante o Latam Experience, evento transmitido virtualmente.

Sanovicz explicou que a malha doméstica fechou setembro com cerca de 75% do que era antes da pandemia, sendo majoritariamente lazer, um pouco de demanda híbrida e o restante do corporativo. “A milha que falta é dos eventos. Esse último pedaço vai trazer o cliente que está em casa e movimentar cadeia das mais diversas.”

A diretora executiva da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Alagev), Giovana Jannuzzelli, destacou que a entidade realizou uma pesquisa que mostrava que haveria uma redução das viagens a negócios de 30% no pós-pandemia, seja pela permanência de reuniões virtuais ou decréscimo da força de viajantes nas empresas. No entanto, ela observa que houve uma readaptação no segmento e a situação possivelmente mudou.

“Hoje, vivemos um cenário de road offices, que pode fomentar destinos de multipropósito. Isso pode trazer o benefício de redescobrirmos o Brasil.” (AE)

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra