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Alta na demanda mundial por carne sustenta resultados do Minerva

A receita líquida da empresa foi de R$ 7,22 bilhões, crescimento de 25%, com sólido desempenho no Brasil, Argentina e Uruguai

Frigorífico

Para o Safra, o Minerva deve continuar se beneficiando de um cenário global aquecido pela demanda por carne bovina | Foto: Getty Images

O frigorífico Minerva (BEEF3) apresentou resultados sólidos no primeiro trimestre deste ano, com um crescimento de EBITDA de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, uma vez que sua plataforma de produção na América do Sul se beneficiou da forte demanda global por carne bovina. Com isso, segundo o Banco Safra, o EBITDA ajustado ficou em linha com as estimativas do banco, mas 4% abaixo do consenso da Bloomberg.

De acordo com o banco, a demanda global ainda forte por carne bovina, a diversificação da empresa nos principais países produtores da América do Sul são sólidos para o Minerva, mas sua dependência das exportações em tempos em que o comércio exterior está se tornando mais desafiador e mais caro é um ponto de preocupação. No entanto, segundo o Safra, o valuation atual de 5,2x EV/EBITDA 2022 deve compensar amplamente esses riscos pelo menos por enquanto, levando, dessa forma, o banco a manter um rating de Compra no BEEF3.

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O Minerva registrou receita líquida de R$ 7,22 bilhões, alta de 25% em relação ao mesmo período do ano passado, com sólido desempenho no Brasil, Argentina, Uruguai, compensando quedas na Colômbia e Paraguai.

Segundo o Safra, os destinos de exportação não tiveram uma mudança significativa, pois o Minerva teve uma demanda mais forte nas Américas e NAFTA, compensando uma queda de 3p.p. para a Ásia.

Apesar de um sólido crescimento anual de 16% nos mercados domésticos, o crescimento das exportações foi significativamente maior, pois a demanda global por carne bovina continua forte, reiterou o Safra.

A margem EBITDA ajustada ficou estável em relação ao ano anterior. A margem bruta atingiu 17,0%, uma melhoria de 70 pontos base no comparativo anual, com os preços da carne bovina impulsionados pela sólida demanda compensando o aumento dos custos do gado. As despesas SG&A permaneceram estáveis, levando a um EBITDA Ajustado de R$ 611 milhões, evolução de 25% e 1% acima da estimativa do Safra.

Excluindo variação cambial, marcação a marcação e outros itens não recorrentes, o lucro líquido ajustado foi de R$ 387 milhões, 108% maior no comparativo anual e 55% acima das estimativas do Safra.

O lucro líquido reportado foi de R$ 150 milhões, uma queda de 56%, impactado pelos resultados negativos das operações de hedge. Já o consumo de fluxo de caixa operacional com alavancagem estável, segundo o Safra.

O Minerva reportou um fluxo de caixa livre negativo de R$ 173 milhões ante R$ 309 milhões no primeiro trimestre de 2021. O fluxo de caixa operacional foi impactado principalmente pelo maior capital de giro das contas a pagar relacionadas às exportações para a China.

A dívida líquida no primeiro trimestre foi de R$ 6,49 bilhões (ND/EBITDA de 2,5x), ante R$ 5,37 bilhões no primeiro trimestre de 2021 (ND/EBITDA de 2,4x) e R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado (ND/EBITDA de 2,4x).

Início da cobertura de BEEF3

O Safra informou que inicou a cobertura da companhia com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17/ação até o final de 2022.

Para o banco, o Minerva deve continuar se beneficiando de um cenário global aquecido pela demanda por carne bovina, que deve sustentar preços em patamar elevado com margem EBITDA pairando em torno de seu nível histórico de 8% a 10%.

Existem alguns projetos, de acordo com o banco, que podem acelerar moderadamente o crescimento, embora a administração pareça determinada a manter a alavancagem sob controle.

A demanda global aquecida por proteína deve persistir nos próximos anos, especialmente porque os países em desenvolvimento continuam com o aumento do consumo de carne bovina per capita, apesar de um desempenho lento em países mais desenvolvidos, especialmente na Europa.

Para o banco, o crescimento global foi modesto e não há evidências de que isso devará mudar no curto prazo, mas os preços parecem permanecer em níveis elevados, uma vez que a demanda por carne bovina está positivamente correlacionada com a renda, e a oferta não indica ter muito espaço para uma expansão significativa.

Como o Minerva concentra-se principalmente na exportação (2/3 das vendas) e possui uma plataforma de produção bem diversificada com fábricas em 6 países, a empresa está bem posicionada para capturar o crescimento global vendas de carne bovina.

O Minerva é um player menor que seus pares JBS e Marfrig, e como tal parece ter oportunidades de crescimento que mais significativas. Como referência, a cada 1.000 cabeças/dia de capacidade instalada adicional representa um aumento de capacidade de 4% para Minerva ante 3% para Marfrig e 1% para JBS.

Além disso, sua administração está expressando sua intenção de expandir ainda mais na Colômbia e Austrália no curto prazo, embora não se espere que esses movimentos sejam muito agressivos.

A intenção é manter a relação dívida líquida/EBITDA abaixo de 2,5x, o que é visto como um nível confortável que permite crescimento moderado e pagamento de dividendos.

Vale a pena investir em BEEF3?

  1. A Minerva conta com um potencial de crescimento operacional maior do que seus pares;
  2. A demanda global aquecida provavelmente sustentará margens saudáveis;
  3. A administração deseja manter a alavancagem sob controle.

Quais são os riscos ao investir em BEEF3?

  1. Está significativamente exposta ao mercado de carne bovina, de modo que problemas sanitários relacionados no segmento podem impactar os resultados;
  2.  Historicamente opera com dívida significativa, então dificuldades de rolagem podem afetar seu balanço;
  3. Restrições provenientes de mercados de exportação relevantes podem atingir os lucros.

Sobre a Minerva (BEEF3)

A Minerva é uma das maiores empresas brasileiras na produção e comercialização de carne bovina congelada in natura, produtos industrializados proteicos congelados (incluindo bovinos, suínos e aves), bovinos vivos e subprodutos (incluindo couro e “miudos”).

A empresa é líder na exportação de carne bovina na América do Sul, com participação de mercado de 18% em carne bovina nas exportações in natura na América do Sul.

Em 2020, as exportações foram responsáveis ​​por 67% da receita bruta. No Brasil, a Minerva possui operações de abate e desossa em 6 Estados, além do Paraguai, Argentina, Uruguai e Colômbia, permitindo minimizar riscos de surtos de doenças de gado e trazendo flexibilidade para suas exportações.

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