close

Consumo das famílias sustenta crescimento da produção e investimentos

Queda da inflação e redução dos juros vão ajudar a sustentar o consumo das famílias, com reflexos positivos para os investimentos e produção, segundo análise do Banco Safra

Shopping

A melhora da confiança da indústria, de forma mais veloz do que esperada, ajudará na retomada projetada para os investimentos em máquinas e equipamentos nos próximos trimestres, prevê o Banco Safra | Foto: Getty Images

A pesquisa mensal de Comércio (PMC) do IBGE registrou queda nas vendas do varejo em dezembro, devolvendo os ganhos obtidos com as liquidações de novembro. No conceito restrito o índice caiu 1,3% e no ampliado 1,1%, na variação mensal com ajuste sazonal. Os principais responsáveis pela queda no consumo das famílias foram itens afetados pela Black Friday do mês de novembro. Vestuário, móveis e eletrodomésticos e materiais para escritório cresceram 2,9%, 5,9% e 18,1%, no mês novembro e em dezembro apresentaram forte queda de 3,5%, 7,0% e 13,1%, respectivamente. Os dados indicam que os consumidores aproveitaram o período de descontos e adiantaram parte das compras de final de ano em novembro.

Apesar do comércio fraco, a atividade como um todo deve crescer em dezembro. A pesquisa mensal da indústria (PIM) havia indicado crescimento de 1,1% em relação a novembro, com bom desempenho inclusive da indústria de transformação (0,6% m/m). Já a pesquisa mensal de serviços (PMS) registrou expansão de 0,3% m/m do setor. Com isso esperamos que o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) cresça 0,8% na variação mensal com ajuste sazonal. Isto resultaria em uma retração trimestral de -0,2% para o indicador.

Saiba mais

Vale destacar que o IBC-Br (BCB) subestimou significativamente o crescimento do PIB no último trimestre, quando o índice do Banco Central cresceu de 0,7% e o PIB (IBGE) registrou crescimento 2,0% na variação interanual (Gráfico 10).

O Banco Safra espera por uma recuperação das vendas no varejo em 2024 na esteira da queda da Selic. A redução da taxa Selic já está impulsionando o crédito. A taxa de juros média para a pessoa física diminuiu de 38,0% a.a. em maio do ano passado para 33,3% a.a. em dezembro de 2023, o que tem colaborado para a redução do comprometimento de renda com serviço da dívida. A taxa de inadimplência passou de 4,3% para 3,7% no mesmo período e a concessão de crédito voltou a expandir no segundo semestre, especialmente nas linhas
não rotativas, como aquisição de veículos. O afrouxamento monetário, facilitando o crédito, apoiará o consumo das famílias nos próximos trimestres.

O bom desempenho do mercado de trabalho também dará sustentação ao consumo. A massa salarial deverá crescer 6,9% em valores nominais ao longo do ano, o que combinado com a continuação do processo de desinflação, garantirá uma expansão saudável do poder de compra das famílias. A contribuição da desinflação foi importantíssima em 2023, quando o ritmo de crescimento do consumo a preços
correntes (nominal) desacelerou dos 15,2% de 2022 para 8,0% no ano passado, e, no entanto, o consumo a preços constantes (real) cresceu 3,3%, um pouco abaixo de 2022, mas acima da média histórica. Em menor proporção, tal processo ocorrerá novamente em 2024, com nova queda do deflator do consumo.

A análise de fontes e usos de recursos das famílias aponta para a desaceleração do consumo nominal para 7,0%, com manutenção do crescimento do consumo real perto de 3% (Tabela 2). A desaceleração nominal se deve ao não reajuste dos benefícios do Bolsa Família, à queda nos valores dos dissídios salariais, e à perspectiva de que não haja aumento do salário dos servidores federais, entre outros fatores de moderação salarial em um mercado de trabalho ainda bastante dinâmico. A moderada expansão do crédito ajudará a sustentar o consumo sem criar pressões excessivas, estando limitada a 8,5%, ou seja, pouco acima do crescimento do PIB nominal, mas com crescente qualidade em termos de taxas de juros e prazo.

A redução da taxa Selic também tem favorecido a confiança dos empresários, antecipando o provável aumento das vendas no primeiro semestre de 2024. A melhora da confiança da indústria, de forma mais veloz do que esperada, ajudará na retomada projetada para os investimentos em máquinas e equipamentos nos próximos trimestres, compensando com maior efetividade a depreciação do capital
físico que tem feito diminuir o estoque de capital móvel nos últimos anos. A ampliação de investimentos, especialmente se tiver um coeficiente relativamente alto de conteúdo local, como no caso da infraestrutura e mesmo de veículos de carga, ajudará a aumentar o PIB.

Portanto, o processo de desinflação e o ciclo de afrouxamento da taxa de juros ajudarão a sustentar o consumo das famílias ao longo desse ano, com reflexos positivos para os investimentos e para a capacidade de produção nacional.

Íntegra da análise macroeconômica do Banco Safra.

Abra sua conta no Banco Safra.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra