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Aquecimento global causa inflação e preocupa BCs

Banco de Compensações Internacionais defende importância de prevenção de riscos climáticos em conferência com bancos centrais

Urso polar sobre pequeno iceberg

Relatório destaca riscos econômicos com adiamento de medidas para mitigar as mudanças climáticas | Foto: Getty Images

O diretor-executivo do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Agustín Carstens, afirmou nesta sexta-feira, 4, os bancos centrais precisam analisar como o aquecimento global afeta a inflação.

A declaração foi feita durante conferência dos bancos centrais sobre cooperação das finanças globais para combater problemas ecológicos.

“Bancos Centrais devem ter foco na estabilidade do sistema de preços em meio a fatores ambientais. Precisamos dedicar todos os instrumentos que temos para combater mudança climática”, disse.

Os bancos centrais discutem o risco do efeito “cisne verde”, ou seja, a probabilidade de uma grave crise financeira causada pelas mudanças climáticas.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, respondeu à questão dizendo que “não temos decisão formal sobre adoção de cenários de estresse sobre mudança climática”.

No entanto, ele apontou que a análise baseada neste instrumento “contribui de forma positiva para avaliar questão ambiental”.

O diretor-executivo do BIS, Agustín Carstens, ressaltou que as finanças em todo o mundo são “essenciais para o avanço econômico e precisa considerar mudanças climáticas”. Carstens afirmou que a pandemia do coronavírus “foi um grande alarme para mobilização contra choques que podem ocorrer, como mudanças climáticas”.

Mudança climática influi na política do BCE

Membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Ignazio Visco afirmou que as mudanças climáticas estão sendo consideradas na revisão da política monetária da autoridade, reforçando o coro para a importância do tema e o papel dos bancos centrais.

Tal missão, em sua visão, é desafiada pela falta de metodologias globais e de informações quanto as riscos relacionados ao clima, que precisam ser aprimoradas tanto sob a ótica da qualidade como da quantidade.

“A tarefa das autoridades de supervisão é complicada pelo fato de que ainda não existe uma metodologia amplamente aceita para avaliar os riscos relacionados ao clima e verificar se as instituições financeiras levam esses riscos em consideração na hora de emprestar”, disse Visco, durante conferência internacional sobre o clima, promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS).

Em relação à política monetária, ele afirmou que as mudanças climáticas e a transição para uma economia de zero emissões de carbono afetam os “canais de transmissão”, determinando as tendências de crescimento de variáveis-chave. A saída, em sua visão, é a integração de variáveis do clima e de sustentabilidade nos modelos macrofinanceiros.

De acordo com Visco, o papel das alterações climáticas na política monetária atualmente é considerado no âmbito da revisão da estratégia do BCE.

“Devemos ser prudentes na utilização ativa de nossos instrumentos de política monetária para esse fim, considerando cuidadosamente os custos e benefícios de nossas ações no que se refere à eficácia do mecanismo de transmissão e os efeitos sobre a atividade econômica e as emissões de carbono”, acrescentou.

Para ele, o papel dos BCS é “multifacetado” no que tange as mudanças climáticas. “Os bancos centrais podem liderar o mercado pelo exemplo, divulgando a sua exposição ao clima e as metodologias utilizadas para integrar os riscos climáticos nas práticas de investimento e gestão de risco das suas carteiras”, sugeriu, mencionando ações do Banco Central da Itália, do qual é presidente.

Visco encerrou o último dia da conferência virtual do BIS, que reuniu especialistas para debater as mudanças climáticas e eventuais ações de combate por parte do setor financeiro ao redor do globo. (AE)

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