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Arte brasileira vai mudar cartão-postal de Paris

Intervenções urbanas organizadas por curadora brasileira ficarão expostas na margem esquerda do Rio Sena até outubro

Rio Sena

A partir desta terça-feira, 29, artistas vão exibir criações feitas para o espaço urbano à margem do Rio Sena, em Paris | Foto: Divulgação

Como parte da celebração da retomada à vida cultural, Paris vai enfeitar uma das margens do Rio Sena com arte brasileira. A exposição “Les Amazones” poderá ser vista a partir desta terça, 29, no ponto turístico da capital francesa, por quem passar pelas redondezas de um de seus mais tradicionais cartões-postais.

A mostra é composta por obras em geral grandes, em escala urbana, feitas apenas por mulheres dedicadas à arte de rua. A linguagem escolhida para a intervenção permitirá que o público veja algumas das artistas interferindo nos trabalhos durante a exibição, que permanecerá em cartaz até outubro, no coração das margens do banco esquerdo do Sena, no pé da Ponte dos Inválidos.

Fluctuart
A galeria flutuante Fluctuart é o centro da exposição com curadoria de Agathae Montecinos

Ao lado das obras das brasileiras Drika Chagas, do Pará, e Sayonara Pinheiro, de Natal, parisienses e turistas poderão ver também criações inéditas das francesas Hydrane, Kashink, Loraine Mott, Olivia de Bona e Rouge e, da belga , Jolene Kitsune. A proposta da mostra é aproximar artistas urbanas dos dois países.

A ideia e a curadoria são de Agathae Montecinos, brasileira criada em Natal, pós-graduada em arte urbana na Universidade Paris 1 Sourbonne. Montecinos, que vive na capital francesa desde 2013, falou com O Especialista sobre como é levar a arte brasileira de rua a um dos cenários mais tradicionais de Paris.

O EspecialistaComo os parisienses recebem a arte brasileira em suas ruas?
Agathae Montecinos – A arte brasileira é super bem vista pelos parisienses e franceses em geral. Os brasileiros são reconhecidos por sua criatividade aqui. A arte urbana funciona muito bem, vários artistas brasileiros já passaram por aqui participando de exposições coletivas e individuais, residências artísticas e festivais.

Como foi o processo de deixar a arte nas ruas de Natal para ingressar em uma das universidades mais tradicionais do mundo?
Eu sempre fui muito curiosa e buscava novas aventuras, tive a oportunidade de criar a primeira galeria de arte urbana na minha cidade em 2009. Foi bem difícil e logo percebi que Natal não correspondia aos meus projetos. Apaixonada por arte e cultura eu vim me especializar no setor. A vida de estudante estrangeira sem bolsa é muito difícil, Paris é uma cidade maravilhosa e extremamente cara. Eu sempre tive que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, e logo acumular vários trabalhos para poder viver e realizar projetos. Mas conei muito com a ajuda de uma irmã, que veio na frente para Paris, e amigos que cultivei aqui sempre foi essencial.

Como foi a vida de estudante de arte na Sorbonne?
Integrar a Paris 1 Sorbonne foi a realização de um sonho. Integrar um dos mestrados mais prestigiados de arte no espaço público do país foi uma realização imensa. Participei da promoção de 10 anos desse mestrado [em arte urbana] e foi algo transformador. Meu orientador da tese de mestrado foi o diretor e criador dessa formação. É uma honra ter sido orientada por Pascal Le-Brun Cordier, referência nacional das artes no espaço público no mundo

Em que momento você passou a vislumbrar essa ponte entre a produção brasileira e as ruas francesas?
O mestrado foi super formador, me abriu muitas portas e foi uma inspiração para criar a Pixo, que hoje tem seis anos de história. A Pixo é uma associação franco-brasileira criada por mim no final de 2014. Desde então trabalhamos para a valorização da arte urbana brasileira na França e criação de pontes entre a França e o Brasil. A associação desencadeou igualmente a criação do “INarteurbana”, projeto de reabilitação urbana que acontece em Natal desde 2015.

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