close

Bolsa acumula perda de 5,09% em agosto; dólar rende 4,69% no mês

Além de temores associados à desaceleração da China e juros nos Estados Unidos, investidores avaliam questão fiscal no Brasil

Cotações

Neste agosto que chega ao fim, o Ibovespa registrou apenas cinco altas em 23 sessões | Foto: Getty Images

O Ibovespa encerrou o último dia de agosto na mínima do dia, em baixa de 1,53%, aos 115.741,81 pontos, fechando mês pautado a princípio pelos temores em torno da desaceleração chinesa e também pela incerteza em torno dos juros nos Estados Unidos. No cenário doméstico, o destaque nos últimos dias é a perspectiva fiscal e soluções encontradas pelo governo na proposta de orçamento para atingir a meta de déficit zero em 2024.

Nesse contexto de incertezas, nas últimas oito sessões, desde o dia 22, o Ibovespa tem mostrado simetria de ganhos e perdas, alternando avanços e recuos duplos, com o passo à frente em geral superando por pouco o recuo que lhe sucede.

Saiba mais

Dessa forma, a bolsa encerra agosto acumulando perda de 5,09%, o primeiro revés mensal desde a queda de 2,91% em março Na série histórica de 13 perdas entre os dias 1º e 17 de agosto, a maior desde 1968, o Ibovespa cedia 5,71% no mês, o que limitava o ganho acumulado em 2023 a 4,78% – agora, sobe 5,47% no ano. Neste agosto que ora chega ao fim, foram apenas cinco altas em 23 sessões.

Assim, finaliza o mês abaixo dos 116 mil pontos, após ter fechado julho bem perto dos 122 mil. Desde cedo, o índice da B3 encontrou dificuldade para evitar a ré em sessão na qual apenas Vale, e por muito pouco (ON +0,15%), conseguiu sustentar alta no fechamento, entre as ações de maior liquidez e peso no Ibovespa. Petrobras ON e PN acentuaram perdas à tarde e encerraram o dia, respectivamente, em baixa de 2,70% e 2,08%, aparando os ganhos acumulados no mês a 2,46% e 6,36%, pela ordem. No mês, Vale ON cedeu 3,50%.

Destaques do Ibovespa no último pregão de agosto

Com giro na B3 a R$ 26,0 bilhões nesta última sessão do mês, apenas sete ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta no fechamento desta quinta-feira, tendo à frente Petz (+5,18%), em meio a rumores sobre a possibilidade de fusão com o principal concorrente, a Cobasi.

Destaque também para 3R Petroleum (+2,24%) e Prio (+1,33%), em dia positivo para o minério e o petróleo. Em Dalian, na China, o minério de ferro subiu 3,54% nesta quinta-feira, cotado a US$ 116,47 por tonelada no contrato mais negociado. Por sua vez, em Londres, o petróleo Brent para novembro subiu 1,86%, a US$ 86,83 por barril, enquanto o WTI de outubro avançou 2,45%, a US$ 83,63, em Nova York.

Assim como na quarta, as ações de grandes bancos fecharam esta quinta-feira em bloco no vermelho, ainda que em grau semelhante de ajuste ao visto no Ibovespa na sessão. No mês, as perdas acumuladas nos papéis das maiores instituições chegaram à casa de 10% no caso do Bradesco (ON -10,78%, PN -10,16%), que na quinta-feira fechou em baixa entre 1,19% (ON) e 1,39% (PN). Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, destaque nesta quinta para CVC (-9,49%), Alpargatas (-6,56%) e Pão de Açúcar (-6,44%).

Na moeda norte-americana, o Ibovespa fechou este mês de agosto a 23.376,98 pontos, refletindo a queda de 5,09% para o índice de ações nominal e avanço de 4,69% para o dólar frente ao real no mês. Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e, no fim de junho, chegou aos 24.654,87 pontos. Com o dólar em queda de 1,25% ante o real em julho, e ganho pouco acima de 3% para o Ibovespa, o índice da B3, na moeda americana, havia subido a 25.783,48 pontos no mês passado.

Dólar fecha o mês em alta cotado a R$ 4,95

O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 31, em alta de 1,68%, cotado a R$ 4,9511 com máxima a R$ 4,9601 pela manhã. À onda de valorização da moeda norte-americana no exterior, em especial em relação a divisas emergentes, somou-se o aumento da percepção de risco fiscal em dia de apresentação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024.

Analistas comentam que é grande o ceticismo no mercado financeiro em torno da possibilidade de o governo cumprir a meta de zerar o déficit primário no ano que vem, dada a necessidade de ampliar a receita bruta em R$ 168 bilhões, segundo estimativas oficiais.

Operadores notam que houve fatores técnicos que ajudaram a turbinar o dólar nesta quinta, como a disputa pela formação da última taxa ptax de agosto, pela manhã e início da tarde, e a rolagem de posições no segmento futuro na virada do mês. O contrato de dólar futuro para outubro apresentou giro forte, movimentando mais de US$ 18 bilhões. Com a arrancada nesta quinta, o dólar à vista sobe 1,55% na semana e 4,69% em agosto. No ano, a divisa ainda perde 6,23%.

Lá fora, os principais pares do real, à exceção do peso colombiano, também apresentaram perdas em relação ao dólar. Peso mexicano recuava mais de 1,80% no fim da tarde, ao passo que o peso chileno tinha baixa mais modesta, ao redor de 0,20%.

Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, o índice DXY operou em alta firme, e voltou a superar os 103, 500 pontos, em meio ao enfraquecimento do euro. Em sua ata, o Banco Central Europeu (BCE) deixou a porta aberta para eventual pausa no aperto monetário em setembro. Nos EUA, tanto o índice de preços de gastos com consumo (PCE) quanto seu núcleo vieram em linha com o esperado, revelando aceleração da inflação na comparação anual. Já o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial superou as expectativas.

Nas mesas de operações, pairam dúvidas sobre a capacidade do governo de zerar o déficit em 2024, uma vez que não há perspectiva de cortes de gastos. Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos e reduz a contribuição previdenciária de municípios, o que tende a drenar alguns bilhões dos cofres públicos. De outro lado, o Senado aprovou a volta do voto de qualidade no âmbito do Carf, uma das principais apostas da Fazenda para ampliar a arrecadação. (AE)

Abra sua conta no Banco Safra.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra