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Efeito do corte dos juros chega ao varejo e ao crédito a partir do quarto trimestre

Corte da taxa Selic vai dar dinamismo ao varejo, principalmente nos segmentos mais ligados ao crédito; confira a análise do Safra sobre o efeito da redução dos juros

Carejo e juros

O corte gradativo da taxa Selic deve favorecer o comércio a partir de outubro e especialmente em 2024 | Foto: Getty Images

O crescimento do PIB brasileiro em 2023 deverá refletir essencialmente o forte desempenho da agricultura, já capturado no PIB do primeiro trimestre, mas estendendo-se pelo período da “safrinha” e escoamento das exportações ao longo do resto do primeiro semestre. O segundo semestre, por outro lado, não deve apresentar expansão relevante, visto depender da demanda doméstica que continua muito moderada.

O Índice de Atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) vem refletindo esses fatores, tendo crescido 0,43% no segundo trimestre em comparação ao primeiro, mas com expectativa de estagnação para o resto do ano.

A demanda doméstica continua fraca, apesar da resiliência do mercado de trabalho, evidenciada pela taxa de desemprego em 8%. O consumo das famílias avançou apenas 0,2% no primeiro trimestre e, com base nos dados setoriais, deve ficar estável no segundo trimestre, apesar da queda do preço dos alimentos aumentar um pouco o poder de compra das famílias.

A variação mensal do varejo ampliado avançou 1,2% em junho, e a dos serviços prestados às famílias 1,9%. Na variação trimestral esses números correspondem, respectivamente, a 1,4% e 1,7%.

Apesar de positivos, esses números apenas refletem a reversão de quedas em meses anteriores, com pouco aumento na margem. Em particular, além do aumento de venda de supermercados por conta da queda de preços dos alimentos, a melhora na atividade reflete o impacto de curto prazo do corte de impostos sobre os automóveis promovido pelo governo, que se esgotou em um mês.

O consumo fraco é naturalmente reflexo da política monetária restritiva. Essa política tem freado o crédito, com a concessão de crédito para pessoa física estagnada. O começo do relaxamento dessa política deve estimular o comércio, considerando-se a evidência dos ciclos de queda de juros observados nos últimos 20 anos, e a expectativa de mercado da taxa de juros cair 0,5 ponto percentual a cada seis semanas, como indicado pelo Banco Central. Isso levaria a Selic a 8,75% no quarto semestre de 2024, equivalente a uma taxa de juros real perto de 5%.

O efeito do início da flexibilização monetária sobre o varejo é bastante nítido em ciclos passados. Doze meses após o início do ciclo o varejo ampliado cresce, em média, 11,9%. Essa expansão é bastante difusa, até porque a queda dos juros estimula a atividade, o emprego e a renda, mas ela tende a ser mais intensa nas áreas que dependem mais de financiamento, como as vendas de automóveis e as de móveis e eletrodomésticos.

Histórico mostra que corte de juros favorece o varejo

Dessa forma, seguindo o padrão histórico, a atividade econômica deve começar a se beneficiar do início da redução da Selic no quarto trimestre de 2023. Isso não será o suficiente para aumentar significativamente a contribuição do consumo para a atividade econômica em 2023, mas cria um bom ponto de partida para 2024.

De fato, a expectativa do Banco Safra é que o crescimento do PIB em 2024 seja mais influenciado pela demanda doméstica—estimulada pela queda dos juros— em relação a 2023, quando o crescimento terá sido devido principalmente ao extraordinário desempenho do setor agro e de suas exportações.

Os reflexos da expansão econômica mais balanceada entre setores, que pode resultar em um crescimento do PIB de 2,5% em 2024, tende a favorecer também a arrecadação de tributos, para a qual o consumo contribui de forma significativa, o que deve ajudar o resultado fiscal.

Confira a íntegra da análise macroeconômica semanal do Banco Safra.

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