Ibovespa fecha em queda, na contramão do exterior

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, mudou de rota e fechou em leve queda nesta quarta-feira, mesmo com o alívio após dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos dentro do esperado.

A Bolsa recuou 0,22%, aos 110.546 pontos, depois de abrir em alta e oscilar entre 110.118 e 111.504 pontos. O volume financeiro da sessão girou em R$ 30,90 bilhões. Com o resultado deste pregão, o Ibovespa acumula perda de 1,56% na semana. Já em setembro, o índice tem ganho de 0,93% e no ano sobe 5,46%.

Saiba mais

• BCE eleva juros em 0,75 ponto percentual e anuncia novas altas
• Receba diretamente as análises do Banco Safra pelo Telegram
• Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretora

Os índices acionários de Wall Street mantiveram o movimento de recuperação, após o tombo da véspera no pior pregão para os índices americanos desde 2020. Dow Jones subiu 0,10%, S&P 500 avançou 0,34% e Nasdaq, 0,74%.

O Ibovespa foi influenciado pelos papéis das empresas de commodities metálicas, que tiveram uma sessão de realização. Vale, que tem grande peso no índice, recuou 1,83%, CSN caiu 3,91%, Gerdau, 3,72% e Usiminas, 3,17%.

Os investidores tiveram um certo alívio com os dados índice de preços ao produtor nos Estados Unidos (PPI, na sigla em inglês). O indicador veio como o esperado pelo mercado, em queda de 0,1% em agosto.

O núcleo do PPI subiu 0,4% no mês passado, ante consenso de alta de 0,3%. No ano, a inflação ao produtor no mercado americano até agosto ficou 8,7%, ante em saldo acumulado em julho de 9,8% e expectativa de 8,8%.

Estes dados dão um alívio ao investidor, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) pior do que o esperado pelo consenso do mercado – subiu 0,1%, mas o consenso era de queda de 0,1%.

“Hoje, as bolsas americanas ganharam algum apoio do índice de preços ao produtor (PPI). O dado mostrou inflação em queda pelo 2º mês em agosto, em linha com o estimado, mas a cautela permanece em meio a preocupações com o crescimento econômico”, disse Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital. “O vaivém foi forte nos mercados, após a liquidação da véspera destacar que a tendência de baixa da inflação precisa ser mais evidente.”

Segundo Labarthe, a divulgação dos dados do CPI acima das estimativas dos investidores elevou as expectativas de que o tamanho e a velocidade do ciclo de alta de juros nos EUA devem ser ainda mais agressivos. ” O foco agora muda para a decisão do Fed (Federal Reserve) na próxima semana. O mercado está dividido: parte vê chances de alta de 75 pontos-base, mas há apostas em 100 pontos”, afirmou.

No mercado local, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o indicador de serviços de julho, com a terceira queda seguida.

Segundo os dados, o volume de vendas do comércio varejista no país recuou 0,8% em julho, na comparação com junho. No acumulado de 2022, o varejo registra variação de 0,4%. Já nos últimos 12 meses, o setor acumula queda de 1,8%. 

“No Brasil, o Banco Central deve manter a taxa de juros em 13,75%, visto que se antecipou a alta que os EUA está realizando agora e está mais confortável com os patamares atuais. Lembrando que a inflação no momento está contribuindo para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária)”, ressaltou Labarthe.