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Brasil anuncia meta mais flexível para corte de emissão de gases

Governo prometeu reduzir emissões em 50%, mas especialistas apontam que mudança na metodologia de cálculo na verdade deixa meta menos ambiciosa

COP-26

O Brasil tem sofrido pressão internacional para colaborar na redução das emissões de gases de efeitos estufa | Foto: Getty Images

O Brasil anunciou aumento da meta climática do País no pavilhão do Brasil na Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow. A nova previsão é cortar 50% da emissão de gases de efeito estufa até 2030 – antes, esse patamar era de 43%.

Especialistas afirmam que o governo fez na realidade uma “pedalada climática”. Isso porque a meta de 43% de cortes nas emissões até 2030 tomava como base os lançamentos de gases estufa na atmosfera em 2005. Mas o governo federal fez um recálculo da base de emissões, o que aumentou essa quantidade de gases emitidas em 2005. Com isso, ainda que a taxa de corte não tenha sido alterada, o ponto de partida das emissões ficou maior, o que piorou a proposta. A revisão é alvo de ação contra o governo na Justiça.

O governo federal tem sofrido pressão internacional para melhorar seus compromissos contra o aquecimento global após uma revisão que deixou menos ambiciosos os compromissos climáticos do País.

Brasil anuncia meta de neutralidade na emissão de gases até 2050

A gestão de Jair Bolsonaro anunciou que vai oficializar na COP-26 a meta de atingir em 2050 a neutralidade (saldo zero) de carbono, o que significa equilibrar todo CO2 liberado com absorção equivalente desse gás, com o reflorestamento, por exemplo.

Esse prazo foi responsável por um impasse na reunião das 20 economias mais ricas do globo (G-20) neste fim de semana. Enquanto Estados Unidos, União Europeia e o Reino Unido defendem esse prazo de 2050, a resistência de países como China, Índia e Rússia tirou menção a uma data específica da declaração final. Em abril, o governo brasileiro já havia sinalizado que adotaria 2050 como referência.

As novas metas do governo são uma tentativa de driblar a desconfiança internacional em relação ao Brasil na pauta do meio ambiente, diante da recente alta de desmate e incêndios na Amazônia.

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, defendeu que Estados mais ricos sejam “mais ambiciosos” em suas metas para reduzir a poluição atmosférica.

Leite afirmou que o financiamento climático é urgente para que o mundo possa fazer frente aos desafios. “É fundamental ter robustos volumes e nas quantidades necessárias para que a transição (para uma economia sustentável) ocorra de forma justa em cada região do planeta”, disse ele em transmissão no pavilhão do Brasil, em Glasgow, onde ocorre a COP-26 junto com um espaço montado em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O presidente Bolsonaro decidiu não participar da COP-26 e está em Pádua, na Itália. Mais de cem chefes de Estado estão reunidos para a convenção climática na Escócia

O que é a COP-26?

A COP-26, que começou neste domingo e seguirá até o dia 12, discute ações climáticas que possam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris, pacto assinado em 2015.

A conferência ocorre em um momento em que eventos climáticos extremos – como secas, inundações e ondas de calor – têm sido cada vez mais frequentes.

O relatório do IPCC, painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente do que na era pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do inicialmente previsto.

Por isso, decisões políticas tomadas pelos líderes ao longo da COP-26 são determinantes para salvar o planeta, mas há grandes desafios para chegar a um acordo. (AE)

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