Brasil busca aproximar relações com Joe Biden
Após a posse do novo presidente dos Estados Unidos, diplomacia brasileira vai buscar abrir caminhos para aproximação
21/01/2021A chegada de Joe Biden à Casa Branca provocará uma tentativa de reconstrução das relações entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, com reflexos diretos na condução da política externa brasileira.
Depois de ecoar queixas do ex-presidente Donald Trump, que denunciava supostas fraudes nunca comprovadas na eleição, Bolsonaro fez uma segunda concessão nesta quarta-feira, 20, ao cumprimentar Biden pela posse como 46º presidente dos EUA.
Até agora, porém, não houve contatos formais entre a embaixada e o Palácio do Planalto e o novo governo – até então de transição. A equipe de Biden evitou ao máximo qualquer relação com representantes de governos externos. Diplomatas da embaixada brasileira mantiveram apenas contatos informais e querem buscar reuniões de trabalho o quanto antes na Secretaria de Estado.
A agenda de Biden é conflituosa com a de Bolsonaro principalmente nos temas do meio ambiente dos direitos humanos, que voltam a figurar entre as pautas prioritárias de Washington.
Bolsonaro foi representado em Washington na posse pelo embaixador Nestor Forster Junior, que serve há anos no país e é reconhecido pelos pares como conhecedor dos meandros da política norte-americana.
Forster e sua equipe enfatizaram que contatos políticos com os partidos Democrata e Republicano são “rotina” no trabalho da embaixada, independentemente de quem esteja no poder, no Capitólio ou na Casa Branca.
Interesses diplomáticos
Reservadamente, embaixadores de alto escalão do Itamaraty avaliam que a Secretaria de Estado reconhece o profissionalismo dos quadros brasileiros. Eles afirmam que há interesses econômicos e comerciais, além de outras colaborações diversas, entre elas a militar, mais abrangentes do que eventuais divergências.
Além disso, dizem que Biden não tem interesses em, ao se afastar completamente, abrir espaços para o avanço da influência chinesa na América Latina, um objetivo declarado do presidente Xi Jinping.
Num primeiro momento, no entanto, a relação e as tratativas devem se reduzir a um mínimo possível, atrapalhando, por exemplo, as conversas em prol de um almejado acordo comercial entre os países, alardeado pelo Ministério da Economia. Há desconfianças de lado a lado sobre como a relação pode se construir, por causa do choque de agendas, e quais atores poderão aproximar os presidentes. (AE)