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Bullying e cancelamento: como intimidação digital afeta os brasileiros

Cor, raça e orientação sexual são os principais motivos de assédio moral, e o ambiente escolar é o local mais comum para a prática de bullying

Alunos em sala de aula

Entre os pais, 81% expressam o receio de que seus filhos sofram bullying ou cyberbullying | Foto: Getty Images

A maior parte dos brasileiros acredita que os casos de bullying (ameaça, humilhação ou intimidação de alguém por qualquer motivo) e os de cancelamento nas mídias sociais cresceram muito no Brasil e avaliam que esses fenômenos sociais não têm sido tratados de forma adequada. A maioria ressalta a existência do silêncio das vítimas, que não denunciariam os agressores por falta de apoio, medo de retaliação e vergonha.

Essa é uma das principais conclusões de uma pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que mostra o alcance dessas temáticas: 78% dos entrevistados sabem o que é “bullying”, 30% o que é “cultura do cancelamento” e 31% tomaram conhecimento da lei que torna crime o “stalking”, ou seja, perseguição.

A 11ª Edição do Observatório FEBRABAN – Pesquisa FEBRABAN-IPESPE Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida dos Brasileiros foi realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País. O estudo traça um amplo panorama a respeito do grau de conhecimento dos brasileiros sobre bullying e cancelamento no país.

Além de mais conhecido, o bullying é também o comportamento mais preocupante. Entre os pais, 81% expressam o receio de que seus filhos sofram bullying ou cyberbullying. E, para 75% dos entrevistados, não pode ser considerada uma “brincadeira” qualquer atitude que discrimina, humilha ou ridiculariza alguém. Para a maioria, esse tipo de conduta leva ao desenvolvimento de problemas psicológicos nas vítimas.

A cor e raça e a orientação sexual se destacam entre as motivações para esse tipo de assédio moral e o ambiente escolar é citado como principal local de ocorrência de bullying.

O cancelamento, por sua vez, causa mais polêmica. Embora a maioria acredite, total ou parcialmente, que se trata de uma forma de chamar as pessoas à responsabilidade sobre como se comportam e o que publicam nas redes sociais, é alto o percentual dos que alegam ser uma forma de censura, ou um termo equivalente à perseguição e intolerância. As celebridades apareçam como o principal alvo de cancelamento, mas as pessoas comuns que estão nas redes sociais não ficam muito atrás.

Campanhas contra assédio e bullying são necessárias, aponta pesquisa

No entendimento de grande parte dos entrevistados, o combate ao bullying e cyberbullying passa por ações preventivas relacionadas a campanhas de conscientização, além do apoio psicológico e judicial oferecido às vítimas.

Com relação à luta contra a cultura do cancelamento, a maioria crê que deve ser feita através de canais de denúncia nas redes sociais, enquanto 43% apostam no trabalho de associações e serviços especializados.

“O bullying e o cyberbullying tornaram-se um grave problema de saúde pública. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídio são alguns exemplos de consequências dessas condutas, evidenciando a necessidade de ampliar o esclarecimento e a discussão sobre o tema”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

Para ele, esse conhecimento se torna especialmente importante em uma sociedade contemporânea, “mais intolerante e onde a privacidade quase inexiste, mas que, ao mesmo tempo, demanda por mais empatia, ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”.

A íntegra do 11º levantamento OBSERVATÓRIO FEBRABAN, pesquisa FEBRABAN-IPESPE pode ser acessada neste link.

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