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Citi vê agenda de crescimento ameaçada na América Latina

Para o economista-chefe do Citi, crescimento é o calcanhar de aquiles não só do Brasil, mas de todos os países do Continente

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Possibilidade de aprovar reformas fiscais no Brasil está prejudicada pelo momento político | Foto: Getty Images

O crescimento é o calcanhar de Aquiles não só do Brasil, mas de toda a América Latina, afirma o economista-chefe do Citi para a região, Ernesto Revilla. “Não há narrativa de crescimento”, disse ele.

Segundo Revilla, apesar de o cenário ser de crescimento baixo para os próximos anos, não há reformas nesse sentido sendo propostas nos países latinos.

“A maior surpresa é que, com a falta de crescimento, você esperaria muitas políticas e ideias na região, mas infelizmente não há uma agenda de crescimento”, aponta. O Citi prevê crescimento de 1,6% do PIB da América Latina em 2022; no caso específico do Brasil, a estimativa é de queda de 0,3%.

Revilla afirma que os países da região estão mais focados hoje em propostas na área fiscal, e dá destaque à preocupação de governos como o chileno, o mexicano e o peruano na tentativa de aumentar a sanidade das contas públicas.

Apesar de necessárias, argumenta ele, as reformas fiscais geralmente têm efeito negativo no crescimento, na medida em que são feitas por meio de aumento de impostos ou por redução nos gastos, sacrificando o investimento.

Para ele, as ações que focam no saneamento das contas públicas são um passo importante, mas teriam de vir depois de reformas específicas para o crescimento, como medidas para aumentar a produtividade. “A falta de reformas para crescimento é surpreendente, porque essa seria a melhor estratégia agora. A segunda seriam as reformas fiscais que, com sorte, serão feitas de forma inteligente, sem machucar muito o investimento público.”

Situação fiscal preocupa investidores, diz economista do Citi

No caso do Brasil, mesmo a possibilidade de aprovar reformas fiscais estaria prejudicada pelo momento político. Revilla avalia que o cenário para reformas é “próximo do impossível” em um ano eleitoral. Pior que isso, acredita que o apetite hoje é baixo para fazer as reformas necessárias para recuperar uma trajetória de endividamento de qualidade.

Segundo ele, o investidor estrangeiro observa as eleições brasileiras de perto. “A maior preocupação em relação ao Brasil é a situação fiscal. Era o caso antes da pandemia. Agora, é ainda mais urgente. Infelizmente, não vemos muito apetite para consolidação fiscal.” (AE)

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