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FMI reduz projeção de crescimento do Brasil de 1,5% para 0,3% em 2022

Baixa na expectativa vem na esteira do aumento de preços em todo o mundo. Fundo também reduziu previsão para a economia global

Aérea do Porto de Santos, com pontes rolantes no cais em destaque, alusivo às projeção de crescimento do Brasil aferida pelo FMI

Expansão projetada pelo FMI para o Brasil é a mais baixa de um grupo de 26 países, entre eles as principais economias avançadas e emergentes | Foto: Getty Images

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento do Brasil de 1,5% para 0,3% neste ano.

A expansão projetada é a mais baixa de um grupo de 26 países, entre eles as principais economias avançadas e emergentes, cujas estimativas foram divulgadas na atualização do relatório Perspectiva Econômica Mundial.

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Para 2023, o FMI também diminuiu a previsão realizada em outubro para o Brasil, de 2% para 1,6%, o que é o segundo desempenho mais baixo neste conjunto, atrás apenas da alta de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul.

Em pontos percentuais, Brasil, México e Estados Unidos registraram a mesma magnitude de redução de estimativa de crescimento para este ano: 1,2 ponto percentual.

Para 2023, o tamanho da diminuição foi a segunda maior, 0,4 ponto percentual, revisão que também ocorreu com a Indonésia, cuja projeção de expansão baixou de 6,4% para 6%.

A pior alteração foi a do Cazaquistão, uma queda de 2,7 pontos percentuais, de 5,8% para 3,1%.

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Inflação no Brasil e desaceleração mundial

O FMI baixou as previsões para o Brasil em um contexto global de desaceleração da economia mundial.

Esse movimento é provocado em boa medida pelas contínuas dificuldades de suprimentos nas cadeias internacionais de produção e pelo forte aumento dos preços de energia e de alimentos - o que gerou uma alta substancial da inflação em todo o mundo.

A elevação expressiva do IPCA, que subiu 10,06% no ano passado, levou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a adotar um ciclo intenso de alta de juros, o que tem impactos no nível da atividade nacional.

O menor ritmo do crescimento global foi registrado por alguns grandes países emergentes, destaca o FMI, ressaltando também os casos da China e do México.

"As perspectivas também se enfraqueceram no Brasil, onde o combate à inflação provocou uma forte resposta da política monetária, que pesará sobre a demanda doméstica. Uma dinâmica semelhante está em funcionamento no México, embora em menor grau."

A atualização do relatório do Fundo Monetário Internacional teve foco exclusivo nas projeções de crescimento econômico dos países analisados.

Projeção do FMI para o mundo

Na esteira da desaceleração econômica mundial, o FMI também reduziu a estimativa de crescimento do mundo de 4,9% para 4,4% neste ano.

Novamente, o principal fator para o fraco desempenho é a continuidade da pandemia de covid-19, com a disseminação da variante ômicron.

Para 2023, o órgão elevou um pouco a previsão de expansão global, de 3,6% para 3,8%, considerando uma leve melhora do controle da pandemia em 2022.

Nesse sentido, o fundo ressalta que a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) mundial será influenciada em boa medida pela perda de vigor do crescimento dos EUA e da China.

No caso da economia norte-americana, o FMI fez uma expressiva redução da projeção do crescimento deste ano de 5,2% para 4,0%, o que contou com três fatores importantes dentro do cenário:

  1. A retirada da aprovação pelo Congresso do plano de investimentos de US$ 1,75 trilhão proposto pelo governo do presidente Joe Biden para as áreas sociais, de educação e combate a mudanças climáticas;

  2. A antecipação da alta de juros pelo Federal Reserve;

  3. As dificuldades prolongadas da oferta.

Para 2023, foi elevada a projeção dos EUA de 2,2% para 2,6%, sem a apresentação de detalhes.

Mas a instituição multilateral ressalta que pequeno avanço da velocidade global no próximo ano será "majoritariamente mecânico", pois vão se dissipar os choques da produção e da inflação.

Em relação à China, o FMI diminuiu a estimativa de crescimento de 5,6% para 4,8% em 2022 e baixou levemente de 5,3% para 5,2% no próximo ano.

Foram determinantes para estas novas previsões do Fundo as restrições impostas pelo governo em Pequim para conter a proliferação da covid-19 e o estresse financeiro no setor imobiliário, condições que não permitiram um incremento mais firme do consumo.

Zona do Euro e Japão

Para a zona do euro, o Fundo cortou a estimativa de expansão do PIB de 4,3% para 3,9% neste ano.

Restrições prolongadas de oferta e a covid-19 produziram uma revisão de 0,4 ponto percentual, gerada em boa medida pelo impacto forte na economia da Alemanha pelos problemas nas cadeias internacionais de produção.

Por outro lado, a expectativa de melhora do controle da pandemia levou o FMI a elevar a previsão de crescimento da região de 2,0% para 2,5% em 2023.

O Fundo elevou um pouco a previsão de alta do crescimento do Japão de 3,2% para 3,3% neste ano, enquanto aumentou de 1,4% para 1,8% em 2023.

As melhores perspectivas foram motivadas por "melhorias antecipadas da demanda externa e a manutenção do apoio fiscal" à economia doméstica pelo governo. (AE)

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