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Como fica a renda fixa com a abertura da curva de juros

O crédito privado de emissores com bom perfil de crédito atrelado à inflação é uma boa opção para proteger o patrimônio no atual cenário de inflação

Renda fixa

O risco inflacionário vai guiar a alocação de ativos nas carteiras dos investidores em 2022 | Foto: Getty Images

A questão da inflação é um assunto recorrente quendo se trata de crédito privado. Isso por causa do impacto que a alta inflacionária tem nas curvas de juros (NTN-B e DI futuro) e, por consequência, nos títulos atrelados ao IPCA.

E, sem sombra de dúvida, o risco inflacionário vai guiar a alocação de ativos nas carteiras dos investidores em 2022. A grande expectativa do mercado é que a inflação volte para a meta definida pelo Banco Central.

Para podermos entender melhor o que vem acontecendo, vamos olhar como ficou o IPCA em 2021. A inflação em dezembro divulgada pelo IBGE foi de alta de 0,73%, abaixo de 0,95% registrado em novembro. Com isso, a inflação acumulada em 2021 atingiu alta de 10,06%, a maior desde 2015, quando bateu 10,67%.

O que causou esse aumento? Diversos fatores contribuíram para elevar a inflação, entre eles a alta das commodities, a crise hídrica que ocasionou o aumento da tarifa de energia, a desvalorização cambial e o preço dos combustíveis, que foi puxado pela demanda.

O Banco Central também citou entre as justificativas o desequilíbrio entre demanda e oferta na cadeia global e os efeitos da pandemia. Para 2022, espera-se uma convergência da inflação, uma reação esperada num cenário de Selic em alta. No entanto, a inflação ainda deve ficar fora da meta.

Expectativa de inflação tem mudança de direção

De acordo com dados do Boletim Focus do Banco Central, vemos um movimento de leve alta na expectativa da inflação para 2022 e 2023. Para 2022, a expectativa subiu de 5,03% para 5,09%. O movimento é pequeno, mas indica uma mudança na direção da expectativa da inflação, que antes era de queda e agora voltou a ter uma tendência de alta.

O reflexo desse movimento se traduziu na volatilidade observada na curva do DI futuro, que é negociado na B3 e que funciona como uma espécie de referência de quanto o mercado está esperando de aumento na taxa básica de juros no futuro. Vimos uma abertura nessa curva praticamente em todos os vencimentos, sinalizando não apenas a expectativa de aperto monetário, mas também o risco fiscal, ou o descontrole com as contas públicas, que voltou a causar ansiedade no mercado mais recentemente.

Olhando para a curva NTN-B, que mostra o juro real, pode-se verificar que ela está operando em patamares elevados. O movimento foi de abertura em todos os vencimentos, e isso está relacionado ao fato de o mercado exigir um prêmio de risco maior, tendo em vista a piora de percepção no cenário fiscal no Brasil.

Abra sua conta

É importante ter em mente que, atualmente, a inflação é um fenômeno global. O FED, o banco central dos EUA, elevou recentemente a taxa de juros visando conter o aumento da inflação por lá. O fato é que o mercado não tem tanta certeza de como será a política monetária americana e como será o comportamento da taxa de juros, então o investidor internacional volta os olhos para lá na expectativa. Caso tenhamos um cenário de mais aperto monetário de juros nos EUA, isso vai se refletir nos países emergentes, uma vez que o investidor vai exigir mais prêmio na curva, o que não é bom para a atividade econômica.

Como ficam os investimentos em renda fixa?

Agora surge a pergunta: como ficam os investimentos em renda fixa diante desse cenário?

Em crédito privado, como as debêntures, CRA e CRI são ativos negociados no mercado secundário e cujo preço está sujeito às oscilações por conta de riscos macroeconômicos, riscos de crédito e dentre outros. Logo, é importante avaliar a rentabilidade desses títulos em comparação com os títulos públicos, que são influenciados diretamente pelo movimento das curvas comentadas anteriormente.

No caso das debêntures atreladas ao IPCA, devemos olhar para a curva NTN-B e comparar as taxas, daí podemos calcular o spread da debênture. Na avaliação do Safra, a recomendação é buscar por ativos de crédito privado atrelados ao IPCA e de prazos mais longos, acima de 2 anos, tanto para se proteger contra a inflação quanto para buscar maiores rentabilidades.

Para o curto prazo, é interessante olhar algumas opções de títulos de renda fixa pré-fixados. Há títulos bancários, como CDB, LCA, LCI, que podem se mostrar atrativos. De qualquer forma, o cenário de investimento é de cautela por causa da inflação e dos riscos fiscais, o que gera volatilidade. Nesse sentido, o crédito privado atrelado à inflação e de emissores com bom perfil de crédito se mostram atraentes para proteger o patrimônio.

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