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Clássico da coquetelaria, Bloody Mary faz 100 anos

O Harry's, em Paris, reivindica a invenção da mistura e festeja o centenário do drinque que Hunter Thompson tomava no café da manhã

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O Bloody Mary também pode ter sido criado nos bares secretos durante a vigência da Lei Seca no Estados Unidos | Foto: Getty Images

O Harry’s Bar, de Paris, está em festa. Há cem anos, o barman Fernand “Pete” Petiot servia pela primeira vez sobre seu disputado balcão de mogno o Bloody Mary, drinque à base de vodka e suco de tomate que se tornou um clássico da coquetelaria mundial.

Embora a casa reivindique o lançamento da bebida, existem registros que Petiot tenha feito no Harry’s uma versão mais temperada de uma mistura que já vinha sendo preparada nos “speakeasy”, os bares escondidos de Nova York onde se driblava a Lei Seca decretada em 1920.

A mistura do coquetel não entregava a presença de álcool, depois do consumo. Essa seria a explicação do prosaico salsão que enfeita o preparo.

Independentemente da autoria, é fato que no Harry’s, onde bebiam os escritores, alcoolatras e melhores amigos Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, Petiot estabeleceu a receita reproduzida até hoje e considerada universal: suco de tomate, vodca (na proporção 2 para 1), sal, pimenta, limão, molho Worcestershire e um talo de salsão.

O Harry’s está exigindo o passaporte de vacina para frequentar o bar na semana de aniversário do coquetel.

O Bloody Mary do Harry’s mantém a receita e a fama

Franz-Arthur MacElhone, bisneto do fundador do bar, Harry MacElhone, admite que o nome do drinque não tem origem certa. O “Dieford’s”, bíblia da coquetelaria, diz que a versão mais comum é a referência à rainha Mary Tudor, monarca inglesa que entrou para a história como Maria, a Sangrenta, pela perseguição e assassinato de protestantes.

O Harry’s mantém a receita original – o bar todo, aliás, é exatamente o mesmo desde a inauguração, em 1911, o que garante seu lugar no coração de Paris (a um quarteirão da praça Vandôme) como ponto turístico obrigatório.

Em outros cardápios, porém, a bebida ganhou icontáveis versões. No Brasil, é muito fácil encontrar a opção com Tabasco no lugar do Worcestershire e também o acréscimo de molho inglês. O sal de aipo é o mais indicado para o preparo, que combina com pimenta do reino moída na hora e pode ser servido em copo longo com gelo.

O Harry’s cobra € 14 (cerca de R$ 90) por sua “Maria Sangrenta”, mais que o dobro do preço de uma Caipirosca ou um Side Car do mesmo menu. E segue se apresentando como origem da invenção centenária, que por muito tempo teve a fama de curar ressaca.

Acreditava-se que os sais minerais presentes no suco de tomate poderiam ajudar a recuperar o organismo. Mas a medicina esclarece que a bebida faz o que qualquer outra faria: mantém elevado o nível de álcool no sangue, protelando apenas o mal-estar que sucede o efeito etílico.

Segundo o livro “Mint Juleps with Teddy Roosevelt”, o Bloody Mary é o terceiro drinque preferido dos presidentes americanos, atrás apenas do Vodca Martini e do Mint Julep do título. O escritor Hunter Thompson tomava o coquetel no café da manhã. Algumas vezes, mais que um, contam seus biógrafos.

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