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COE: quatro perguntas-chave para identificar estratégias eficientes

Para alguns investidores, o Certificado de Operações Estruturadas traz um estigma de baixa transparência e rentabilidade duvidosa

COEs são estratégias sofisticadas, mas, segundo especialista, não precisam ser pouco claros ou difíceis de entender | Foto: Getty Images

COEs são estratégias sofisticadas, mas, segundo especialista, não precisam ser pouco claros ou difíceis de entender | Foto: Getty Images

Uma ferramenta de alocação para diversificação com potencial de valorização e risco controlado é uma definição de investimento que chama atenção. Mesmo assim, os Certificados de Operações Estruturadas (COE) não caíram nas graças de muitos investidores e acabaram estigmatizados por alguns deles. A desconfiança acaba limitando o uso de estratégias do gênero, mas ela pode ser diminuída ou sanada quando as perguntas certas são feitas sobre o produto.

Apesar de serem instrumentos com estratégias sofisticadas, o funcionamento e transparência das estratégias não precisam ser complexos”, observa Jerckns Cruz, especialista neste tipo de estrutura da Tesouraria do Banco Safra. Este tipo de produto começou a ser apresentados como opção de investimento no Brasil em 2014, há dez anos.

Questões de transparência e discursos de venda que ocultavam características das estruturas de alguns COEs estão entre os motivos do estigma criado em cima deste tipo de investimento. “Práticas diferentes de mercado, focadas no potencial de retorno para o cliente, levaram as chamadas ‘Structured Notes’ a serem muito mais populares na composição de carteiras de investidores nos EUA e Europa”.

É possível interpretar um COE antes da decisão de investimento, pois estes produtos têm uma composição pré-definida. Para auxiliar nas futuras decisões de investimento, preparamos quatro perguntas cruciais para avaliar um COE e às utilizar de forma favorável em sua carteira de investimentos:

“O derivativo advindo do ativo referência é o que gera rentabilidade em um COE e por isso é fundamental compreendê-lo”, reforça o especialista do Banco Safra. Os pontos importantes de compreensão envolvem a volatilidade, histórico e liquidez do ativo, que indica potencial de ganho futuro.

Quanto mais volátil é o ativo, maior o seu potencial de rentabilidade. Na análise de histórico, um investidor deve considerar as diferenças no acesso às informações – ativos listados em bolsas costumam trazer mais transparência enquanto fundos de investimento podem ser mais complexos de interpretar. “Ativos com pouco ou nenhum histórico, transparência limitada ou baixa volatilidade devem despertar a atenção do investidor”.

Saiba mais

Outra avaliação está na alavancagem, estratégia que propõe a aceleração do ganho enxergado no ativo de referência e está presente no desenho de muitos COEs. Para o especialista, produtos com uma alavancagem superior a três vezes a alta do ativo acendem um sinal de alerta.

“Apenas derivativos com pouco potencial de retorno conseguem acomodar grandes alavancagens. Nestes casos, o derivativo tende a ter volatilidade baixa e, consequentemente, pouco potencial de retorno. COEs que pagavam sete ou dez vezes a alta do ativo e saíram no zero após cinco anos, por ter um ativo pouco rentável, ajudaram a estigmatizar este produto.”

A pergunta de rentabilidade esperada em comparação à curva pré-fixada é aplicável para casos de COEs com rentabilidade mínima e/ou máxima. “A recomendação é que o investidor escolha um título com boa rentabilidade e o compare com o COE. Essa simulação e questionamento podem render respostas valiosas”, comenta Cruz.

No caso de COEs com limitação de alta, a rentabilidade máxima deve ser convertida em taxa ao ano e comparada a um título pré-fixado de mesmo prazo, como Tesouro Direto, CDBs ou LCAs. Estruturas sem limite de rentabilidade, por sua vez, precisam ser avaliadas pelo potencial de retorno do ativo.

Caso haja rentabilidade mínima, o questionamento é similar. Se não houver, o investidor deve se atentar ao risco de perder o CDI acumulado – que aumenta de acordo com o prazo de vencimento.

COEs costumam ter vencimentos fixos longos e deságio na liquidação antecipada. Portanto, quanto mais longo for o vencimento, mais tempo a aplicação fica indisponível para resgate.

Se o investidor precisar do dinheiro aplicado antes do vencimento do COE, existe a opção de negociá-lo no mercado secundário, com a venda para outro investidor que esteja interessado no produto ou recompra pelo emissor, geralmente com deságio do valor investido por causa da própria construção do COE (ilustrada na imagem sobre o funcionamento mais acima).

Análise da liquidez de COEs e perfil de investidor devem ser considerados antes de investir | Foto: Getty Images

O especialista do Safra relembra que “ao investir em um COE, deve-se considerar outras características positivas. Dentro de uma composição de carteira diversificada, este tipo de produto pode cumprir um papel importante na proteção do patrimônio, ampliando os cenários de rentabilidade com a praticidade de ser um único ativo na carteira de investimentos. Além disso, nem todo investimento na carteira precisa ter liquidez.”

Outro ponto de consideração é que, apesar da tributação do COE ser a mesma de títulos de renda fixa, eles devem ser considerados como renda variável no portfólio de investimentos. “Como qualquer aplicação, a recomendação é seguir a estratégia e apetite a risco presente em seu perfil de investidor”.

Como qualquer produto que envolva renda emitida por instituições financeiras, o investidor está exposto ao risco de crédito do banco emissor. Isso quer dizer que se quem emite um COE passar por dificuldades financeiras, haverá impacto sobre este produto. Outro agravante é que este perfil de produto não é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) – ou seja, se o emissor não cumprir com seus compromissos financeiros, o investidor pode não receber o capital investido de volta, mesmo que o produto apresente essa garantia.

Na estratégia de lucro, como emissora do produto, a instituição tem spreads comerciais (ou comissões) cobrados por emissão e que podem impactar o potencial de retorno para o cliente. Essa prática é comum e, acima de tudo, deve ser clara para quem investe no produto, pois quanto maior o ganho comercial, menor será o financeiro disponível para o derivativo, o que aumenta o desafio de encontrar uma opção com retorno interessante no vencimento.

Transparência e solidez são premissas para qualquer investimento com qualquer instituição. Com COEs, este peso é dobrado. Se tiver dúvidas sobre o emissor de uma dessas estratégias ou sobre a estratégia em si, o melhor caminho é buscar alternativas”, aponta Cruz. O especialista ressalta que os COEs do Banco Safra contam com spread comercial diferenciado em relação à concorrência e que não há custos adicionais na contratação, como corretagem, administração ou taxa de custódia.

Instituição emissora do produto e solidez dos seus negócios devem ser avaliadas com atenção antes aplicar em COE | Foto: Getty Images

Nem tudo são perdas: para investir em COE, entenda a tese

Todo COE é baseado em uma tese de investimento e, muitas vezes, essa tese está atrelada à renda variável. Quando o resultado no vencimento do produto é adverso, muitas vezes não há remuneração depois de um longo período alocado. Nestes casos, a sensação de receber apenas o capital investido é ruim, como a de um prejuízo grande, mas é mais correto comparar este cenário com a rentabilidade que receberia em uma aplicação de renda variável.

“O custo de oportunidade na escolha de um COE nem sempre é avaliado de forma justa” analisa Cruz. “Sair no zero, na maioria das vezes, é resultado de desvalorização do ativo referência. Porém, é um resultado muito melhor do que o investidor teria em uma tese similar, mas em outro tipo de investimento sem proteção”.

O especialista explica com um exemplo o porquê de receber o capital protegido não deve ser considerada necessariamente um erro de investimento. “Caso a ação de uma empresa desvalorize 20% no vencimento de um COE, depois de três anos, o investidor pode sair sem este prejuízo. O custo de oportunidade, aqui, deve ser comparado a alternativas possíveis no momento que o investimento foi feito. Quem investiu no COE teve a proteção que quem comprou papéis da companhia não teve – o que, neste cenário, acarretaria perda significativa de capital investido”.

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