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Com alta do petróleo, defasagem do preço do diesel chega a 27%

Com o barril do petróleo cotado a US$ 112,9, no fechamento de quarta-feira, Petrobras estuda qual será o repasse no preço do diesel e da gasolina

combustíveis

Petrobras estuda qual será o repasse da alta do petróleo no reajuste esperado para os próximos dias | Foto: Getty Images

A defasagem entre os preços cobrados pela Petrobras e os das principais bolsas de negociação do mundo chegou a 24%, para a gasolina, e 27%, para o óleo diesel, segundo cálculo do consultor em Gerenciamento de Risco da consultoria Stonex, Pedro Shinzato. Ontem, o preço do barril do petróleo alcançou a cotação de US$ 112,9.

Para evitar que a alta do petróleo corroa seu caixa, a Petrobras recorre aos estoques comprados há cerca de dois meses, a preços mais baixos. O risco é que a reserva acabe e o abastecimento interno seja afetado. O tema é discutido pela direção da empresa, que acompanha de perto as oscilações do petróleo e tentar definir o próximo passo.

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Se decidisse repassar integralmente a alta do petróleo para os seus clientes, o preço do litro da gasolina nos postos poderia subir de R$ 6,56 para R$ 7,15 e o do óleo diesel, de R$ 5,65 para R$ 6,64. As altas nas bombas dos postos de gasolina seriam, portanto, de 9% e 17%, respectivamente, pelas contas de Shinzato, que desconsiderou possíveis mudanças em outras componentes do preço de consumidor, como impostos.

“Desde o início do ano, a Petrobras vem continuamente mantendo preços ligeiramente abaixo do PPI (de equiparação ao mercado internacional). Essa diferença coloca em xeque a política de preços da empresa”, afirma. Parte do resultado recorde de R$ 106 bilhões de 2021 ocorreu em função do repasse da alta do petróleo no mercado externo para o interno.

Luciano Losekann, especialista em petróleo e professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), diz que o cenário é de incerteza, mas que dificilmente o barril será negociado em patamar inferior a US$ 100 nos próximos dias. “Como já tem um mês desde o último reajuste, devemos ter um aumento nos próximos dias, embora acredite que a Petrobras não repasse a alta integral aos consumidores, num primeiro momento.”

Alta do petróleo afeta preço da gasolina e do diesel por causa do déficit no refino

Para deixar o cenário ainda mais complicado, a companhia perdeu a contribuição dos demais importadores para atender ao mercado interno. Apesar de o Brasil ser superavitário em petróleo, possui déficit em refino e, por isso, o consumo interno é coberto também com importação.

No caso do diesel, a dependência de outros países é grande, de 25%. Como os preços da Petrobras se mantêm inalterados desde o início do ano, a concorrência, sem capacidade de competir, cruzou os braços e, desde janeiro, não fornece uma gota de gasolina ou diesel. Em contrapartida, a demanda continua crescendo, como acontece desde 2020. A importação por terceiros está inviabilizada, segundo o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

Isso significa que, praticamente, toda responsabilidade de fornecimento de combustíveis está com a Petrobras e que, se alguém tiver que pagar a conta pela alta do petróleo no Brasil, será a empresa. O tamanho da conta vai depender do reajuste que vai anunciar. (AE)

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