Com menor concorrência, Moura Dubeux deve manter margens sólidas
O lucro líquido da Moura Dubeux cresceu 65% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 14 milhões, com expansão de margem líquida
10/03/2022Moura Dubeux (MDNE3) continua a apresentar resultados operacionais saudáveis, que mais uma vez se refletiram em margens sólidas que, segundo o Banco Safra, deve perdurar no futuro.
Para o Safra, a Moura Dubeux lançou três projetos no quarto trimestre, que representaram R$182 milhões em valor geral de vendas (VGV) e uma queda de 59,7% no comparativo anual.
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No acumulado do ano, a empresa lançou R$ 1,1 bilhão em lançamentos líquidos, 17% abaixo da estimativa de R$ 1,3 bilhão do banco.
O Safra ressalta que devido a atrasos nas licenças a empresa adiou o lançamento de dois empreendimentos, que foram lançados no no primeiro trimestre deste ano, com VGV líquido de R$ 301 milhões.
Além disso, alcançou mais um excelente trimestre em termos de vendas contratadas líquidas e adesões, que totalizaram R$ 341 milhões, representando uma expansão de 18% anualmente, segundo o Safra.
A velocidade de vendas (SoS) trimestral da Moura Dubeux permaneceu resiliente em 27,2%. Assim, o índice SoS LTM da empresa atingiu 58,5%, representando uma expansão de 1.390 bps ano contra ano e 270 bps no comparativo trimestral.
A receita líquida da Moura Dubeux totalizou R$ 160 milhões, representando um recuo de 25% no comparativo anual e 11% ante o trimestre anterior, explicada, de acordo com o banco, pela menor venda de estoques acabados, pois apresentou uma redução significativa de unidades em estoque entre os períodos.
Por outro lado, houve um aumento de 191% anualmente e 11% trimestralmente na receita diferida da companhia no quarto trimestre, o que tende a se traduzir em uma maior expansão da receita líquida nos próximos trimestres.
O lucro líquido da Moura Dubeux cresceu 65% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 14 milhões, com expansão de margem líquida de 540 bps A/A, para 10%. O resultado também foi impulsionado pelo crescimento de 30,1% do seu ganho financeiro líquido.
Apesar disso, avalia o Safra, a empresa apresentou queda de 45,5% no trimestre, em suas receitas financeiras, impulsionada pela queda de 59% nas multas e juros recebidos, explicada pela desaceleração do INCC no período. Com isso, observamos uma queda de 660 bps na margem líquida no trimestre.
O Safra informou que continua confiante na estratégia de longo prazo da Moura Dubeux, principalmente considerando sua recuperação bem-sucedida e a menor concorrência do mercado imobiliário nordestino.
Além disso, apesar de sua sólida criação de valor, o banco observa as ações da empresa sendo negociadas atualmente a 0,4x P/VP para 2022, o que implica uma relação ROE/P/VP de 24%, o que o levou a reforçar o rating de compra para MDNE3.
Vale a pena investir em MDNE3?
- Entre os principais catalisadores estão vendas de estoques acabados, aumentando a geração de caixa da empresa e reduzindo despesas de manutenção;
- Desempenho das vendas trimestrais, que deve ser visto como um termômetro para a demanda do mercado e pode potencialmente acelerar seus lançamentos;
- Melhora nos indicadores que impactam o setor, como inflação, níveis de confiança dos consumidores e taxas de desemprego; e
- Aumento mais rápido de seu banco de terrenos em locais estratégicos, especialmente em Recife e Salvador.
Quais são os principais riscos de MDNE3?
- Estoque de terrenos limitado, que totaliza em torno de R$ 3,6 bilhões em VGV, suficiente apenas para suportar seu plano de crescimento para pouco mais de 2 anos;
- Taxas de juros mais altas e custos de produção crescentes, o que forçaria a empresa a elevar os preços dos imóveis, potencialmente reduzindo a velocidade de vendas;
- Aumento ou manutenção de elevadas taxas de desemprego, principalmente na região Nordeste, afetando a recuperação da indústria regional; e
- Novos entrantes na região Nordeste, acirrando a concorrência e impactando os volumes de vendas, preços e custos de aquisição de terrenos.
Sobre a Moura Dubeux (MDNE3)
Com foco em empreendimentos residenciais voltados para famílias de renda média e alta na região metropolitana do Nordeste do Brasil, a empresa foi fundada em 1983 pelos irmãos Dubeux, principais acionistas da empresa hoje.
Apesar da crise imobiliária de 2014, que afetou severamente os negócios da Moura Dubeux (MDNE3), a empresa apresentou resultados mais sólidos desde o 2º semestre de 2020, pois utilizou os recursos de R$ 1,1 bilhão levantados com seu IPO para executar um processo de recuperação.
No total, a Moura Dubeux lançou R$ 672 milhões em VGV em 2020, mas a empresa está passando por um plano de expansão no qual pretende chegar a R$ 1,5 bilhão em VGV lançado até 2022, o que representaria um CAGR de 3 anos de 62%.