close

Vendas de cimento já mostram sinais de desaceleração

Mesmo com uma pequena melhora na comercialização no mês de fevereiro, o setor apresenta queda de 3,5% nas vendas no ano

Construção civil

A venda por dia útil foi de 225,7 mil toneladas em fevereiro, queda de 3,4% | Foto: Getty Images

As vendas de cimento em fevereiro totalizaram 4,8 milhões de toneladas, um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo mês de 2021. Apesar da ligeira melhora, o setor apresenta uma retração de 3,5% no acumulado dos dois primeiros meses do ano em relação ao primeiro bimestre de 2021, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic).

A venda por dia útil – um indicador que considera o número de dias trabalhados que tem forte influência no consumo de cimento – foi de 225,7 mil toneladas, queda de 3,4% comparado ao mesmo mês do ano anterior. Em fevereiro, o setor nas regiões Sudeste e Centro-Oeste repetiu o baixo desempenho registrado em janeiro, enquanto nas regiões Norte e Sul permaneceu com as vendas positivas.

Saiba mais

Os principais indutores do desempenho foram as perspectivas mais favoráveis no mercado de trabalho (diminuição do desemprego), a continuidade do Auxílio Brasil (programa de transferência de renda que substituiu o Bolsa Família) e a queda considerável dos números da pandemia, após um início de ano conturbado em função da nova variante ômicron, da gripe Influenza e das fortes chuvas ocorridas em janeiro em quase todo país.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a confiança do consumidor melhorou, porém o índice de confiança do empreendedor recuou novamente, sinalizando uma desaceleração da economia. A confiança da construção civil apesar da alta de fevereiro não foi suficiente para recuperar a perda de janeiro, mesmo sem uma mudança significativa no cenário setorial, reiterando um horizonte de muitas incertezas, de acordo com o sindicato.

Mesmo com a leve recuperação do mercado de trabalho, a massa salarial continua em queda, porque os novos postos estão com salários menores do que antes da pandemia, fazendo o rendimento real atingir o menor patamar da série histórica. Além da inflação alta, o poder de compra da população está sendo corroído, de acordo com o Sindicato. A crescente taxa de juros, junto ao endividamento recorde das famílias traçam uma projeção de dificuldades para a atividade econômica.

Juros, inflação e guerra afetam as vendas de cimento

De acordo com o sindicato, existe hoje uma realidade no Brasil e no exterior marcada por significativa majoração nos preços das commodities, afetando diretamente o setor.

Os custos dos insumos permanecem em alta, especialmente aqueles ligados à energia térmica (principalmente o coque de petróleo), que se agravam com o conflito entre Rússia e Ucrânia. A guerra na Ucrânia causa desarranjo e gargalos na logística global do transporte marítimo com aumentos nos seguros, combustível das embarcações e consequentemente no frete, pressionando os custos da indústria do cimento, segundo o sindicato.

Em razão desse complexo cenário, a indústria do cimento projeta um agravamento da performance da atividade ao longo do ano.

“A forte pressão no preço das commodities está afetando o mundo. A situação se agrava em razão da guerra da Rússia contra a Ucrânia que, inevitavelmente, afetará ainda mais o valor do petróleo, do gás, do carvão e do coque no mercado global. Desta forma, a indústria nacional e do cimento, em particular, está enfrentando aumentos ainda mais expressivos nos seus custos de produção”, diz Paulo Camillo Penna. (AE)

 

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra