Pessimismo com juros derruba mercados e Ibovespa despenca
Alta de juros no Brasil e nos Estados Unidos reforça o sentimento de retração econômica no mundo e pesa no índice
05/05/2022O sentimento dos investidores no Brasil e nos Estados Unidos foi mais pessimista nesta quinta-feira. Os mercados operaram, tanto aqui como nos EUA, em forte queda após a decisão das autoridades monetárias de elevação de juros nos dois países. No País, por exemplo, por volta do meio dia, o Ibovespa chegou a cair mais de 4%.
Com isso, Ibovespa despencou 2,81%, aos 105.304 pontos. O desempenho negativo de maio e abril fez com que o índice zerasse os ganhos acumulados neste ano. Já o dólar fechou em alta nesta sessão, de 2,30% e é cotado a R$ 5,01.
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As bolsas americanas também perderam nesta quinta-feira. Dow Jones recuou 3,11%, Nasdaq caiu 4,99%. O S&P500 fechou em baixa de 3,55%.
“O que traz a bolsa para baixo são os juros altos no mundo”, disse Rafael Foscarini, da Belo Investment Research. “Juros altos não é bom para atividade econômica, pois fica mais difícil para as empresas se financiarem, não há crescimento e isso gera uma sensação de pessimismo para a atividade econômica no mundo.”
Na “super quarta”, o Banco Central do Brasil aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual e os juros passaram a 12,75% ao ano. Já o Federal Reserve (Fed) elevou os juros americanos em 0,5 p.p.
Além disso, segundo Foscarini, o Copom sinalizou que está chegando ao fim o ciclo de alta dos juros no Brasil e o Fed, por sua vez, indicou o início desse movimento de elevação dos juros. “Isso vai atrair os investidores para o mercado americano e isso pesa no Ibovespa”, disse.
“O Brasil ainda sofre com ruido político crescente com o reajuste salarial dos servidores e a votação do piso salarial enfermagem, o que pode, novamente, furar o teto de gastos. Pode ser que esse papel político comece a fazer mais preço na bolsa brasileira.”
Para Roberto Coutinho, gestor de fundos, o mercado está ainda se questionando qual será a velocidade do aperto monetário nos Estados Unidos e, consequentemente, o quanto isso poderá aprofundar crise econômica mundial. “Já é quase consenso que teremos uma forte crise em 2022, mas a questão que paira no ar é qual a magnitude e intensidade da crise que teremos nesse ano”, disse.
Segundo ele, sempre que há um pânico no mercado, com bolsas caindo, a tendência é que os investidores busquem ativos mais sólidos e saiam de moedas fracas e países emergentes. “Por isso, o dólar ganhou um pico tão grande em relação ao real na sessão de hoje”, ressaltou.