Com os juros em 10,75% ao ano, como ficam os investimentos?
A nova alta da taxa básica de juros altera o cenário para os investimentos, especialmente na Bolsa de Valores
03/02/2022A taxa básica de juros (Selic) subiu mais 1,5 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, a mais alta desde 2017. A mudança altera o cenário dos investimentos e muda a perspectiva de valorização de algumas empresas e setores na Bolsa de Valores.
O rendimento da caderneta de poupança não muda muito. Considerando a taxa referencial (TR) de 0,04% ao mês, ou 0,52% ao ano, o rendimento deve ser de 6,69% neste ano.
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A rentabilidade da poupança vai continuar não sendo atrativa em relação aos outros produtos conservadores. Considerando a estimativa de 5,38% de inflação (IPCA) em 2022, o ganho real da popuçança ficaria em 1,3% em 2022.
Como opção mais rentável o investidor pode optar por Tesouro Selic, CDBs e fundos referenciados ao DI. O Tesouro Selic é igualmente seguro e tem remuneração diária, diferentemente da poupança, que é corrigida mensalmente na data de aniversário. Nos dois casos o saque pode ser feito no mesmo dia.
No caso do CDI, o rendimento passa a ser de 10,65% ao ano, pois o investimento costuma ser 0,10 ponto percentual menor que a taxa de juros.
O investidor que não faz questão da liquidez pode encontrar produtos como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário), que conta com a mesma garantia da poupança e pode render 95% do CDI (8,33% ao ano nas taxas atuais), sendo isenta de imposto de renda.
Juros mais altos mudam o cenário para investimentos em ações
O mercado de ações oferece boas opções e a Bolsa de Valores não deve ser afetada pela alta de juros, pois os investidores já consideram no preço dos ativos o aperto monetário, que não trouxe surpresas.
No acumulado do ano, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) acumula cerca de 7% de valorização, depois de ter recuado quase 12% em 2021. A alta em 2022 reflete o interesse de investidores estrangeiros pelos preços vantajosos das ações no Brasil.
No investimento em ações, é importante ter informações sobre empresas e setores com mais chances de valorização.
Analistas consideram que a Bolsa deve se valorizar mais quando a curva de juros começar a cair, mas o aumento dos juros nos Estados Unidos a partir de março tende a ter efeito contrário.
Problemas na cadeia produtiva podem elevar inflação
Riscos sanitários ou geopolíticos que afetam a cadeia produtiva podem pressionar a inflação, o que também afeta as cotações na Bolsa.
A alta dos juros pode prejudicar mais as ações de empresas alavancadas (endividadas). O custo mais alto do dinheiro eleva as despesas, reduzindo os lucros.
Setores que dependem de mais renda da população, como o varejo, também tendem a sofrer mais com a alta dos juros, que reduz o poder de compra da população. As taxas de financiamento de imóveis também sobem com os juros, o que abala o setor de imóveis e construção.
As companhias que pagam dividendos aos acionistas, como as do setor elétrico, tendem a enfrentar mais competição do retorno dos juros e da inflação.
O maior custo de spread bancário (diferença entre o custo de captação e os juros cobrados do cliente) favorece empresas financeiras, já que o setor bancário tem ganhos maiores.