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Varejo e construção seguram Ibovespa em dia de mercado volátil

Índice acompanha cautela global, mas sinalização do Copom agradou investidores e favorece setores mais sensíveis aos juros

Perspectiva de baixo do prédio do Banco da Inglaterra, que elevou o juro do país e afetou o Ibovespa

Banco Central da Inglaterra manteve a taxa, mas alertou para os riscos para cima da inflação | Foto: Getty Images

Empresas de varejo e da construção ajudam a segurar o Ibovespa em dia de mercado volátil após a alta dos juros no Brasil e queda nas bolsas de Nova York pelos resultados de grandes empresas, como a Meta, dona do Facebook

Investidores consideraram positiva a comunicação clara do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, sinalizando redução de ritmo do aperto monetário após a elevação da Selic em 1,5pp para 10,75%.

O Ibovespa reduziu as perdas no período da tarde nesta quinta-feira, 3. Às 15h20, o índice cedia -0,11%, aos 111.767,5 pontos.

Nesse ambiente, o dólar opera em alta e flutua na faixa de R$ 5,30, diante da cautela externa com sinalizações e aumentos de juros lá fora. O Banco da Inglaterra, por exemplo, elevou o juro, enquanto o Banco Central da Inglaterra manteve a taxa, mas alertou para os riscos para cima da inflação. Como resultado, as bolsas europeias fecharam em queda (veja abaixo). Somado a isso, alguns resultados de empresas de tecnologia nos Estados Unidos têm desapontado, como Netflix e Meta (Facebook).

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“Num primeiro momento, reagiu ao Copom indicação de desaceleração no ritmo de alta da Selic”, diz Sidney Lima, analista da Top Gain.

“Em seguida, passou a olhar o exterior, com possibilidade de aumento de juros mais rápido do que o imaginado, abrindo espaço para um pouco de realização”, afirma Lima, completando que ainda pode ter atratividade de estrangeiros em relação a algumas ações de empresas brasileiras. “Indicadores fundamentalistas como o PL Preço/Lucro mostram que ainda há risco-retorno interessante.”

Na Europa, as bolsas fecharam em queda e em bloco:

  • Stoxx 600, índice que reúne as principais ações no continente, encerrou a sessão em baixa de 1,76%, a 468,63 pontos;

  • FTSE 100, índice de referência na Bolsa de Londres, encerrou em baixa de 0,71%, a 7.528,84 pontos;

  • DAX, índice de Frankfurt, na Alemanha, perdeu 1,57%, a 15.368,47 pontos;

  • CAC 40, em Paris, na França, recuou 1,54%, a 7.005,63 pontos;

  • FTSE MIB, de Milão, na Itália, diminuiu 1,09%, a 27.088,96 pontos;

  • PSI 20, de Lisboa, Portugal, teve retração de 0,87%, a 5.579,15 pontos;

  • Ibex 35, em Madri, na Espanha, baixou 0,27%, a 8.689,40 pontos.

Em Nova York, o índice futuro Nasdaq cai perto de 2%, depois do lucro trimestral menor do que o esperado da Meta Platforms (controladora do Facebook), com ações da empresa chegando a despencar quase 23%.

Já no Brasil o lucro da Cielo surpreendeu positivamente, mas alguns dos indicadores a que o mercado costuma prestar mais atenção – margens, conversão de captura em receita e base de usuários – voltaram a cair, jogando as ações para o negativo.

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Ibovespa se ajusta ao comunicado sobre juros

Além disso, o Ibovespa se ajusta ao comunicado do Copom, que indicou desaceleração no ritmo de alta da Selic à frente, o que chegou a animar algumas ações de varejo no começo do pregão.

"Copom é a notícia dos sonhos para o setor de varejo, que ontem sofreu bem. Teoricamente tende a aumentar o consumo", resume um operador.

Além disso, como Copom veio mais 'dovish', quem veio para o País pensando em juros, agora tem uma previsibilidade, observa estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, ponderando que, da mesma forma que o fluxo que tem entrado na Bolsa, o chamado smart money, veio de forma rápida, também pode sair.

A tendência, diz Laatus, é que o mercado olhe um pouco mais para outras questões, como a corrida eleitoral e o cenário externo. "Copom não surpreendeu nem para o positivo nem para negativo. Mercado fica livre para olhar para outras coisas como o externo", afirma.

"Vemos uma realização de lucros lá fora, com indicadores da Europa com resultados mistos. Porém o que preocupa é a inflação medida pelo PPI índice de preços ao produtor da zona do euro e isso gera contexto de preocupação quanto às decisões sobre juros. E os balanços nos EUA de ontem decepcionaram, gerando viés negativo", resume o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário a clientes.

Sinalização do Copom indica desaceleração do ciclo de alta dos juros

Ontem, o Banco Central (BC) brasileiro elevou a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, como amplamente esperado. Porém, mesmo reconhecendo que a inflação de 2022 deve ficar acima do teto da meta, o BC BC sinalizou uma redução do ritmo de alta de juros no próximo encontro, nos dias 15 e 16 de março.

"O que veio um pouco diferente é visão quanto aos próximos aumentos", avalia em nota Maria Cândido, sócia da HCI Invest. "A grande questão será como o BC reagirá à inflação. Ele deixou Ele deixou de sinalizar um ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião, como mencionado em meses anteriores. Todos os investimentos ligados à alta de juros é positivo. Só que investimentos atrelados a Selic, em vez de chegar a 12%, pode chegar de 11,5%", explica, completando que o cenário na Bolsa não deve mudar tanto.

No Brasil, a Cielo fechou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 336,9 milhões, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2020, e de 59% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. (AE)

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