Copom decide manter a taxa de juros em 13,75%, pela 7ª vez seguida
A expectativa do Safra é de que o Banco Central inicie a baixa dos juros a partir da reunião de agosto para que ao final do ano a taxa fique em 11,75%
21/06/2023O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter, pela sétima reunião seguida, a taxa básica de juros, Selic, em 13,75% ao ano, patamar no qual está desde setembro de 2022.
“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado.
Segundo o Comitê, a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. “O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, informou o comunicado.
A decisão não surpreendeu o mercado, que esperava a decisão por manter os juros inalterados. A expectativa do Safra é de que o Banco Central inicie a baixa dos juros a partir da reunião de agosto para que ao final do ano a taxa fique em 11,75%.
“Nossa estimativa é que o ciclo de baixa comece em agosto, com corte de 0,5 ponto percentual”, disse Cauê Pinheiro, estrategista do Banco Safra, durante o Morning Call desta quarta-feira.
Na segunda-feira, o Boletim Focus mostrou que o mercado já estimava que a Selic deve fechar o ano em 12,25%, após oito semanas de estabilidade. A estimativa dos juros para 2024 recuou de 10,0% para 9,50%, após 17 semanas, e a de 2025 foi mantida em 9,0%. A de 2026 continuou em 8,75%.
A expectativa do mercado em torno do início do ciclo de alívio monetário acontece por causa da desaceleração de preços dos últimos meses. No Focus, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu pela quinta semana consecutiva, de 5,42% para 5,12%. Já a previsão para o ano que vem acumulou o terceiro recuo seguido, de 4,04% para 4,0%.
“Se considerarmos o último momento de juros altos no país, esse corte veio de forma gradual, com doses de 0,25 ponto percentual, o que também pode se repetir agora. Assim, o Copom não perde o “controle” no processo de desinflação, e ancora as expectativas de preços no médio prazo”, disse Idean Alves, da Ação Brasil Investimentos.
Segundo ele, os dados de crédito começam a ser pressionados, com o juro mais alto. “A inflação arrefecendo, aqui e no mundo, gerando menor pressão e o novo arcabouço fiscal, que reduz pressão sobre a dívida pública, tudo isso leva o Copom a manter a Selic esperando a confirmação do movimento para aí sim cortar”, afirmou Alves. “Roberto Campos Neto (presidente do BC) mostra que está com o leme nas mãos e que não gostaria de perder o controle agora, e a manutenção da Selic provavelmente vai ajudar o barco a seguir na direção correta.”