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Coração: cuidados em tempos de covid

Doenças cardiovasculares matam no mundo mais que acidentes de automóvel, câncer e covid. Veja como prevenir o mal que acomete 14 milhões de brasileiros

Cuidados com o coração

Associações médicas alertam que a pandemia pede mais atenção com os cuidados e a prevenção dos males cardiovasculares | Foto: Getty Images

O Dia do Coração, campanha organizada pela Federação Mundial do Coração (WHF, sigla em inglês) encontra um desafio maior neste que é o segundo ano da pandemia: o aumento do sedentarismo, do estresse, da obesidade e a redução dos exames de rotina.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde OPAS, hoje são ao menos 520 milhões de pessoas diagnosticadas com doenças cardiovasculares no mundo. A WHF calcula que 32% de todas as mortes globais são decorrentes de problemas cardiovasculares.

Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mostram que de janeiro deste ano até esta terça-feira, 28, o número de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil alcançava 299.304 pessoas. A SBC mostra ainda que, no Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas têm alguma doença cardiovascular e pelo menos 400 mil morrem anualmente em decorrência dessas enfermidades. Trata-se de 30% de todas as mortes no país.

Mas a boa notícia é que as doenças cardíacas são controláveis e, a maior parte delas, evitáveis com mudanças simples no estilo de vida (leia abaixo orientações simples para cuidar do coração). Neste 29 de setembro, especialistas chamam a atenção para a importância de aumentar os cuidados preventivos e de controle, pois doentes cardiovasculares incluem-se no grupo de risco da pandemia.

O cardiologista Esmeralci Ferreira, do setor de hemodinâmica do Hospital Pan-Americano, lembra que “é muito mais fácil cuidar da saúde do que da doença. Sendo assim, a prevenção de fatores de risco é o melhor caminho para evitar doenças cardiovasculares”. Esses cuidados combinam escolhas alimentares mais saudáveis, uma rotina mínima de exercícios e estratégias para o controle do estresse.

Os especialistas são unânimes na recomendação das vacinas contra a covid-19, que afeta diretamente o coração. As pessoas que têm problemas instalados podem evitar agravamento com medidas simples, mas sempre com acompanhamento médico.

“Para quem não tem nenhum tipo de doença, o ideal é consultar um cardiologista uma vez por ano. E para quem tem alguma comorbidade, de duas a quatro vezes por ano. Atividades físicas são essenciais e podem ser feitas de maneira prazerosa, como caminhadas ao ar livre, subir e descer escadas em vez de usar o elevador e andar de bicicleta”, recomenda o médico.

“Manter uma alimentação saudável, evitar o excesso de álcool e não fumar também são atitudes que melhoram a saúde do coração”, diz o cardiologista.

Recomendações para prevenir doenças do coração

  • Evitar alimentos com gorduras do tipo “trans”, como frituras, alimentos processados e confeitaria industrial. Privilegiar ingredientes in natura de origem vegetal e os grãos integrais, que ajudam a reduzir as taxas do colesterol ruim e de triglicérides no sangue.
  • Praticar exercícios como caminhadas por no mínimo 20 minutos por dia, ao menos 5 dias da semana.
  • Realizar as refeições sem o estímulo de internet ou televisão, de preferência, em ambientes tranquilos.
  • Não fumar. Beber com moderação.
  • Dormir por uma média de oito horas por noite.

“Com a atividade física, a gente vai sair do sedentarismo e reduzir a obesidade, além de controlar a pressão arterial, o colesterol e o açúcar. Ou seja, evitar a hipertensão, o colesterol elevado e o diabetes. Essas são as principais recomendações em relação à prevenção das doenças cardiovasculares. Controlando isso, a gente vai evitar essas doenças”, ensina o cardiologista Bruno Bandeira.

Coração e covid-19

O coordenador da Unidade Coronariana da Casa de Saúde São José, Gustavo Gouvêa, chama atenção para os cuidados com o coração diante dos riscos na pandemia.

Ele lembra que a covid-19 pode afetar diretamente o coração, causando miocardite, inflamação decorrente do vírus que gera a doença. Isso pode ocasionar uma arritmia e até manifestações parecidas com um infarto. Por essa razão, pessoas com diagnóstico confirmado de problemas cardiovasculares pertencem aos grupos prioritários da vacinação contra a doença.

Gouvêa cita estudo feito por um grupo de cardiologistas do Hospital San Raffaele, em Milão, na Itália, considerado referência para complicações cardiovasculares da covid-19. Os médicos avaliaram 138 pacientes internados pela doença, dos quais 16,7% desenvolveram arritmia e 7,2% apresentaram lesão cardíaca aguda.

Gouvêa alerta pacientes com covid-19 que tenham sintomas de doenças cardiovasculares, como dor no peito, palpitações e desmaios, a procurarem uma emergência ou um cardiologista para fazer exames específicos, entre eles eletrocardiograma, ecocardiograma e dosagem de enzimas.

E adverte que depois da fase aguda da doença, é preciso seguir com o acompanhamento médico para verificar se a inflamação foi revertida e se houve alguma sequela. (Com agências)

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