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Crédito sente sinais de alívio nos juros antes do efeito do corte da taxa Selic

Antes mesmo da decisão do Banco Central de reduzir os juros no início de agosto, a taxa média no crédito livre já caiu a 44,3% ao ano em julho

Taxa de juros safra

Os juros médios no mercado para aquisição de veículos caíram de 26,8% ao ano em junho para 26,1% em julho | Foto: Simone Paradella/Safra

Sem captar ainda o efeito da queda da taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano, realizada em agosto, a taxa média de juros no crédito livre mostrou leve redução em julho ante junho. O porcentual caiu de 44,6% ao ano para 44,3% ao ano, informou nesta segunda-feira, 28, o Banco Central. No sétimo mês de 2022, a taxa, por sua vez, era mais baixa, de 40,4%. No dia 2 de agosto, o Banco Central cortou em  0,50 pontos a taxa básica de juros (taxa Selic). Com isso, a taxa básica passou a ser de 13,25% ao ano.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre também cedeu, de 59,1% para 58,5% ao ano de junho para julho. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa variou de 23,0% (dado revisado) para 23,3% entre os dois meses. Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa mostrou redução entre junho e julho, de 134,5% ao ano para 132,5% ao ano. No crédito pessoal, a taxa passou de 42,7% para 42,6% ao ano. Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

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Queda de juros no financiamento de veículos

Os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 26,8% ao ano em junho para 26,1% em julho. A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 31,7% ao ano em junho para 31,4% ao ano em julho. No sétimo mês de 2022, estava em 29,7%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu em julho ante junho, aos 22,5% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento. O spread em operações de crédito apresentou redução marginal em julho. Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 33,1 pontos porcentuais em junho para 33,0 pontos porcentuais em julho.

A redução no spread médio total no crédito livre teve influência do segmento pessoa física, que passou de 47,4 para 47,1 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio subiu de 11,8 (dado revisado) para 12,2 pontos porcentuais na passagem de junho para julho.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado, caiu de 5,1 (dado revisado) para 4,9 pontos porcentuais na passagem de junho para julho.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 22,0 para 21,9 pontos porcentuais entre junho e julho.

Taxa de inadimplência e endividamento

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos voltou a subir e passou de 4,9% para 5,0% de junho para julho, informou o Banco Central. Esse é o maior nível desde fevereiro de 2018, quando o índice de calotes também estava em 5,0%.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência também passou de 6,3% para 6,2% de um mês para o outro. No caso das empresas, variou de 3,1% para 3,3% no período.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 1,6% para 1,7% em julho ante junho. Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência ficou estável em 3,6% em julho.

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de junho em 48,3%, menor do que em maio (48,8%). O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,5% em junho, contra 31,0% no mês anterior.

Os números ainda não consideram o efeito do programa de renegociação de dívidas Desenrola, principal aposta do governo federal para reduzir o endividamento da população. O programa foi iniciado em julho, apenas com dívidas bancárias para devedores que ganham até R$ 20 mil mensais. Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi “desnegativado” automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até R$ 2 mil, deve começar em setembro, com garantia do Tesouro Nacional.

Segundo os dados do BC para o mês de junho, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o mês de junho no patamar inédito de 28,3%. Em maio, o porcentual era de 28,1%, recorde da série até então. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 26,2% no sexto mês do ano, ante 26,1% em maio. (AE)

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