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Queda do consumo global beneficia desinflação e corte de juros

Desinflação global tende a continuar nos em consequência da queda no consumo nas principais economias, o que favorece os cortes de juros especialmente nos Estados Unidos

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O arrefecimento do consumo nas principais economias derruba o preço das commodities | Foto: Getty Images

A desaceleração do consumo nas principais economias do mundo afeta os preços das commodities e a produção industrial, sugerindo persistência no processo de desinflação global, mesmo considerando um dinâmica mais forte para os preços de serviços em diversos países. Essa tendência contribui para a continuidade da queda dos juros, segundo a análise macroeconômica do Banco Safra.

Confira abaixo a análise completa do Safra sobre o que está acontecendo nas principais economias do mundo:

ARREFECIMENTO DO CONSUMO MUNDIAL BENEFICIA A DESINFLAÇÃO

O consumo das famílias nos EUA acumulou crescimento de 2,2% em 2023 na comparação com o ano anterior. Esse consumo tem sido sustentado por alguns fatores, como a baixa taxa de poupança, possível graças à existência de um excesso de poupança acumulado durante a pandemia. Essa taxa deverá subir ao longo do ano, dado que esse estoque excedente deve se esgotar entre o segundo e o terceiro trimestres de 2024.

A contribuição do mercado de trabalho para o consumo pode também reduzir um pouco, dado que a convergência entre oferta e demanda tem diminuído gradativamente a necessidade de as empresas pagarem compensações maiores aos funcionários. No mercado de crédito, o aumento recente dos atrasos em algumas linhas voltadas ao consumo deve puxar a taxa de inadimplência, o que tende a prejudicar as novas concessões e, consequentemente, os segmentos mais dependentes do crédito.

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Já há indicações iniciais de que o consumo vem perdendo força, com apenas os setores de saúde e de bens de recreação apresentando contribuição expressiva para o crescimento total, enquanto os demais setores tem tido desempenho mais modesto.

Na China o consumo também tem tido menos vigor e a poupança está elevada. A confiança do consumidor não se recuperou ainda do grande tombo ocorrido à época do confinamento rigoroso nas principais cidades. Não tem havido impulso fiscal em resposta a essa situação e os recentes cortes nas taxas de juros têm sido tímidos, especialmente quando se considera que o país tem registrado deflação relevante nos últimos meses. Dessa forma, o juro real não tem baixado, causando uma incerteza que começa a produzir desconfortos com os riscos no sistema financeiro, como registrado em recente documento do FMI sobre a economia chinesa (Relatório do Corpo Técnico em cumprimento ao Artigo IV, publicado em 2/2/2024).

O cenário na zona do Euro também tem algo de sombrio. A Alemanha, principal economia do bloco, encontra-se em recessão, com a taxa de desemprego voltando a subir para níveis alcançados durante a pandemia. As demais economias do bloco não estão em recessão, mas desaceleram com a influência dos juros elevados há alguns trimestres e o impacto, ainda que menor, da guerra na Ucrânia. O mercado de
crédito na Europa também está desaquecendo, com o crédito para consumo crescendo abaixo da inflação e desamparando a demanda interna. As vendas no varejo, por exemplo, têm caído desde a máxima verificada em 2021.

A economia japonesa é outra com consumo privado fraco. Esse desempenho reflete a taxa de poupança alta e a confiança do consumidor em nível inferior ao que estava antes da pandemia, além do impacto da evolução demográfica. O aumento de idosos e a diminuição da população total concorrem para a menor demanda interna.

Variações no consumo nesses quatro blocos econômicos, que representam pouco mais de 60% do consumo mundial, afetam a demanda global, com reflexos na produção industrial e nos preços ao redor do mundo. O crescimento da produção industrial global em 2023 deve se limitar a 0,8%, vis-à-vis 2022, com o comércio global contraindo 2% no mesmo período.

A demanda fraca na China tem influenciado os preços das suas exportações de bens industriais, com reflexos nos preços de atacado em várias economias avançadas (e.g., PPI nos EUA, que variou 1,0% em 2023) e também no índice de preços de commodities, que apresentou deflação em 2023. Para 2024 os mercados futuros apontam que esse movimento deve prosseguir. Com a inflação no atacado baixa e a dos bens moderada, as pressões sobre salários e preços de serviços também se atenuam, facilitando o trabalho dos bancos centrais, notadamente o norte americano, cuja atuação tem sido anunciada como muito pautada pelos indicadores de atividade e preço
contemporâneos.

Arrefecimento do consumo mundial beneficia a desinflação e corte de juros

O arrefecimento do consumo nas principais economias impacta o preço das commodities, que tende a antecipar esses movimentos, e a
produção industrial e os preços desta, sugerindo persistência no processo desinflacionário global, mesmo considerando um dinâmica mais forte para os preços de serviços em diversos países.

Confira a análise completa com os gráficos.

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