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Vilões da inflação, gasolina e diesel devem subir menos em 2022

Preço dos combustíveis subiu acima de 46% em 2021, pressionando a inflação, mas o cenário não deve se repedir neste ano

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Preço médio do diesel encerrou o ano a R$ 5,33 por litro e o da gasolina a R$ 6,62 o litro | Foto: Getty Images

O diesel e gasolina foram os combustíveis que mais subiram de preço no ano passado em relação a 2020.

No caso do diesel, a alta foi de 46,8%. Já a gasolina teve o preço elevado em 46,5%. Logo após os dois vieram o Gás Natural Veicular (40,1%) e gás de cozinha (35,8%).

As informações constam no Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP).

Os números mostram que os combustíveis, junto com a energia elétrica, foram os grandes vilões da inflação de 2021, que está acima dos 10%, em 12 meses. O cenário, porém, não deve se repetir este ano, informa o coordenador dos índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, apesar do petróleo estar retornando para as máximas do ano passado, em torno dos US$ 80 por barril do tipo Brent.

“Os combustíveis não vão aparecer mais como os grandes vilões este ano, como foi o caso no ano passado. Ano passado teve desvalorização cambial grande e aumento do preço em dólar do petróleo, houve desmobilização da cadeia produtiva, o que está sendo retomado este ano”, explicou Braz.

Ele ressalta que apesar da variante do covid-19, Ômicron, estar no radar global, ameaçando a retomada de grandes economias, não deve ter o efeito que a pandemia teve no ano passado. “Temos condições de ter preços mais estáveis este ano”, afirmou.

Outra diferença em relação a 2021 está sendo o inverno no hemisfério norte, que vem se apresentando menos rígido do que no ano passado, quando refinarias tiveram que parar de operar por conta das altas temperaturas.

Gasolina subiu 63% no ano nas refinarias

Na estimativa de Braz, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve cair pela metade em relação a 2021, para 5,2%.

“Minha previsão para este ano fica acima do que o mercado espera, que é o teto da meta de inflação (5%), exatamente pelo risco político de ano eleitoral, principalmente na reta final das eleições, que traz desvalorização cambial com chances de afetar a inflação de 2022”, informou.

Para o Pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jager, o petróleo deve ter uma leve queda no primeiro semestre de 2022, com o fim do inverno no hemisfério norte, mas os derivados devem se manter nos patamares atuais, com a recuperação da margem dos postos de abastecimento, que não repassaram todo o aumento da Petrobras no ano passado.

Nas refinarias da Petrobras, o aumento da gasolina, por exemplo, foi de 63,3%. Outro agravante, destaca, será a continuidade da alta do açúcar no mercado internacional, que deve manter o preço do biocombustível em alta, o que afeta a gasolina, cuja mistura está no patamar de 27%.

“Não existe grande espaço para redução dos derivados, apenas se a Petrobras reduzir o preço na refinaria por decisão política, o que pegaria muito mal para a empresa”, avaliou.

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Preços em alta no fim do ano

De acordo com informações da Agência Nacional do Petróleo, o preço médio do diesel na semana de 26 de dezembro do ano passado até o dia 1º de janeiro de 2022 atingiu R$ 5,33 por litro, contra R$ 3,63 no final de 2020.

A gasolina encerrou o ano custando em média R$ 6,62 o litro, ante R$ 4,52 no final do ano anterior, e o GNV ficou em R$ 4,37 o metro cúbico (m3), frente aos R$ 3,12 o m3 no final de 2020.

O gás de cozinha, ou Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos, fechou o ano custando R$ 102,28, contra R$ 75,29 há um ano.

O preço mais alto do gás de cozinha se mantém em R$ 140 o botijão, encontrado na região Centro-Oeste, e o mais baixo R$ 78 o botijão na região Sudeste.

Já a gasolina teve o preço mais alto registrado pela ANP no Sudeste, de R$ 7,90 o litro, região que também apresentou o preço mais baixo, de R$ 5,29 o litro.

O óleo diesel mais caro foi identificado a R$ 6,70 o litro na região Norte, e o mais baixo a R$ 4,59 o litro na região Sudeste, enquanto o GNV teve o preço mais alto no Sudeste (R$ 6,19) e o mais baixo no Centro-Oeste (R$ 3,18). (AE)

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