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Dólar cai abaixo dos R$ 5 com entrada de investimento estrangeiro

A moeda americana bateu a mínima de R$ 4,9998 no mercado à vista nesta quarta-feira: Ibovespa segue em recuperação

Dólar

O ajuste acompanhou as máximas registradas pelo Ibovespa, refletindo ingressos de investidores estrangeiros no mercado interno | Foto: Getty Images

O dólar furou o suporte psicológico dos R$ 5,00, caindo à mínima a R$ 4,9998 no mercado à vista nesta quarta-feira, 9. A moeda norte-americana para abril cedeu até R$ 5,0320, recuo de 1,19%.

O ajuste do dólar acompanhou as máximas registradas paralelamente pelo Ibovespa, refletindo ingressos de investidores estrangeiros no mercado interno, e também ajustes à aceleração das perdas do petróleo e da divisa no exterior ante pares principais e moedas emergentes e ligadas a commodities, afirmou o diretor Jefferson Rugik, da corretora Correparti.

Às 11h40, o Ibovespa, principal índice da B3, operava em alta de 1,23%. a 112.557 pontos puxado pelas bolsas no exterior.

Se as perdas do petróleo, de mais de 5% há pouco, não forem interrompidas podem ajudar a tirar pressão da inflação e também sobre a política monetária, diminuindo ou dissipando o apostas hawkish dos economistas de que a Selic pode subir a 13% no fim do ciclo atual de aperto dos juros, comentou Rugik.

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Por trás da retomada da alta dos ativos acionários – na Europa, por exemplo, há bolsas subindo quase 5% – estão esforços de países produtores de petróleo, para elevar a oferta com objetivo de se contrapor ao choque causado pelo conflito russo-ucraniano.

Além disso, indícios de disposição da Ucrânia em dialogar também reforçam o clima mais tranquilo entre investidores, após o presidente Volodymyr Zelensky indicar que “esfriou” sua disposição de colocar o país como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

No entanto, tudo isso ainda não significa o fim da volatilidade nos negócios, o que ainda deve ser reforçado por indecisões internas na seara dos combustíveis, à espera da reunião que acontece no governo sobre o tema.

Dólar e Bolsa refletem ambiente favorável

A despeito do ambiente externo favorável e de uma agenda por lá esvaziada, questões locais e balanços podem limitar uma tentativa de correção da quedas do Ibovespa. Além do recuo do petróleo, espera-se que hoje saia alguma decisão do governo sobre combustíveis.

No governo, a concessão de um subsídio temporário, com duração de três a seis meses, para tentar conter a alta dos combustíveis no País ganha força, embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, seja contrário. “Não tem congelamento de preços dos combustíveis, esquece esse troço”, disse ontem o ministro.

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"Mercados externos em alta e redução das chances de congelamento dos preços dos combustíveis, que prejudicariam financeiramente a Petrobras, podem contribuir para a valorização dos ativos domésticos", estima a MCM Consultores em nota.

O assunto preocupa o mercado seja por conta do risco de ingerência política na Petrobras em pleno ano eleitoral, dado que o presidente Jair Bolsonaro deve tentar se reeleger, seja em decorrência do encargo fiscal à frente, dependendo das ações a serem tomadas.

Ainda nessa seara, dois projetos que visam frear a alta dos preços desses produtos no Brasil por conta da defasagem do petróleo no exterior estão na pauta do Senado nesta quarta-feira.

A queda de 1,70% na cotação do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, a US$ 158,79 por tonelada, também limitam alta do Ibovespa. Às 11h40, Vale ON cedia 2,60% e Petrobras perdia 1,04%.

"A semana segue focada em um assunto: a guerra entre Rússia e Ucrânia', disse Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico. "O cenário político mundial segue tenso, ao passo que as sanções impactam fortemente no preço das matérias-primas e novos discursos sobre a sanção ao petróleo russo fazem o preço dessa commodity subir mais de 4% somente ontem (terça-feira)."

Apesar do recuo, a cotação do petróleo ainda está na faixa de US$ 120 por barril, reforçando temores inflacionários e de juros maiores.

Hoje, por exemplo, a Tendências Consultoria elevou sua projeção para a taxa Selic terminal, de 12,25% para 12,75% ao ano, na esteira na guerra no Leste Europeu.

"Diante dos recentes eventos no exterior, que têm alimentado pressões inflacionárias globais e exacerbado riscos locais para a evolução dos índices de preços, avaliamos que cresceram as chances de o Banco Central estender o atual ciclo de ajuste da Selic", justifica o economista Silvio Campos Neto, em relatório. (AE)

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