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Dólar fecha em alta em meio a incerteza sobre vacinas

Cotação da moeda americana abriu em queda, mas voltou a subir em dia de mercado instável

Dólares

Incertezas sobre vacinas e teto de gastos deixaram o mercado instável /Foto: Getty Images

O  Ibovespa encerrou a terça-feira com ganhos de 0,18%, aos 113,7 mil pontos. Nos Estados Unidos, o S&P 500 avançou 0,28%, aos 3,7 mil pontos.

O dólar se valorizou 0,16%, fechando o dia a R$ 5,13. Já o euro encerrou em leve alta de 0,03%, cotado a R$ 6,20.

O dólar começou em queda pela manhã, com entrada de fluxo externo, e caiu até a mínima de R$ 5,06. Mas, à tarde, a cotação voltou a subir, quando foi a R$ 5,13 e o real passou a operar descolado de outras moedas emergentes, como o peso mexicano.

O dólar futuro para janeiro encerrou com alta de 0,32%, a R$ 5,11.

Profissionais das mesas de câmbio relatam que começou a pesar nas cotações um fator novo, as dúvidas sobre o processo de vacinação em massa no Brasil contra a covid-19.  As dúvidas ficaram patentes na tarde de hoje após uma reunião do governo central com governadores.

Além disso, os ruídos fiscais voltaram desde ontem a ganhar força. Crescem os temores sobre o encaminhamento do ajuste das contas públicas em 2021, hoje em meio a sinais de pressão pela prorrogação do auxílio emergencial e do estado de calamidade.

Operadores ressaltam que a indefinição sobre a vacinação e o ajuste fiscal acabaram ajudando a desencadear um movimento de realização de ganhos, após as quedas recentes do dólar, que até ontem no início da tarde chegavam a 7% em 30 dias.

A liquidez mais fraca do mercado desde ontem contribuiu para a maior volatilidade do mercado.

“A gente fica surpreso que o Brasil não consiga apresentar um plano que ataque o (déficit) fiscal de maneira crível”, diz o gestor Carlos Woelz, da Kapitalo. “O governo não está falando como vai ser o ajuste e tem ainda discussão atual de aumentar os gastos.” 

Para Woelz, o real está subvalorizado, em alguns casos em até 20%, considerando diversas métricas, como o diferencial de juros e a balança de pagamentos.

Mas para a moeda brasileira voltar a preços mais justos, o ponto principal é a melhora fiscal. “Precisa existir apenas um plano e vontade de seguir o plano”, afirma o gestor.

Preço justo

O sócio da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, destaca que a questão fiscal é um limitador para a melhora do real, com dólar ainda operando acima do preço justo no Brasil, que seria na casa dos R$ 4,20.

Para ele, o presidente Jair Bolsonaro acaba ficando “premido” para gastar mais, ainda que seja para furar de forma temporária o teto de gastos.

Mas Stuhlberger alerta que, se o governo furar o teto em 2021, será muito ruim, mesmo que isso seja feito de forma provisória.

Nesse caso, a depreciação cambial se acentuaria, levando os juros mais longos para patamar superior ao atual, que já é alto. “O Brasil sempre foi muito gastador”, diz Stuhlberger.

Além da questão fiscal, um plano de vacinação para o coronavírus no Brasil começou a entrar no radar dos investidores, num momento em que outros países começam seus processos. O Reino Unido deu a largada hoje.

O estrategista-chefe de investimento na América Latina da gestora BlackRock, Axel Christensen, avalia que a distribuição eficiente da vacina contra a doença deve estimular uma recuperação do crescimento das diversas economias, por isso a importância do tema.

“As notícias positivas sobre as vacinas são um importante divisor de águas”, afirma Christensen,

(Agência Estado)

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