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Economia desacelera nos Estados Unidos e afeta resultados das empresas

Alta dos juros para combater a maior inflação em 40 anos já afeta os resultados das empresas nos Estados Unidos

Bolsas de Nova York

Entre as decepções do trimestre, estão as big techs, com resultados aquém do esperado e ações em baixa no mercado | Foto: Getty Images

As empresas de capital aberto nos Estados Unidos estão sentindo na pele o impacto da subida dos juros para controlar a galopante inflação no país, assim como a desaceleração econômica que veio a reboque. Além de queimarem caixa em um cenário complexo para repor esse dinheiro com investidores ressabiados pelas incertezas globais, a última temporada de balanços decepcionou e levou o mercado rebaixar as projeções, passando a prever queda nos lucros no quarto trimestre. A saída foi partir para uma rodada de cortes de gastos, incluindo demissões, que têm atingido das gigantes de tecnologia aos bancos de Wall Street.

Enquanto setores como o de saúde e energia trouxeram boas notícias em termos de ganhos, empresas de consumo, big techs e grandes bancos americanos deixaram a desejar no terceiro trimestre. O resultado dessa equação foi o menor crescimento de ganhos do S&P 500, que reúne os maiores grupos de capital aberto nos EUA, dos últimos dois anos.

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O lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) das empresas que já divulgaram balanços nos EUA ficou 1,8% acima das estimativas no terceiro trimestre, inferior à média vista nos últimos cinco anos, de 8,7%, conforme a empresa de análise financeira FacSet. Entre as decepções do trimestre, estão as big techs, com resultados aquém do esperado e ações em baixa no mercado. Na outra ponta, as petroleiras apresentaram novos resultados recordes, chegando a ultrapassar a casa dos US$ 30 bilhões, considerando os números de ExxonMobil e Chevron. “O fato é que estamos nesta posição devido ao trabalho árduo e ao comprometimento de nosso pessoal nos últimos anos”, justificou o CEO da ExxonMobil, Darren Woods, em teleconferência com investidores, no fim de outubro.

Depois do trimestre frustrante, as gigantes da tecnologia saíram em um movimento de corte de custos. Na última semana, a Meta, dona do Facebook, anunciou o corte de cerca de 11 mil funcionários em todo o mundo, com impacto também no Brasil. Mas os anúncios extrapolaram as big techs. O Walmart, por exemplo, anunciou que vai contratar bem menos para a temporada de compras nos EUA do que em 2021. Serão 40 mil pessoas, ante 150 mil no ano passado.

No setor financeiro, o esperado movimento de corte de pessoal começa a dar as caras. O Citi já teria cortado 50 pessoas, de acordo com a imprensa americana. Além dele, o britânico Barclays também teria enxugado cerca de 200 posições. As demissões ocorrem a reboque de um trimestre marcado pelo aumento de provisões por parte dos grandes bancos nos EUA, antevendo uma piora nas condições da economia local.

Temporada de balanços acende sinal de alerta para resultados das empresas nos EUA

Um dos pontos de atenção do mercado na temporada de resultados do terceiro trimestre foi justamente o nível de dinheiro em caixa das empresas, o que acende o sinal de alerta quanto ao fôlego do setor corporativo para honrar suas obrigações.

Os saldos de caixa das empresas listadas no S&P 500 encolheram para US$ 1,9 trilhão ao fim de junho, ante US$ 2,4 trilhões um ano antes, de acordo com dados da Fitch Ratings. “Uma repetição do forte aumento no caixa corporativo durante 2020 é improvável em 2023, apesar de uma recessão iminente que pode levar as empresas a adotar estratégias de alocação de capital mais conservadoras”, diz a agência, em relatório.

Marcados pela fragilidade do ambiente macroeconômico nos EUA, os balanços do terceiro trimestre levaram a uma revisão nas projeções de Wall Street para os resultados do quarto trimestre. O mercado espera agora uma queda nos lucros à frente, que, se concretizada, será a primeira em dois anos. “Uma decepcionante temporada de resultados do terceiro trimestre desencadeou uma onda de revisões para baixo das previsões dos lucros”, diz o diretor global de estratégia de ações da Oxford Economics, Daniel Grosvenor. (AE)

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