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Ecorodovias é autorizada a estudar nova rodovia de acesso ao litoral

Acesso ao porto e às praias do litoral paulista pelas rodovias Anchieta e Imigrantes já não comporta o volume de veículos e caminhões com 167 milhões de toneladas de carga por ano

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Empresa que opera o sistema pela Ecovias dos Imigrantes será responsável pelos custos para a produção dos estudos e projeto de obras | Foto: Getty Images

A Ecorodovias anunciou que a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) enviou ofício autorizando a elaboração de estudos e projetos necessários para a ampliação do Sistema Anchieta-Imigrantes.

A companhia, que opera o sistema pela Ecovias dos Imigrantes, será responsável pelos custos para a produção de todos os estudos e a elaboração do projeto funcional e executivo de uma nova ligação entre o Planalto Paulista e a Baixada Santista.

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O prazo para conclusão dos estudos será de 24 meses, prorrogáveis por mais 12 meses. Após a conclusão, os estudos e projetos servirão como base para a Artesp e o Governo de São Paulo avaliarem a viabilidade das obras.

Todos os custos relacionados à solicitação serão reequilibrados, com base nos gastos realizados e aprovados pelo governo, conforme estabelecido em leis e no contrato de concessão.

As necessidades de ampliação e modernização das rodovias que integram o Sistema Anchieta-Imigrantes, que liga a Capital à Baixada Santista, foram temas de uma audiência pública realizada em dezembro passado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

O evento teve a coordenação da deputada Solange Freitas (União) e recebeu representantes de órgãos estratégicos em relação ao assunto. Entre eles estavam Ronald Marangon, diretor superintendente da concessionária Ecovias, que administra o Sistema, e Milton Persoli, diretor-geral da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

“São muitas reclamações que recebemos no gabinete sobre os congestionamentos ali, da dificuldade nas subidas e descidas, além do impacto desse movimento nas cidades do Litoral e no Porto de Santos. Ainda temos uma alta temporada chegando por aí. Em função disso, trouxemos todos os envolvidos no assunto para entender o que está sendo feito para amenizar a situação”, explicou a deputada. “É importante mostrar que a Alesp está na vida da população em seu dia a dia. Nós, deputados, fazemos esse trabalho de intermediação, fiscalização e cobrança em todas as áreas. O Sistema não comporta mais o movimento que tem. Precisamos de uma terceira pista ou de uma nova opção para ligar a Baixada Santista à cidade de São Paulo. Isso é urgente”, acrescentou Solange.

Tarcísio de Freiras afirma que ampliação da Imigrantes dará alívio aos transportes

Em um vídeo gravado durante uma vista da parlamentar ao Palácio dos Bandeirantes, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que está trabalhando no projeto de um segundo viaduto do bairro da Alemoa, em Santos, reivindicação antiga de caminhoneiros que trafegam na Baixada, e também na entrega de uma via perimetral. “Nossa ideia é colocar esses projetos dentro da concessão da Imigrantes. Ainda vamos determinar que a Ecovias faça o projeto da terceira via. Tenho certeza que, com essas obras prontas, vai ser um alívio importante na região”, apontou o governador. “Em relação ao túnel Santos-Guarujá, projeto desejado há mais de 100 anos, devemos abrir audiência pública já no início do ano que vem; com a previsão de fazer o leilão no final do primeiro semestre ou início do segundo”, adiantou Tarcísio.

O diretor superintende da Ecovias, Ronald Marangon, apresentou as recentes obras entregues pela empresa nos 177 quilômetros sob concessão, lembrando de um trabalho estratégico que costuma ser colocado em prática para garantir um melhor fluxo nas rodovias durante a Operação Verão, que começa agora e vai até fevereiro de 2024.

Já Milton Persoli, diretor-geral da Artesp, ressaltou que a agência monitora detalhadamente o contrato com a concessionária Ecovias e que todos os itens têm seus níveis de desempenho acompanhados de perto. “Não só o operacional, como também a parte de conservação de pavimentos, obras de arte especiais, sinalizações. Tudo isso é auditado e verificado por uma fiscalização que fica o tempo inteiro nas rodovias”, detalhou.

Fluxo de caminhões

Secretário municipal de Assuntos Portuários e Emprego de Santos, Bruno Orlandi, apontou que a Rodovia Anchieta recebe uma média de 10 mil caminhões por dia e que isso tem um grande impacto na cidade e na vizinhança. Para se ter uma ideia, em 2022, circularam na rodovia 162 milhões de toneladas de produtos. Para 2040, a projeção é de 240 milhões de toneladas. Apenas o Porto de Santos responde por 30% do PIB nacional atualmente. Isso ilustra o tamanho, e complexidade, do movimento concentrado nesse ponto do estado

“Se hoje temos uma realidade desafiadora, imagine daqui a 15 anos. É absolutamente necessária a construção de uma alternativa de ligação com a Capital, seja ela a duplicação da Imigrantes ou uma via Planalto-Baixada totalmente nova. Na minha opinião, precisamos das duas opções. Precisamos trabalhar para termos logo esse tipo de resultado, para o bem de São Paulo e do povo brasileiro”, opinou Orlandi.

Ainda se tratando do fluxo no Porto de Santos, fonte estratégica de recursos para o Brasil, a reunião recebeu também Eduardo Lustosa, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Autoridade Portuária. Sua participação mostrou que o Porto atende 21 estados brasileiros de forma direta. No ano passado, o local registrou um total de 11 mil movimentos envolvendo fluxo de mercadorias, o maior da América Latina.

“Desde 2002, estamos batendo recordes de movimentação e isso significa que o fluxo viário e ferroviário na Baixada está aumentando quase que diariamente. Contudo, o sistema é o mesmo e ele piora todos os dias. No caso da exportação, por exemplo, temos acesso somente pela Anchieta, já que não há serviço na Imigrantes. Partimos de 30 milhões de toneladas para 167 milhões com o mesmo sistema”, afirmou Lustosa, que fez um alerta: “O Porto vai dobrar de tamanho e precisamos nos preparar. Temos relatórios que mostram que ele cresce todo dia, semana, mês e ano. Há que se fazer um investimento e o Estado tem negligenciado isso. Precisamos buscar opções para garantir o acesso ao principal canal de navegação da América Latina, com risco de ficarmos isolados”, alertou o diretor.

Polícia Rodoviária Por fim, o tenente coronel Fábio Paganotto, da Polícia Rodoviária Estadual, lamentou que a falta de uma melhor estrutura no Sistema tem impacto direto no aumento do número de acidentes, inclusive fatais, e no caos de tráfego gerado nas cidades litorâneas. “Tenho que explicar, a toda hora, que não podem descer veículos pesados pela Imigrantes. Para isso, tenho que deixar dois policiais, de uma tropa que já é pequena, correndo atrás de carreteiros que não respeitam as determinações. São 30 caminhões por hora passando por uma placa enorme na rodovia que alerta para não seguir”, afirmou, de forma veemente. “Está tão estrangulado, que temos que fazer mágica. Tenho 80 policiais mortos na minha galeria, a maioria atropelados. Os caminhoneiros preferem ser multados a parar. O valor da multa é baixo, então, vou registrar 50 mil multas lá e eles vão continuar. Eu tenho dificuldade de descer com a viatura na Serra porque as carretas estão todas lá. Desço multando todo mundo e eles não saem. Operamos em um sistema com milhares de irresponsáveis”, lamentou o policial. (Com Valor Econômico e informações da Alesp)

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