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Educação financeira é condição necessária para o empreendedorismo

Presidente do Sebrae-SP fala sobre como a gestão financeira afeta a sobrevivência e o faturamento dos pequenos negócios no Brasil

Tirso Meirelles, do Sebrae-SP: “Hoje, de dez pessoas que abrem um negócio por necessidade, sete fecham. É um índice muito preocupante”

Impulsionado pela pandemia de covid-19, o empreendedorismo por necessidade no Brasil preocupa.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de janeiro a outubro deste ano foram criados quase 2 milhões de novos pequenos negócios do País.

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A maioria dos novos entrantes no mercado são MEIs (Microempreendedores Individuais).

Porém, a taxa de fechamento dos negócios revela uma fragilidade na formação dos empreendedores brasileiros.

“Hoje, de dez pessoas que abrem um negócio por necessidade, sete fecham. É um índice muito preocupante”, disse Tirso Meirelles, presidente do Sebrae-SP.

Em live da série “Empreendendo do Zero”, realizada pelo Banco Safra, Meirelles destacou a essencialidade da educação financeira no empreendedorismo.

Para assistir a entrevista, basta dar play no vídeo no canto superior à direita.

Carência da base para o empreendedorismo

Uma vez que muitas pessoas perderam renda durante a pandemia de covid-19, a abertura de um negócio se mostrou como uma das únicas opções.

Mas a falta de uma estrutura de capacitação acabou por dizimar grande parte dos novos empresários.

“Quando você pega países mais desenvolvidos, a alfabetização por lá começa com 4 anos de idade. Isso mostra a grande preocupação com a educação. E a educação financeira tem que começar desde cedo com as crianças”, afirmou Meirelles.

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Isso, na visão do presidente do Sebrae-SP, tem impacto direto na "criação de condições necessárias para o empreendedorismo" no Brasil.

E os dados corroboram essa premissa. Segundo o Sebrae-SP, muitos dos MEIs que entraram no mercado recentemente têm um capital de giro que não dura dez dias.

Sem isso, alerta a entidade, não há possibilidade do empresário ter estoque e fazer o negócio crescer.

Como resultado, durante a pandemia, o Sebrae-SP verificou que menos de 17% dos empresários faziam gestão de caixa e de estoques. Ou seja, poucos faziam uma gestão financeira básica.

Por outro lado, Meirelles explica que a abertura de uma empresa pela oportunidade, com tempo de estudo e profissionalização, eleva as chances de sobrevivência de forma inversamente proporcional.

"Do contrário (à necessidade), a cada dez empresas que abrem, oito permanecem abertas".

7 lições básicas de gestão financeira | Sebrae-SP

Para ajudar a desenvolver o empreendedorismo no Brasil, o Sebrae disponibiliza diversos serviços, como cursos e canais de atendimento 24h.

Eles podem ser acessados pelo site oficial da entidade.

Durante a entrevista, Tirso Meirelles trouxe sete lições para que o empreendedor possa realizar uma gestão financeira básica do próprio negócio.

  1. Não misture conta particular com a da empresa. Essa falta de distinção da pessoa física e da pessoa jurídica quebra empresas. Programe pro labore/retirada
    "Se não separar, nós não saberemos se estamos ganhando dinheiro. Não saberemos se temos dinheiro para pagar os compromissos. Não sabemos se teremos dinheiro para comprar produtos para fazer o nosso produto final. Veja um valor que você queira ganhar da empresa, mas precisa ser compatível com o tamanho da empresa".

  2. Conheça o ponto de equilíbrio de sua empresa
    "É o custo que você tem. Preciso saber quanto que eu pago de aluguel, de energia e gasto para fazer a limpeza. Aí eu tenho mais um funcionário que me ajuda e custo dos equipamentos, em que tenho que colocar um percentual que será dividido ao longo do ano. Então, você está colocando uma amortização de um ano daquilo que você comprou. E é aí que você tem o preço, que é o ponto de equilíbrio. É uma junção do plano de negócios com o plano financeiro".

  3. Controle tudo o que entra e sai do caixa - a famosa gestão do fluxo do caixa
    "É fundamental o equilíbrio econômico financeiro, a entrada e saída de recursos e saber fazer o preço de venda. Aí você sabe que o que você está vendendo está cobrindo os custos e fazendo um lucro para você".

  4. Gerencie estoque – nem de mais, nem de menos - o suficiente para produzir e vender
    "Estoque parado é prejuízo. Então, controlar estoque é controlar dinheiro. Visualize o estoque como dinheiro".

  5. Planeje, monitore, avalie receitas e despesas a curto, médio e longo prazo. Muitas vezes uma venda só vai ser paga em 90 dias. Até lá, a empresa precisa de fôlego
    "Disciplina é tudo na vida, tem que ter equilíbrio em todo o processo, não pode ser mais nem menos".

  6. Precisa recorrer a crédito? Pesquise antes de captar financiamento. Procure as melhores condições e taxas. Não embarque na primeira oferta, pode não ser a melhor
    "Vai lá negociar com o gerente. Isso é muito importante para que você possa discutir e conseguir a melhor taxa, a melhor carência e o melhor prazo".

  7. Renegocie dívidas com fornecedores, credores (bancos e instituições financeiras), reduza custos e despesas (sem comprometer o padrão mínimo de operação) e controle bem todas as operações
    "Nós, brasileiros, não gostamos de dever. Mas temos vergonha de falar que estamos devendo e não temos condições de pagar. A maior grandeza que o empresa pode ter é dizer, 'eu estou devendo, mas quero pagar'. Divida esse responsabilidade com essa pessoa que é credora tua".

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